Era uma vez uma grande quinta, numa aldeia onde já não chovia há muitos meses, só havia calor, sol, nada comum, pois era uma aldeia que costumava ter temperaturas agradáveis, o ano todo.
Frio e chuva na sua época, tempo quente no Verão, no Outono e Primavera era instável, tanto chovia como estava sol, mas todos respeitavam a vontade da Natureza.
Este ano é que estava um calor fora do normal, tudo seco, a erva dos campos, os riachos onde havia sapos, rãs e peixes, secos em quase todo o caminho, pequenas possecas de água de longe a longe.
Até eles estavam a sentir-se tristes, cansados, porque já não aguentavam tão pouco água, às vezes percorriam quilómetros atrás de poças de água, e encontravam, deliciavam-se a refrescar-se, a brincar, a cantar.
Mas pouco tempo depois, sentiam saudades de casa e regressavam na esperança de encontrar água, mas infelizmente, o seu desejo não se realizava.
O dono, com pena deles, deitava água no local onde estavam, tal como fazia aos outros animais da quinta, eles bebiam com sofreguidão, e sobrava pouca para o resto.
Um dia, depois de tanta seca e tanto calor, o seu desejo realizou-se. Acordaram numa manhã, cinzenta, fria, até pensaram que os tinham levado para outro sítio, mas não. Estavam na sua casa, trocaram olhares surpresos:
- Onde estamos?
- Na nossa casa, parece-me!
- Sim, olha ali aquelas flores, e a corte dos animais, a casa do senhor e da família.
- É! Estou a ver, mas o tempo está diferente...
- Pois está.
- Será que dormimos tanto, que nem nos apercebemos da mudança de estação?
- Não, isso não é possível.
- Mas ainda ontem estava sol e um calor que não se podia, hoje está cinzento, e frio.
- Pois é, realmente nem parece o mesmo sítio.
- Será que vai trazer a nossa tão desejada chuva?
Eles disseram o que parecia quase a palavra chave: chuva! De repente, parece que se abre uma torneira gigantesca das nuvens, e descarrega uma tromba de água, litros e litros de chuva, como nunca viram, uma ventania fria e forte.
Os sapos nem queriam acreditar. Os donos apavorados, tal como os animais, as flores encolhidas, mas ao mesmo tempo felizes por ter água, a erva a assobiar de felicidade com o vento, e por sentirem a chuva.
As árvores um bocadinho assustadas porque o vento fustigava-as, mas estavam a gostar do ar fresco e da chuva, podiam ouvir-se os risos delas, e elas deixavam-se levar, com os seus ramos de um lado para o outro, a frescura entre as folhas, fazia-as estremecer e ao mesmo tempo rir. As flores sorriam felizes, sentiam-se frescas, renovadas, eufóricas com tanta água.
Os donos assistiram dentro de casa, assustados, mas agradecidos por finalmente chover, os cães muito quietos e assustados, encolhidos nas casotas, em silêncio, no estábulo a agitação era grande, pois os bichos nunca tinham visto tal coisa.
Os sapos levantam as patas para as nuvens e fazem vénias como forma de agradecimento, cantam, dançam uns com os outros, abanam-se felizes.
Saltam, chapinham, brincam na água, mergulham, boiam, dão gritinhos de alegria e satisfação, coaxam bem alto, nem se abrigam, abrem as patas como se estivessem a apanhar cada gota de chuva que caía.
Num instante, tudo fica ensopado, enlameado, o riacho voltou a ter água até às bermas, como ficavam quando a chuva vinha na sua época, e no tempo normal.
O dono grita para eles se abrigarem, mas eles nem o ouvem, continuam numa grande festa, tantas eram as saudades da chuva. Só recolhem às suas casas, quando ouvem um estrondoso trovão que iluminou o céu todo, parecia noite, desenhou raios por todo o lado, e rebentou por todo o lado.
Os sapos não sabiam o que era, mas assustaram-se realmente, começaram aos gritos e meteram-se nas tocas. A luz na casa falhou, os cães não param de ladrar, os animais na corte, andam de um lado para o outro nervosos.
As árvores entram em pânico porque sabem que os relâmpagos podem ser perigosas para elas, estremecem, juntam os ramos umas às outras, cantam para correr com o medo, abanam-se, soltam um grande grito quando um raio cai na terra aos seus pés, além do barulho que fez, mas suspiram de alívio quando percebem que estão todas bem.
A tempestade continua, e os sapos não saem mais das casas, até esta passar, ao fim de dois dias a chover sem parar e a trovejar. Apesar de sentirem medo, depois da festa, estão felizes pela chuva, que mudou a paisagem, souberam que tinham água para muito tempo, e as pessoas da casa, os outros animais também. Já não precisavam de fazer quilómetros atrás da água.
Enquanto choveu sem trovejar, os sapos saíram muitas vezes das casas, para apanhá-la, numa grande euforia, gritavam, coaxavam, riam, cantavam, dançavam, saltavam, mergulhavam, brincavam uns com os outros, mas quando começavam os trovões, fugiam o mais depressa que podiam, e ficavam calados, assustados.
- Abençoada chuva! - diz o agricultor
Quando o sol regressa, perceberam que as pastagens estavam maravilhosas para o gado, os sapos não cabiam em si de felicidade, sempre que chovia, faziam sempre uma festa, um bailado, com cantares e dançares, muito riso e brincadeira.
O que era pó, palha seca em vez de erva, amarela, transformou-se em erva fresca, verde, suculenta, tenra. Pouco depois, voltou a neve, com camadas que nunca ninguém tinha visto, e os sapos ficaram recolhidos, porque estava frio, tal como os outros animais, mas encantados com a paisagem.
Tudo é preciso, para a Terra, para nós, e para os animais.
E vocês festejam quando chove, ou ficam zangados e tristes?
Para que serve a chuva?
Sentem medo da trovoada?
O que fazem para não sentir tanto medo?
Podem deixar nos comentários.
Até já.
FIM
Lara Rocha
15/Setembro/2023
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