Era uma vez uma sementinha de flor. Foi lançada à Terra, num imenso campo, verde, fresco, lindo, por um jovem lavrador, muito carinhoso, delicado e feliz. Depois de a plantar e deitar as primeiras gotinhas de água do regador, o jovem disse:
- Espero por ti, minha flor! Virei regar-te todos os dias, e falar contigo! Que sejas protegida pelos deuses do solo, contra os malvados seres que aí vivem…toupeiras, e companhia limitada, para que não comam as tuas raízes. - sussurra o jovem
Ficou a olhar para a Terra sorridente, enche os pulmões de ar, e volta para casa. Nesse dia tudo estava sossegado. Mas de noite…uma coisa muito estranha aconteceu: estava a sementinha, na sua paz, e enquanto os habitantes dormiam, uns homens maldosos, incendiaram o campo. Os habitantes foram alertados com o cheiro a queimado, e pela agitação dos cães que ladravam sem parar, e tentavam a todo o custo largar as correntes.
Ficam em pânico quando vem à janela e veem chamas altíssimas…estavam rodeadas de fumo e de fogo. Saem todos aos gritos de casa, ligam as mangueiras, enchem baldes, e todos se ajudam uns aos outros.
É muito complicado apagar o incêndio, porque há muito fumo, e muitas labaredas, mas todos se ajudam como podem e conseguem dominar o incêndio. Ainda está tudo em pânico, e com a respiração ofegante, tossem, e deitam-se sobre a terra, misturada com cinzas e pó, exaustos, a chorar de nervos e de susto. O jovem fica deitado sobre o pedacinho onde plantou a flor.
– Ai…a minha flor…! Já não vai nascer…! Não posso acreditar no que aconteceu…! Aii…minha flor…! Estavas tão bem na minha mesinha de cabeceira e agora…?! Aii… - lamenta o jovem num pranto incontrolável
– Calma, jovem…estamos vivos, e as nossas casas escaparam. - diz um lavrador
– E a minha flor, que eu plantei com tanto amor…? Queria tanto vê-la crescer…! - lamenta o jovem num choro inconsolável
– E verás crescer muitas flores. Plantarás muitas outras flores. Neste solo não…por enquanto…mas noutro solo. - diz outro lavrador
– Ai…! Que injustiça! (grita) Malditos…! Vou desfazer-vos. (grita) Vão pagar bem caro… - grita e chora o jovem revoltado
– Claro que sim, rapaz. Haveremos de descobrir quem fez esta maldade. - diz um senhor mais velho
– Porque é que fizeram isto…? - pergunta-se outro senhor, triste
– Quem fez isto…? - pergunta-se outro senhor mais jovem
– Deve ter deixado pistas…vamos, amigos…! - comenta outro lavrador
– Sim! - concordam todos
- vamos por aí ver se deixaram rasto. - sugere o lavrador
– Tanto trabalho, tanto esforço, tanta dedicação, tanto amor…e agora acaba assim…tudo reduzido a pó…escuro…cinzento, como a minha dor…perdoa-me minha flor…! Devia ter passado a noite a tomar conta de ti, e deste campo…Aaaaiiii… - grita o jovem nervoso, a chorar
Pobre rapaz…está inconsolável! As suas lágrimas foram absorvidas pela terra, e foram ter à sementinha de flor, que fica muito feliz. Com ela está tudo bem, pois ainda não tinha nascido. As mulheres estão destroçadas, e nervosas, também se juntam aos homens para procurar quem teria feito aquela maldade. Encontram umas pistas, e chamam a polícia para investigar.
Nessa noite mais ninguém dorme, e o jovem vai para o pedacinho de terra onde plantou a flor, chorar sem parar. A sementinha recebe todas as suas lágrimas. De manhã, todos ficam desolados com o que veem…todo o verde passou a cinzento, não havia uma única flor, ou folha. Que tristeza. Descansam um pouco, destroçados, e o jovem muito revoltado, sempre alerta para ver se descobre quem foi, percorre os campos de uma ponta a outra. O jovem volta para o cantinho e chora outra vez, a sementinha recebe mais lágrimas, e o sol. Debaixo do solo, a sementinha abre-se, e começa a libertar as raízes pequeninas.
– O que é que está a acontecer? - pergunta a sementinha
Uma lágrima do jovem, acaba de entrar no solo.
