Era uma vez uma nuvem muito fofa e
leve, branca, que caiu do céu, numa terrível tempestade.
Ela não sabia para
onde ia, mas também não conseguiu parar, enquanto era levada pelo vento e empurrada
pela chuva que caía sem parar.
Não podia lutar…desceu,
desceu, desceu…depressa e muito assustada até que aterrou em cima de neve, à
porta de casa de uma família.
Uma
menina pequenina estava à janela e viu alguma coisa a cair no seu jardim, mas pensou
que era um floco de neve.
De repente…falhou a
luz com um enorme trovão que iluminou o céu. A menina estremeceu e gritou, e
meteu-se debaixo da cama muito assustada.
Os seus pais
mandaram-na para a cama, e deitaram-na, porque a luz não voltou nessa noite.
A menina estava tão
assustada que mesmo deitada e coberta quase até às orelhas, não conseguia
dormir. Os seus olhos quase saiam de órbita, de tão abertos que estavam, e os
seus ouvidos até saltavam sempre que ouviam trovões. Ela encolhia-se toda. Tentava
pensar noutras coisas, como a sua mãe e a sua avó lhe ensinaram, mas não
conseguia.
A
nuvem estava também muito assustada e cheia de frio. Bateu à porta da janela do
quarto da menina, para pedir ajuda. A menina vê-a, e dá um grito debaixo dos lençóis.
-
O que é aquilo…? Aquela coisa branca na janela…com olhos…ai…que medo!
A nuvem bate no vidro da janela, e
grita:
-
Ajuda-me…deixa-me entrar…por favor.
-
A coisa branca fala…? Ai…ai, ai…!
Levanta-se da cama para ver o que era,
com o corpo todo a tremer. Ela vê que é uma nuvem. Abre a janela e diz:
-
Entra!
A nuvem entra, sorri, a menina fecha a
janela rapidamente, e as duas olham-se muito espantadas.
-
Quem és tu? – Perguntam as duas em coro, uma à outra.
-
Sou uma menina.
-
Eu sou uma nuvem.
-
Uma nuvem?
-
Sim! Uma nuvem.
-
Mas não devias estar lá em cima?
-
Sim, e estava, mas a chuva e o vento empurraram-me cá para baixo. Eu cai no teu
jardim, que está cheio de neve.
-
Óh…coitadinha. Magoaste-te?
-
Não. Caí em cima da neve. Por favor, deixa-me ficar aqui no teu quarto ou
noutro sítio qualquer…só para me aquecer um bocadinho.
-
Claro que sim. Vou arranjar-te uma cama muito confortável.
-
Boa! Obrigada…!
A menina pega num lençol, e põe no chão
em cima de um cobertor, quente, grosso e fofo. Por cima do lençol põe mais
cobertores.
-
Se precisares de mais roupa diz-me.
-
Óh. Muito obrigada. Está ótimo. Áh! Está-se mesmo bem aqui. Lá fora está tanto
frio…!
-
Pois é. Se não te importas vou-me deitar, mas viro-me para ti, está bem? É que
está muito frio…
-
Claro que sim. À vontade.
As duas deitam-se, cada uma na sua
cama, e viradas uma para a outra.
-
Estás bem assim?
-
Estou ótima. Muito obrigada!
Passado um bocadinho, as duas começam a
falar. A nuvem conta à menina como é que ela vive lá em cima, e a menina conta
à nuvem como é que ela vive ali. Aprendem muito uma com a outra e riem.
-
Como vais voltar lá para cima? – Pergunta a menina
-
Não sei…acho que nunca mais conseguirei ir lá para cima…!
-
Óh…mas isso é muito triste!
Entra uma estrelinha no quarto. As duas
ficam maravilhadas.
-
Áhhh…! Que linda! – Dizem as duas em coro
-
Uma estrela! – Diz a menina a sorrir.
-
Boa noite! Sim, sou uma estrela. Sempre que quiseres ir lá cima, eu levo-te!
-
Ááááááhhhh…! Boa! – Gritam as duas, de alegria.
-
Muito obrigada. – Diz a nuvem.
E a partir dessa noite, a menina e a
nuvem tornam-se as melhores amigas uma da outra, quase como irmãs. Brincam,
riem, conversam, e dormem no mesmo quarto. Quando a nuvem tem saudades, pede à
estrela que a leve, a quando quer, volta a descer.
Fim
Lara Rocha
19/Novembro/2013
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