NARRADORA -
Era uma vez uma pequenina fadinha, que uns dias antes do Natal quis oferecer
alguma coisa de muito especial aos meninos que estavam doentes. A fadinha
ficava triste, ao pensar que alguns meninos não tinham Natal com as famílias,
nem podiam ir para casa. De repente, quando passeava pela floresta, e voava à
volta do lago mágico, deixou de ter pena dos meninos e pôs mãos à obra.
FADINHA –
Não! Pára! Não podes ter pena delas…penas…têm alguma animal, e a pena…bloqueia-te.
A tristeza diminui os teus poderes!
NARRADORA –
Aparece a linda sereia de prata, brilhante, e de longos cabelos pretos, com
olhos verdes.
SEREIA –
Tens toda a razão. Não sei porque estás triste.
FADINHA (sorri) –
Ai, que susto.
SEREIA (ri) –
Desculpa.
FADINHA (sorri) –
Já estavas aqui há muito tempo?
SEREIA (sorri) –
Algum.
FADINHA –
Ouviste as minha lamurias?
SEREIA (ri) –
Sim, é o que eu faço todos os dias…ouvir lamúrias.
FADINHA –
E não ficas triste?
SEREIA –
Não! Apenas…ouço. Mas…o que fazes por aqui a esta hora, além de…qualquer coisa
a ver com penas…?
FADINHA –
Vim passear, e pensar um bocadinho sobre umas coisas.
SEREIA –
Posso saber que coisas?
FADINHA –
Estava a pensar nos meninos que estão no hospital, doentes, que não podem ir a
casa.
SEREIA –
Sim, deve ser mesmo muito triste. Mas porque te lembraste dessas coisas tão
tristes…? É Natal…
FADINHA –
Por isso mesmo.
SEREIA –
Não. O Natal não é tristeza…quer dizer…pelo menos não devia ser.
FADINHA – Pois
não.
SEREIA –
Mas, o que te adianta ficares triste a pensares neles?
FADINHA –
Eu estava a pensar oferecer alguma coisa muito especial, mas não sei bem como
fazer.
SEREIA –
Deixa-me adivinhar…uma coisa muito especial, para meninos que estão no hospital…Huummm…a
cura deles!
FADINHA (sorri) –
Sim, é isso mesmo. Mas não sei médica.
SEREIA – Não
precisas de ser médica para lhes dar a cura.
FADINHA –
Não?
SEREIA –
Não.
FADINHA –
Não estou a ver como…!
SEREIA –
Não vês? Estarás a precisar de óculos, ou de uma lanterna…?
FADINHA (ri)
– Não…acho que vejo bem, só não estou a ver como vou fazer essa cura.
SEREIA – É
muito fácil.
FADINHA – O
que tenho de fazer?
SEREIA –
Primeiro…pede uma bola de água.
FADINHA –
Uma bola de água?
SEREIA – Sim.
FADINHA –
A quem?
SEREIA –
Ao lago! E põe as tuas mãos na água.
FADINHA –
Quero uma bola de água.
NARRADORA –
A fadinha põe as mãos na água do lago, e pede uma bola de água. Forma-se um
grande buraco no lago e de repente um enorme chafariz que projecta a bola.
FADINHA –
Áh! Que linda bola! É enorme! Uau! E agora? O que faço com ela?
SEREIA –
Agora…vamos enchê-la com várias coisas.
FADINHA –
E onde vou buscar essas coisas?
SEREIA –
Elas estão aqui! Em ti!
FADINHA –
Áh! Em mim?
SEREIA – Sim,
em ti. Tu tens poderes…!
FADINHA –
Áh. Pois tenho! Já me esquecia…mas não tenho poderes para tudo.
SEREIA (ri) –
Esqueceste-te que tinhas poderes? Como?
FADINHA (ri) –
É que…eu sou criança e gosto de ser como sou, como as outras crianças…gosto de…brincar
como elas, de dar e receber carinho, de saltar, correr, dançar, cantar, gritar,
cair, sujar a roupa, rebolar na terra, rasgar a roupa…tudo o que elas fazem.