– Olá… - diz a flor
– Ai… - responde a lágrima
– Magoaste-te? - pergunta a flor
– Não. Mas está muito escuro aqui. Não estou a ver nada… - diz a lágrima
– Eu não vejo assim tão escuro. - diz a flor
– Olha, eu vim de um sítio muito claro…podes dizer-me que sítio é isto…se é que é algum sítio… - explica a lágrima
– Não sei bem...sei que me mandaram para aqui. - diz a semente
– Isso não ajuda muito, porque também me mandaram para aqui…eu não gosto deste sítio, não sei porque me mandaram para aqui. - responde a lágrima
– Mas quem é que te mandou? - pergunta a flor
– Foi um jovem…que tem uns olhos que parecem um regador furado. - diz a flor irónica
– Uns olhos que parecem um regador…? Ainda por cima furado? Isso é muito estranho…
– Sim. Quer dizer…não é bem um regador…são uns olhos…azuis…e foi que onde eu e mais umas milhares saímos…
– Mas…
– Sim, fomos expulsas!
– Onde viviam?
– Nesses olhos azuis.
– E porque é que foram expulsas de lá?
– Não sei explicar…sei que foi uma coisa má…!
– Mas…quem és tu?
– Sou uma lágrima…sou feita de água, com sal, com sais minerais, com vitaminas…e muitas outras coisas…pelo menos é o que dizem. E tu quem és?
– Uma lágrima…eu…acho que sou uma semente…
– Uma semente…?
– Sim…de…flor…acho eu.
– Ááááhhh…espera…tu deves ser o motivo da nossa expulsão!
– Eu…? Mas…eu estou aqui tão sossegada…num sítio escurinho…fresco…o que é que eu fiz, para ele te expulsar…? Nem sei de quem estás a falar.
– Não…não estou a dizer que fizeste alguma coisa…estou a dizer é que o jovem que nos expulsou, estava muito triste, por causa de um incêndio que houve, e destruiu tudo!
– Um incêndio…? O que é isso?
– É um monte de chamas, e de fumo por todo o lado…muito altas…adoram tudo o que é verde…devem ser uma espécie de monstros, que devoram tudo o que é verde, e reduzem tudo a cinzas…destroem tudo.
– Ui, que horror…nunca ouvi falar, mas deve ser muito mau.
– Sim, é muito quente.
– Mas ainda não percebi o que é que eu tenho a ver com isso?
– Nada!
– Então porque é dizes que sou eu o motivo da tua expulsão…? Isso soa-me a alguma coisa de mal…
– Não tiveste culpa…mas esse de olhos azuis, expulsou-nos porque está muito triste…por causa de…uma flor…ele só fala na flor…! Claro…com aqueles monstros…não sobrou uma única flor.
– Ai…coitadinho! Deve ser mesmo mau.
– Sim.
– Mas…e tu, se estavas num sítio tão claro, porque é que vieste para aqui?
– Como te disse…fui expulsa…não sei que sítio é este.
– Eu também não sei o que vai acontecer…sinto-me muito diferente…ganhei umas coisas aqui…em baixo…
– Espera…acho que ganhaste raízes. diz a lágrima a sorrir
– Raízes…? - pergunta a for assustada
– Sim…eras uma sementinha…agora…és uma sementinha com raízes… - explica a lágrima a sorrir
– Ai…e o que é que me vai acontecer? - pergunta a flor assustada
– Não te assustes…as raízes são para te alimentar…vais crescer…e depois…vais para o sítio claro, de onde eu vim. Posso fazer-te companhia? - responde a lágrima a sorrir
– Sim…! Não entendo bem o que disseste, mas deve ser bom.
– Sim, fica descansada…é bom.
– Obrigada. - diz a flor a sorrir
– Sabes, aqui nem se está muito mal…mas lá fora…onde há muita luz está-se muito melhor.
– Eu quero conhecer esse sítio. - exclama a flor
– E vais conhecer. Quando saíres eu vou contigo.
– Boa. Obrigada. Fala-me mais de ti…
As duas têm uma longa conversa. O tempo passa, mas o rapaz continua desolado. Apanham os incendiários, e a população dá-lhes uma boa tareia, antes de irem para a cadeia, principalmente o jovem, que está muito revoltado e magoado. Todos os dias, o jovem vai ao cantinho onde tinha a flor, e chora.
