Era uma vez uma enorme
família de notas musicais que tiveram de fugir dos instrumentos musicais onde
viviam, porque eram muito maltratadas e exploradas.
Muitos
artistas quiseram usá-las, mas não souberam fazê-lo e as notas cansaram-se. Assim
que tiveram oportunidade fugiram e os instrumentos não tocaram mais.
Esses
artistas andavam aflitos atrás de novas músicas, e não encontravam, por isso, o
que faziam eram cantar as mesmas canções e tocar as mesmas melodias uns dos
outros.
As notas musicais fugiram e refugiaram-se num lindo e
enorme castelo abandonado, numa montanha de difícil acesso. Instalaram-se,
confortavelmente, e descansaram depois de uma longa viagem.
De repente…na paz da noite, um jovem rapaz, saiu de casa,
de mochila às costas e uma cadelinha a acompanhá-lo, e meteu pés ao caminho. Subiu
a montanha, com o objectivo de encontrar paz, e inspiração para as suas
músicas. Ele tinha uma voz maravilhosa, e sabia tocar alguns instrumentos, mas
estava cansado, e sem inspiração. Sentiu que precisava de se isolar um pouco
para mergulhar nas suas emoções e escrever músicas.
Ao chegar ao cimo da montanha aparecem os primeiros raios
de sol, acompanhados de nuvens e um vento gelado. Toma o pequeno-almoço que
tinha levado numa garrafa térmica, e partilha com a cadelinha.
- Que bom! –
Suspira o jovem. – Agora vou descansar um pouco…e quando acordar, pode
ser que tenha uma nova inspiração.
A cadelinha ladra. Os dois entram no castelo, que tem a
porta principal fechada, onde estão as notas musicais a descansar. Ele roda o
trinco e abre a porta.
- Aqui estamos bem, não apanhamos
vento, e está escuro. – Diz o jovem à cadelinha.
A cadelinha instala-se de imediato. O jovem tira da sua
mochila um saco cama, cobertores, e mantas…num instante constrói uma cama muito
confortável. Tira os sapatos, e o kispo, deita-se, cobre-se e diz a sorrir:
- Descansa, bichinha…estou
aqui ao teu lado. Toma conta de nós…até já.
Suspira, olha em volta, e adormece. Entretanto, as notas
musicais acordam, e assustam-se ao ver alguém ali. Começam todas aos gritos, e
numa grande agitação, a tentar fugir para todos os sítios que encontram, chocam
umas com as outras. Parece uma invasão de aves em voo.
- Afinal este castelo está
habitado! – Diz uma nota musical
- Não pode ser! –
Dizem várias notas musicais em coro.
- Eu estou a ver ali…gente…e
um animal. – Diz outra nota musical.
A cadelinha acorda e ladra. O jovem acorda sobressaltado,
abre os olhos…
- O que foi…?
Elas escondem-se em silêncio.
- Está aqui alguém?
Ninguém responde, nem se ouve barulho, mas a cadelinha
começa a farejar tudo, e ladra. Elas têm de aparecer.
- Se está aqui alguém
apareça.
E as notas musicais aparecem. Olham para o jovem.
- Olá! Estou a ver bem? – Diz
o jovem a sorrir
- Sim! –
Respondem em coro.
- Notas musicais? –
Pergunta o jovem a sorrir
- Somos! –
Respondem em coro.
- Vivem aqui?
- Sim! –
Respondem em coro
- E tu, quem és? – Pergunta
outra nota musical
- Sou…um cantor e vim à
procura de inspiração.
- Um cantor…? –
Perguntam em coro
- Sim! –
Responde o jovem
- Nós somos refugiadas…! –
Explica
outra nota musical
- Refugiadas…? Como assim?
- Fugimos de uns
instrumentos, outras fugiram de umas pautas. – Explica outra nota musical
- Estávamos fartas de ser
mal usadas, exploradas, e cansadas da rotina…- Acrescenta outra nota.
- A sério?
- Sim. Chegamos há pouco. Aqui
achávamos que ninguém nos ia encontrar. E tu, de onde vens? –
Pergunta outra nota
- Eu venho da cidade ali
debaixo.
- E o que vens cá fazer?
- Venho à procura de paz…e
de inspiração para novas canções! – Explica o jovem.
- Talvez te possamos
ajudar, não…? – Pergunta uma nota musical
- Talvez…! Sabem-me dizer
onde posso encontrar inspiração?
- Aqui mesmo! –
Respondem todas em coro.
- Permite-nos uma
demonstração? – Sugere outra nota musical
- Com certeza…estejam à
vontade.
Cada nota musical mostra o que vale individualmente. O jovem
fica maravilhado e surge-lhe logo um conjunto de frases na cabeça. Pega num
caderno e escreve-as.
- Podem fazer alguma coisa
em conjunto, por favor?
- Claro que sim!
Elas juntam-se e o jovem escreve entusiasmado uma série
de letras, enquanto elas se misturam, dançam alegremente, e espalham estrelas
brilhantes, bolas de sabão, brilhos…o jovem está maravilhado. Aplaude, no fim
de cada exemplificação e sorri. Quase sem dar por isso, já tem dezenas de
letras para músicas.
- São maravilhosa…fantásticas.
Aceitam trabalhar comigo? – Pergunta o jovem, feliz?
- Onde? –
Perguntam em coro
- Na minha banda.
- Huummm… -
Todas ficam pensativas
- Eu aceito! – Diz uma
nota musical
- Eu também…com muito
gosto…! – Diz outra nota.
- Tu cantas com
sinceridade! – Diz outra nota
- E tens sensibilidade… - Diz
outra nota
- Os teus olhos
transparecem a tua alma… - Diz outra nota
- Muito obrigada! –
Sorri o jovem
- Eu também aceito! –
Gritam todas em coro
- Tenho a certeza que
estaremos em boas mãos. – Diz uma nota musical.
- Claro que sim! –
Responde o jovem
- Pelo menos tu não nos
vais usar mal! – Diz outra nota musical
- Mas onde ficamos? Aqui? –
Pergunta outra nota musical
- Sim! –
Respondem em coro
- Se quiserem podem ficar
na minha casa. – Diz o jovem
- Não…! –
Respondem em coro
- Estamos fartas de estar
presas, e de viver em pautas, em instrumentos musicais. – Diz outra nota musical
- Então podem ficar aqui,
mas vão trabalhar comigo, prometem? – Pergunta o jovem
- Sim! –
Respondem as notas musicais em coro
- Nem sei como vos
agradecer! – Diz o rapaz.
- Quando começamos? –
Pergunta outra nota musical
- Amanhã. Eu vou-vos
mostrar onde é a minha casa…
- Está combinadissimo.
O jovem sai do castelo com as notas musicais e mostra
onde é a sua casa. Passa o dia com elas numa grande diversão, a escrever e a
compor músicas. E no fim da tarde regressa a casa.
No dia
seguinte, como combinado, as notas musicais aparecem na casa do jovem. E de
cada vez que se encontram, surgem novas letras para músicas, fazem experiências
de sons e instrumentos, trocam umas com as outras, misturam-se, e ele fica
maravilhado. Depois ensaia com elas e com a banda.
Graças
a estas notas musicais que figuram, o jovem e a sua banda têm muito sucesso, e
constroem músicas fantásticas, únicas, de vários géneros, e lindas.
Construíram
uma verdadeira família.
FIM
Lálá
4/Novembro/2013
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