desenhado por Lara Rocha
Era uma vez uma bruxinha que numa bela noite de Outono, foi passear na sua vassoura. A vassoura encolhe-se, quando ouve a porta da sua casa terrífica a ranger.
– Ai, não posso acreditar! - suspira, estremece e murmura a vassoura
– Lá vem ela…! - comenta o mocho a rir
- Ela e eu…boa sorte amiga! - diz o morcego
– Onde vai a esta hora? - pergunta uma coruja
– É melhor nem lhe perguntares. Ela detesta perguntas. - responde o mocho
CORUJA 1 – É impossível esta mulher. - murmura a coruja
Bate a porta com o pé e o gato salta pela janela. Ela olha
para trás.
– Onde vais? - pergunta a bruxinha
– Vou...passear. - diz o gato
– Nem penses que vais atrás de mim. - grita a bruxinha
– Estás a dispensar-me? - pergunta o gato, surpreso
– Estou. Não preciso de sombras…
– Isso é verdade…já és uma boa sombra! Eu sou um belo gato.
A Bruxinha atira-lhe um raio. Ele esconde-se atrás de uma
árvore.
– Olha que eu ponho-te a dormir na toca dos morcegos…! - ameaça a bruxinha
– Vai, bruxosa horrorosa. - responde o gato
– Obrigada. Assim está melhor. Dragões…tomem conta do palácio
enquanto eu estou fora. - diz a bruxinha a rir, e ordena
– Sim, princesa terrífica. - respondem os dragões em coro
– Onde vais? - pergunta um dragão
– Como te atreves a fazer-me uma pergunta dessas…? - grita a bruxinha
Atira-lhe um saco mal cheiroso. Todos começam a ficar com a
cor verde e a tossir, e ficam sentados no chão.
– Que mau feitio…! - comenta outro morcego
– Vassoura…anda cá…! - grita a bruxinha
– Sim, minha dona mal cheirosa…- responde a vassoura
– És sempre simpática…! Que bom que detestaste o meu perfume.
É novo. Até ficaste com inveja, não foi? Eu sei que sim. Vamos…! - ri a bruxinha
– Sim, claro…onde quiseres…! - diz a vassoura
– Já voltamos. - diz a bruxinha
– Boa viagem…- dizem todos
– E não voltes tão cedo… - resmunga um dragão
Todos riem.
– Eu sei que vão ter muitas saudades minhas…eu volto…! - diz a bruxinha a rir
Ela e a vassoura levantam voo. Os animais ficam a comentar.
– Coitada da vassoura. - comenta um mocho
– Acredita…até eu tenho pena dela, mesmo quando ela me dá
sapatadas…! Eu prefiro a vassoura do que aquela bruxaroca de meio quilo. - comenta outro mocho
Todos riem. A viagem começa por correr bem, com a Bruxinha
a cantar, a rir, e a conversar alegremente com a vassoura. Entram num espaço
com uma atmosfera muito estranha, cheia de luzes, e a vassoura fica aos
soluços, até que para.
– Mas onde raio estamos…? - pergunta a bruxinha zangada
– Ááááhhh…não sei…! - responde a vassoura
– Como não sabes…? Tu é que me conduzes…anda…! Continua a
andar…rápido…! Eu não te mandei parar, porque raio paraste? - grita a bruxinha muito zangada
– Não consigo andar. - diz a vassoura
– Como não consegues andar? Desgraçada…! Mexe-te!
– Estamos numa atmosfera com demasiada claridade.
– Áááááááááááhhhhhh….que horror! Como pudeste fazer isto
comigo? Maldita! Fizeste de propósito…sabes muito bem que eu não suporto sítios
com luz…que nojo…que terror…! Ááááááhhhh….vou dar cabo de ti. Anda…mexe-te! Se
não…mando-te para a fogueira… - grita a bruxinha
– Óh, não…! Eu não sei o que está a acontecer. - comenta a vassoura assustada
– Não interessa o que está a acontecer…anda! Rápido…!
Voa…voa…
A vassoura começa aos soluços, e não consegue levantar voo.
A bruxinha também começa a soluçar, sai de cima da vassoura, agarra nela, e
bate com ela no chão a gritar. Ouve-se uma voz da vassoura a gemer, e a pedir
ajuda.
– Ai…socorroooo…! - pede a vassoura
– Acorda, sua maldita…mexe-te…! Temos de sair daqui.
– Não consigo!
– É claro que consegues. Pela nossa amizade…voa…vá
lá…tira-nos daqui.
– Ai, tirem-nos daqui.
E de uma janela voa uma abóbora que acerta na cabeça da
Bruxinha. A Bruxinha larga a vassoura, e cai estática como uma vara no chão. Da
janela ouvem-se risinhos pequeninos. A vassoura ri-se, e suspira de alívio.
– O meu pedido foi ouvido…boa…! Muito obrigada. - comenta a vassoura, feliz e a rir
A vassoura tenta acordar a Bruxinha. Ela abre os olhos, a
gemer.