SEREIA –
Sim, está bem, mas todas têm poderes.
FADINHA –
Sim, eu sei, mas não gostamos de os usar de qualquer maneira. Só quando é
preciso.
SEREIA –
Aqui são precisos, por isso podes ajudar. Tu, e as tuas amigas. Há muita gente
que gostava de ter poderes, principalmente os bons.
FADINHA –
Sim, eu sei. Eu também gosto de os ter, principalmente porque posso ajudar
muita gente!
SEREIA –
Claro, e vais ajudar as crianças. Vamos lá…começar. Pede o que eu pedir…com as
mãos na bola, e pede para ti, só para o teu pensamento.
FADINHA –
Está bem.
SEREIA –
Fecha os olhos, e concentra-te. (p.c) Preparada?
FADINHA –
Sim.
SEREIA –
Mantém-te com os olhos fechados.
FADINHA –
Entendi.
SEREIA –
Água! Minerais! Diamantes! Cristais! Sais! Gotinhas de arco-íris! Sorrisos de
bebés! Estrelas! Lavas de vulcão! Pedras quentes! A força do Universo!
Lágrimas! Salpicos de amor! Pingas de carinho! Fios de Lua Cheia! (Silêncio)
Agora…tudo se vai misturar. Podes abrir os olhos.
NARRADORA –
A bola enche-se de tudo o que a Sereia disse, e a Fadinha repetiu em
pensamento. A enorme bola, torna-se ainda maior, e tudo no seu interior se
mistura, e mexe. A bola rebola de um lado para o outro, como se fosse uma
máquina de lavar e pára. A fadinha aprecia, maravilhada, e solta grandes
exclamações ao ver tanta luz dentro da bola.
FADINHA (sorri) –
Áh! Que lindo! E agora, o que se faz com ela?
SEREIA –
Agora…pegas na bola e distribuis nos quartos dos meninos que estão doentes nos
hospitais, e às mães. Aí dentro estão bolinhas mais pequeninas, e cada menino
vai receber uma.
FADINHA –
E eu tenho de tirar as bolinhas daqui?
SEREIA –
Não! Só tens de chegar aos quartos, dar um beijo na bola grande, e a bolinha
mais pequena sai naturalmente, e abre-se sobre as crianças.
FADINHA –
Mas o que têm as bolinhas mais pequenas?
SEREIA –
Têm tudo o que essa bola grande tem…tudo o que aí metemos. São bolinhas
carregadas de amor, saúde e cura.
FADINHA (sorri) – Áh!
Está bem.
SEREIA –
Chama as tuas amigas para ser mais rápido.
FADINHA –
Isso. Boa ideia.
SEREIA –
Vão! Não percam tempo…
FADINHA –
Até já…muito obrigada.
SEREIA (sorri) –
De nada…até já.
NARRADORA –
A fadinha pega na bola gigante, feliz, e chamas as amigas. Todas ajudam a
carregar a bola, que é leve, mas vão juntas para a distribuição ser mais rápida.
A cada beijo delas, saem as bolinhas, naturalmente, como tinha dito a sereia, e
cada fadinha distribui pelos quartos dos meninos, durante toda a noite. Cada bolinha
sabe a sua função. No dia seguinte, de manhã, os médicos fazem exames aos
meninos, que estranhamente estão felizes, sorridentes, com pele rosada, e uma
energia nunca vista. As mães estão surpresas, mas felizes, ainda que não saibam
o que se passa. No dia seguinte, os médicos das crianças reúnem-se com as mães,
e estão boquiabertos, muito felizes. As mães estão muito nervosas, e com medo.
MÉDICO CHEFE –
Queridas mães…temos noticias para vocês, dos vossos filhos!
MÃE 1 –
Ai, diga doutor…sejam quais forem.
MÃE 2 –
Estou a ficar muito nervosa.
MÃE 3 –
Acho que é hoje que me atiro abaixo da janela com o meu filho.
MÉDICO 1 –
Por favor, não diga isso, nem num momento de grande desespero.
MÃE 3 –
O doutor não entende o nosso desespero e angústia, por termos um filho tão
pequeno, com uma doença daquelas, pois não?
MÉDICO 1 – Sim,
entendo. Mas não é caso para tanto…há sempre uma saída.
MÉDICO-CHEFE (sorri) –
Calma…tenham calma! Não vai ser preciso chorarem mais, nem pensar no pior, nem
passar os dias aqui no hospital.
MÃES (suspiram) –
Ai, valham-nos todos os deuses!
MÃE 2 –
O que quer dizer com isso, doutor?
MÃE 1 – A
situação é assim tão grave?
MÃE 3 -
Muito mais do que o que nós pensávamos?
MÉDICO-CHEFE –
Não! Muito pelo contrário. As notícias que tenho para vocês não podem ser
melhores! (As mães dão as mãos umas às outras) – Os vossos filhos, estão
curados! Por incrível que pareça…estão curados! Os valores estão excelentes. Não
há qualquer sinal de doença. Os vossos filhos podem ir para casa, e viver as
suas infâncias como todas as outras crianças…cheias de saúde, alegria, energia…podem
correr, saltar, brincar, rir, cair…tudo!
NARRADORA –
As mães suspiram de alívio, felizes, e emocionadas, abraçam-se e beijam-se umas
às outras.
MÃES (gritam, sorridentes) –
Vencemos!
MÃE 1 (feliz) –
Os nossos filhos, venceram, e fizeram-nos vencer.
MÃES (felizes) –
Sim.
MÃE 2 (sorridente) –
São uns lutadores.
MÃE 3 (feliz) –
E o nosso amor por eles, também teve a sua parte na cura.
MÃES –
Claro.
(Abraçam
os médicos, e beijam-nos).
MÃES – Muito
obrigada, doutores.
MÃE 1 (feliz, grita) –
Milagre!
MÃE 2 –
As nossas preces foram ouvidas.
MÉDICO – CHEFE (sorri) –
Nós também estamos muito felizes, e surpresos…não sabemos como é que esta
recuperação sem tratamentos aconteceu…e tão rápido.
NARRADORA –
Pouco depois, saem com os filhos, orgulhosas e felizes, e o mesmo acontece em
todos os outros hospitais por onde passaram as fadinhas. O seu presente foi
mesmo muito especial. A fadinha saltita feliz, e ri de alegria. Vai logo a
correr contar às amigas e agradecer-lhes a ajuda, e todas felizes, vão
agradecer à sereia do lago.
TODAS –
Muito obrigada, sereia! E Universo, por atenderem ao nosso pedido.
SEREIA (sorridente) –
De nada…tu mereces! Foi um prazer ajudar-te, e contribuir para a recuperação
dos meninos.
FADINHA (sorri) –
Tu tinhas razão…os ingredientes estavam mesmo aqui. Dentro de nós.
SEREIA (sorri) – Claro
que sim.
NARRADORA –
E todas festejam alegremente. Para as mães e para os meninos, foi com certeza
uma bela prenda de Natal, antecipada, porque ainda faltavam uns dias. Às vezes
recebemos presentes inesperados, mesmo quando não é Natal. A saúde é um dos
maiores presentes que recebemos, e esse não vem embrulhado em papel, nem é dado
por alguém…às vezes, só lhe damos valor, quando infelizmente ela escapa, e
ficamos doentes. Devemos cuidar dela, como se fosse um presente de todos os
dias, muito especial e muito delicado. Que esta bola de luz chegue a cada
menino doente, e que possa curá-los a todos, levando-os para casa e para que
sejam felizes, com a sua família…outro dos grandes presentes que podemos
receber todos os dias! Que todos tenhamos uma boa saúde, e estes dois maiores
tesouros do mundo, que se encontram muito perto de nós! Feliz Natal.
Fim
Lálá
(18/Dezembro/2013)
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