ALBUM DE RECORDAÇÕES
Hoje abri um álbum de fotografias,
e entre elas
apareceram as tuas!
A cada foto tua…
Uma fadinha
andou a brincar
com o meu coração,
e puxou uns fios fininhos
com os quais teci o meu amor por ti,
há uns anos atrás…
cuja luz se apagou
quando tu acabaste!
Mas esses fios fininhos
que ela apanhou
no cantinho escuro onde ficaste,
fizeram vibrar as cordas da saudade!
Não de ti,
mas do calor do teu abraço!
Uma estrelinha
brilhou timidamente,
em cada um dos meus olhos
ao lembrar dos teus abraços
e na minha garganta
suou um…
«obrigada»...
Para sempre…
Primeiro amor!
Sinto-te...
Sinto a tua presença,
Sinto o teu calor,
Sinto o teu corpo,
Sinto os teus braços,
a envolver-me.
Sinto o calor desses abraços,
Sinto os teus olhos a olhar para mim,
Sinto a meiguice que eles me transmitem,
Sinto a doçura e calma dos teus olhos.
Sinto a tua doçura,
Sinto a tua respiração,
Sinto a tua mão,
Sinto o teu coração a bater.
Sinto a tua presença,
Ouço a tua voz meiga, doce e serena,
Sinto os teus lábios,
Sinto a tua pele,
Sinto todo o teu corpo.
Sinto toda a tua luz,
dentro do meu coração.
Apenas na minha imaginação!
No dia em que…
Deixamos de ser o nós,
e voltamos a ser
eu e tu…
foi o dia em que
me desintegrei como um meteorito
o dia em que
deixei de saber quem era,
pois tu levaste contigo
tudo de mim!
No dia em que morri por dentro…
pus o meu coração encharcado
e a estourar de lágrimas,
a secar
nas cordas da máscara do sorriso,
mas o coração furou
e o meu mundo parou!
O meu corpo ficou doente!
O meu cérebro latejou,
estourou…
as lágrimas
saíram pelos olhos
num mar de sofrimento,
dor,
raiva…
o coração batia descompensado,
confuso,
louco…
não dormi várias noites!
Até que gritou: «chega!»
Quando gritou «chega!»,
acalmei à força…
com um sol forçado.
Entretanto,
o coração foi secando,
ficando com menos lágrimas!
E voltei a saber quem era,
muito lentamente,
voltei a construir-me,
e a reconstruir-me
quando
reentrei para o teatro.
Foi maravilhoso!
Voltei a sorrir com vontade.
Renasci!
E o coração continuou a secar,
no varal dos meus olhos!
Umas vezes
envolvido em máscaras,
outras tantas vezes
voltou a encher-se de lágrimas,
a doer,
a apertar,
a gritar.
Outras vezes,
voltou a secar…
Hoje,
o coração
já não está a secar,
mas por vezes
ainda fica na sombra!
O que levaste
No dia em que decidiste acabar
Levaste-me contigo
Para onde estavas,
Inteira,
Sem me tocar.
Eu estava a Norte,
E tu a Sul.
Dizias que eu estava dentro de ti,
No teu coração.
Aí, tinhas razão!
Eu estava mesmo no teu coração.
Não porque me amavas,
Mas porque eu não tinha maldade,
E estava apaixonada.
Quando estamos apaixonados
Deixamos de ver a realidade!
Tudo à nossa volta
nos parece verdade!
Ficamos dominados
pelo farol da ilusão.
Levaste todo o meu corpo.
Todos os milímetros da minha pele
Onde me tocaste,
E todos os pedacinhos
que encostei na tua pele
Nos nossos abraços carinhosos.
Levaste todo o meu fogo,
Toda a minha luz,
Todo o meu brilho,
Todo o meu sorriso,
Todas as minhas lágrimas
Todos os meus sonhos!
Todos os meus desejos!
Todas as minhas dores.
Levaste todos os meus cacos,
E levaste-me inteira…
Sem me ter devolvido
um único pedaço.
Levaste quem dizias
ser a mulher da tua vida!
Eu acreditei!
Ensurdecida pela música das tuas palavras
Que acreditei serem verdadeiras.
Levaste uma mulher
Que deixou de existir.
Levaste a mulher que já fui,
Mas já não sou!
Sou uma mulher muito diferente
Que nunca mais conhecerás...!
Nunca mais verás,
Nem ouvirás,
Muito menos
Sentirás.
Talvez
Essa mulher que já fui,
Que tu levaste,
Também já nem sequer exista
dentro de ti.
Talvez
Essa mulher que levaste
Esteja neste momento
Esmigalhada
no teu coração
Lá para um canto qualquer...
Ou, pode ser
que quem tens agora
tenha expulsado
a mulher que já fui
e que estava
no teu coração.
Talvez
Ela tenha deafeito
essa mulher
que levaste contigo.
Ou pode ser
que essa mulher
por vezes
Povoe o teu pensamento
em forma de recordação
Onde está essa mulher,
que levaste contigo?
Eu, nunca mais a vi...
E tu?
Voltaste a vê-la?
Voltaste a senti-la
dentro de ti?
Como dizias sentir-me!
A mulher que levaste.
Lara Rocha
21/3/2014
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