– Ai…onde estamos…! Áááááááááááhhhhhh…tanta luz…que nojo…! O
que aconteceu?
– Não sei onde estamos.
– Incompetente…! Tens de saber, e de nos tirar daqui. Que
porcaria é que me acertou na cabeça? - grita a bruxinha
– Acho que foi…isso que está á tua beira.
– Maldição…uma abóbora horrorosa…! Que nojo. De certeza que
foi aquela invejosa da minha prima. - grita a bruxinha
– Fala o roto do esfarrapado…! Só ela é que é invejosa…! - ri a vassoura
– De onde veio esta porcaria? - grita a bruxinha
– Não sei. - ri a vassoura
– Como não sabes? - pergunta a bruxinha muito zangada
– Não vi.
– E deixaste este nojo bater-me na cabeça…? Incompetente!
Onde estavas com a cabeça e com os olhos?
– No chão…tu estavas a atirar-me contra o chão, e a
sacudir-me, lembras-te? Como é que eu podia ver o que quer que fosse? Só via
pedras a passar à velocidade de cometas á minha frente…!
– Pois é…mas mesmo assim, devias ter visto!
– Eu poderia ter visto, se não me tivesses batido.
– Eu tenho que encontrar o insuportável que atirou esta
porcaria.
– É quase encontrar uma agulha num palheiro! Não se vê viva
alma. - comenta a vassoura
– Então de onde veio…do céu queres ver? - grita a bruxinha
– Nunca saberemos!
– Que ódio…vou dar cabo de ti. - grita, zangada
– Outra vez…? - resmunga a vassoura
A Bruxinha tenta bater outra vez na vassoura, mas de repente,
vem uma rajada fortíssima de vento, em redemoinho, levanta e empurra a bruxinha
e a vassoura daquele sítio para fora. Elas gritam, e vão ter a um descampado.
Olham em volta.
– E agora…onde estamos? Sua vassouresca idiota…! - grita
– Não sei.
– Ááááááááááhhhhhhhhhhhhhh…………! Não acredito nisto. Vou dar
cabo de ti.
Ela tenta fazer uma magia malévola, mas não consegue. Umas
folhas de abóbora enrolam-se nos pés da Bruxinha e atrás de si, um espantalho
dá-lhe um pontapé no rabo. Ela grita.
– Ai…o que é isto?
O espantalho ri e bate palmas.
– Estás-te a rir de quê?
– Ai, que pedaço de mau caminho. - comenta o espantalho a rir
– O quê?
– Há quanto tempo não via uma bruxa tão jeitosa. - sorri o espantalho
– Mas que descaramento.
– Uau! - sorri o espantalho
– Tira-me esta porcaria dos meus pés…e somos amigos. - grita a bruxinha
– É para já.
O espantalho liberta-a das folhas, e os dois olham-se
fixamente. O espantalho segura-lhe na mão e beija-lha. Ela encolhe-se toda.
– Lhec. Que nojo. - estremece a bruxinha
– Obrigada. - sorri o espantalho
– Parece que…já nos conhecemos! - sorri a bruxinha
– Sim. Agora mesmo. Vamos…vou-te mostrar o sítio onde vivo. - sorri
E os dois caminham de mão dada. A vassoura fica a
descansar. Três abóboras comentam a rir :
– Ela não sabe com quem se meteu.
- Pois não…
– Este só tem treta.
Todas riem.
– Deixa lá…os dois merecem-se. Ela é horrível, e ele também. - comenta a vassoura a rir à gargalhada com as abóboras
No caminho, a bruxinha e o espantalho caem numa poça de
lama. A bruxinha fica muito irritada, e começa a bater no espantalho. O
espantalho grita.
– Desculpa…não sabia que aqui havia uma poça de lama. - diz o espantalho
– Foi a pior poça onde alguma vez estive. E agora…? Então não
sabias que aqui havia uma poça…como não sabias…? Vives aqui há tanto tempo…! - grita a bruxinha zangada
– Sim, mas juro-te que não sabia.
– Idiota…incompetente! Palerma…! E agora quem vai lavar a
minha roupa? - grita a bruxinha
– Eu! - sorri o espantalho
– Tu…? Claro…! - ri a bruxinha
– Queres ver…?
– Tu queres é que eu fique em pele.
– Não…só estou a ser antipático contigo, e provocador. - assume o espantalho
– Sim, é verdade…está bem…se dizes que és capaz…lava! - sorri a bruxinha
Ela tira as roupas, e tenta fazer magia para vestir outra,
mas não consegue.
– Os meus poderes…? Porque não consigo vestir outra roupa?
– Esta zona não tem boa rede para captares os poderes.
– Áááááááááááhhhhhh…….que ódio. Eu vou destruir aquela
vassoura estúpida. Incompetente…!
– És tão jeitosa de roupa e sem roupa. - sorri
– Cala-te.
– Eu empresto-te a minha camisola. - sugere o espantalho a rir
– Que nojo.
– Porquê? Cheiro mal…?
– Sim.
– Até parece que o teu perfume é melhor que o meu. - ri o espantalho
– Muito melhor…!