A sementinha, que ganhou raízes entretanto, convive com a sua amiga lágrima que a protege e que lhe faz companhia. As duas têm longas conversas, brincam uma com a outra, riem, e a sementinha com raízes vai crescendo. Uns dias depois, a sementinha sente-se muito estranha, apertada, com falta de ar, inquieta, e com dores.
– Lágrima…o que se passa comigo…? - pergunta a flor
– Não sei, amiga, não te quero assustar, mas…tens uma coisa estranha…
– O quê? Um bicho…? Sai bicho…ai…não deixes aproximar…- diz a flor assustada
– Calma…acho que não é um bicho…é um caninho…verde…e tens…umas coisas para o lado…pequeninas, verdes…como se fossem braços…
– Ai…estou a sentir-me apertada…parece que estou a sufocar… - diz a flor assustada
– Calma…não te preocupes…não vai ser nada de grave. Tu vais ficar melhor…temos dias em que nos sentimos mais estranhos.
A lágrima abraça a flor. Nessa noite…
– Ai…preciso de apanhar ar…! Tenho de encontrar uma saída. - suplica a flor
Enquanto a lágrima descansa, a flor estica-se, espreguiça-se, e abana-se para um lado e para o outro, até que finalmente encontra uma saída. Está na superfície, vê-se a cabecinha, um botãozinho fechado, o tronco fininho, e as folhinhas, que parecem os nossos braços. Ela respira ofegante, e depois de alívio. Olha em volta.
– Ar…que bom! Ufa…estava mesmo quase a sufocar. Que horror. Mas…onde estou…? Será que estou longe do sítio onde estava? Aqui…deve ser o sítio de onde veio a gotinha. Óohhh…está escuro…mas tem umas pintinhas de luz em cima…que lindo! O que será aquilo…? E o tal rapaz onde está? - suspira a flor aliviada
Enquanto a flor aprecia tudo o que há á sua volta, e respira, a lágrima, fica muito assustada, pois não encontra a amiga. Só vê o caninho e as raízes.
– Amiga…onde estás? - grita a lágrima à sua procura ~
– Onde estás…? Eu estou aqui… - grita a flor também à procura da lágrima
– Onde…?
– Desculpa…não sei…mas acho que é o sítio de onde vieste.
A lágrima segue o tronco, e sobe. A flor sente cócegas e desata a rir. A lágrima chega à superfície, e olha para a flor.
– Áhhh…estás aqui! Sim, foi mesmo o sítio de onde vim. Olha…tens aquelas coisas que tinhas lá em baixo…como saíste de lá? - responde a lágrima a sorrir
– Estava a precisar de apanhar ar…procurei uma saída…estiquei-me, e encontrei…vim ter aqui…! - explica a flor a sorrir
– Agora não vais voltar lá para baixo.
– Não?
– Não…agora vais crescer ainda mais…mas cá fora.
– Isso é bom ou mau?
– Muito bom! Principalmente para o rapaz dos olhos azuis. - diz a lágrima a sorrir
– Ai é?
– Sim. Vais ver.
– O que são aquelas pintinhas ali…?
– São estrelas…aparecem à noite.
– E são boas?
– Sim, são inofensivas.
– São bonitas.
– Pois são. Olha…lá vem o dos olhos azuis.
O pobre rapaz não consegue dormir com a tristeza.
– É este…? Tem cara de mau…- comenta a flor
– Ele não é mau…só está muito triste…por isso não consegue sorrir…e parece mau, mas é muito bom rapaz. - responde a lágrima a rir
– Coitadinho…retiro o que disse!
– Ele pensou que te tinha perdido.
– Onde?
– Aqui…neste campo…devorada por aqueles monstros.
– Eu estava lá em baixo, não me apercebi de nada…nem sei quem me mandou para lá.
– Foi este rapaz.
– E ele tem olhos azuis?
– Sim.
– Então é por isso que és azul?
– Não…eu não sou azul…sou transparente! Pareço azul porque está escuro, mas amanhã, com o sol verás que sou transparente, ou com as cores do arco-íris…
– Arco-íris? Como é isso?
– Nunca viste?
– Não…lá em baixo só há escuro. Aqui tudo é muito mais bonito…!
– Sim. