Era uma vez um lindo cavalo com asas que vivia numa aldeia de nuvens, com a sua enorme família, onde tinha tudo. Ele sentia-se feliz na sua aldeia, mas às vezes gostava de sair e ir para a praia, que ficava por baixo. Para lá chegar tinha de atravessar apenas um fofo, claro e macio caminho de nuvens.
Não se via todos os dias, aliás, ele
fazia de tudo para ir à praia sem ser visto. Quem estava na praia de dia, às
vezes viam-no, mas pensavam que eram nuvens juntas a formar a imagem de um
cavalo. Outras vezes, aparecia de noite, quando a lua era tão grande e luminosa
que quase parecia mergulhar.
Quando ia de noite, cavalgava sobre as
ondas pequeninas que cresciam com o pisar das suas patas. De dia, cavalgava
longe da costa, e só refrescava as suas asas, algo que adorava fazer.
Um dia, de noite, com a lua enorme e
luminosa, lá foi ele…atravessou o caminho e cavalgou por cima das ondas grandes
até quase à areia, a sentir a aragem agitar-lhe suavemente as crinas. Tinha muita
vontade de conhecer a areia, saber o que se sentia nas patas, se era macia ou
áspera, quente ou fria, ou se tinha cheiro.
Deu mais uns passinhos e olhou para
trás.
- Áh…a paisagem que
se vê daqui é muito diferente! Nunca tinha visto. Que linda lua! Como o mar é mesmo
interminável…já parecia não ter fim, mas daqui é muito maior. E a brisa…também
é mais fresca, aqui. Ali não sinto tanto, ou é mais leve. E a areia...?
Finalmente pôs as suas patinhas na
areia, primeiro a medo, tocou um bocadinho e tirou rapidamente. Voltou a tocar,
e a recuar outra vez. Até que decidiu pousar totalmente as patas na areia
molhada, mas não sabia que se chamava assim.
- Áh…é…macia e fria. Mas
acho que está molhada, parece…grossa…é parecida com lama.
Caminha mais para cima, na areia seca, ao
longo da praia, sempre atento a tudo o que sentia.
- Agora a areia está
mais quente, é mais fina, e parece que está…seca. É diferente. A brisa também é
mais forte. Tanto espaço…tanta areia. Então é aqui que as pessoas se deitam, ou
será ali? Se calhar é nos dois sítios, quando há sol. É muito agradável.
Estava encantado com aquela experiência,
mas ainda queria saber mais. Decidiu sentir a areia com o corpo todo, estendeu
as patas, sentou-se, mexeu-se livremente, e gostou tanto que se esfregou
totalmente, rebolou na areia, às gargalhadas, esfrega com as patas, levanta a
areia:
- Faz cócegas…que
maravilha! É mesmo macia. Áh, áh, áh…
Sacode-se, para e olha para a paisagem à
sua frente.
- Uau! Isto é lindo!
Fecha os olhos, inspira, expira, e sente
o cheiro a maresia:
- Áh…que cheiro é este…?
Vem dali…é…do mar? Hum, que agradável.
Fecha os olhos outra vez, sente o cheiro
a maresia, a aragem suave a mexer nas suas crinas, e o som do mar suave, ao
longe, pareciam sussurros. Abre os olhos, vê a lua gigante e sorri.
- Que linda que está
a lua. Adoro esta paisagem, a aragem, este som.
O vento sopra mais forte, e assobia
entre as folhas das palmeiras:
- Quem está aí?
Olha em volta e não vê ninguém, mas ouve
outra vez o som:
- Áh…é o vento! Gosto
deste som!
O cavalo levanta-se, e cavalga mais um
pouco por aquele espaço.
- Maravilhoso! Obrigado,
Natureza, por este sítio, por tudo o que há aqui. Adoro o sítio onde vivo, mas
aqui também parece um lugar de sonho. Vou voltar para a minha aldeia…mas vou
voltar aqui outro dia!
Regressa ao mar, cavalga pelas ondas sem
pressa, para e volta a olhar para trás. Cavalga mais um pouco e regressa a
casa, quase hipnotizado com tanta beleza.
Conta
à família, e vão todos à praia. O mar ganha ondas enormes, com tantos cavalos a
cavalgar, dirigem-se para a areia, e experimentam o mesmo que o cavalo. Ficam tão
felizes, e gostam tanto daquele sítio, daquelas sensações que fazem uma festa e
divertem-se até ao nascer do sol, que também ficam a ver da praia, e só de manhã
regressam para a sua casa.
FIM
Lálá
9/Março/2018
Sem comentários:
Enviar um comentário
Muito obrigada pela visita, e leitura! Voltem sempre, e votem na (s) vossa (s) história (s) preferida (s). Boas leituras