– Dá cá a tua roupa…
A bruxinha tira a roupa, nervosa e muito zangada, começa a
chorar e a gritar
– Eu quero os meus poderes…! Eu quero sair daqui…
– Óh, princesa horrorosa…não fiques assim…vamos continuar o
nosso passeio…se tivesses poderes…transformavas-me logo numa coisa nojenta ou
horrível.
– Pois era. - chora a bruxinha
– Anda conhecer o resto do espaço.
Os dois vão de braço dado, a bruxa sem a sua roupa, e com a
camisola do espantalho. Os dois conversam. Mais adiante, tão entretidos com a
conversa que estavam, e tão ternos um com o outro, que não viram a quantidade
de folhas de árvores que havia no chão.
Os dois escorregaram, e deram um grande
trambolhão, enrolando-se um no outro, várias vezes, e gritando. A Bruxinha
desata a bater no espantalho, e os dois envolvem-se numa luta, até que caem a
um lago cheio de sapos. Os dois gritam, e param a olhar um para o outro.
A
Bruxa começa a gritar e a chorar, a bater na água e no espantalho.
– Cala-te…vais acordar os senhores. - recomenda o espantalho
– Quero lá saber. Tira daqui…que nojo. - grita a bruxinha
Ela sai do lago, e muito zangada, a gritar e a chorar vai
ter com a sua vassoura. Pelo caminho escorrega num pedaço de abóbora comida por
passarinhos, e só para junto da vassoura a gritar.
– Maldição! Ááááááhhhh…maldita vassoura. Vamos embora…agora
vê por onde vamos. Maldita…desgraçado…incompetente.
– Hoje estás especialmente querida…a noite
correu-te bem…! Até vens sem roupa, e a pingar…com pedaços de abóbora…- ri a vassoura às gargalhadas
– Não digas mais nada. Vamos embora…despacha-te, antes que eu
te desfaça. Para casa. - grita a bruxinha
A vassoura consegue voar novamente, e a Bruxinha vai quase
a dormir. Ao chegar a casa, ninguém fala. Ela entra, fecha a porta, veste-se e
vai para o seu quarto. A vassoura conta tudo aos outros. De repente, o
espantalho aparece e bate à porta.
– Quem é? - pergunta a bruxinha
– Sou eu…princesona horrorosa…! - responde o espantalho
Ela vai à janela, surpresa.
– O que estás aqui a fazer?
– Vim entregar-te a roupa.
Ela sorri, desce, abre a porta, e recebe a roupa.
– Óh. Obrigada. Agora…podes ir embora. - sorri a bruxinha
– Eu estava a gostar tanto de ti. - triste
– Quero lá saber…volta para a
tua casa. - grita, zangada
– Está bem! Boa noite. - triste
– Boa noite.
A bruxinha fecha a porta na cara do espantalho. O
espantalho fica muito triste a olhar para a janela. A bruxinha chega ao quarto,
e vai à janela. Olha para o espantalho.
– Ainda estás aí?
– Sim…estou à tua espera.
– À minha espera para quê? Já me deste a roupa.
– Cuida bem do meu coração, pelo menos dele…que está junto da
tua roupa.
– O quê?
Ela olha para o seu vestido e tem lá um coração de palha a
dar luz.
– Sim, é esse…!
– E porque o deixaste aqui? Leva-o…
– Ele não quer sair daí.
– Mas eu não o quero aqui.
– Ficou aí preso.
– Mas vais ter que o tirar.
A bruxinha faz uma maldade ao coração, arranca-o e atira-o
para o espantalho. O espantalho cai. A bruxinha desce a correr e vai ter com
ele.
– Óh não…!
– Acabaste com ele…! - comenta o mocho
– Coitadinho…ele cheio de mimos contigo, e tu…fazes isso com
o coração dele. - critica a coruja
– Olha que ele gostava mesmo de ti, e queria conquistar-te. - diz o morcego
– Óhhh…eu não gostava dele…quer dizer…eu achava que não
gostava, mas…acho que afinal…gosto…! Ei…acorda… (diz a bruxinha triste)
A Bruxinha põe o coração do espantalho no lugar. O espantalho
abre os olhos. A bruxinha sorri. Todos suspiram a sorrir.
– Óhhh…que momento tão bonito! - comenta um gato emocionado
– Ai…Adoro cenas românticas…! - diz uma coruja a sorrir, e a suspirar
– Vamos ter festa… - diz o morcego feliz e entusiasmado
– Fica comigo, espantalho. Desculpa…! Eu afinal…acho que
gosto de ti.
– Claro que sim, princesona…eu também gosto mesmo muito de
ti. - diz o espantalho a sorrir
– Adorei o nosso passeio… - diz a bruxinha
– Eu também! - diz o espantalho
Os dois entram abraçados no castelo. Os animais e a
vassoura estão em estado de choque, e todos festejam. A Bruxinha e o
Espantalho tornaram-se grandes amigos, namorados, e marido e mulher…felizes
para sempre no castelo da Bruxinha.
FIM
Lálá
25/Outubro/2013
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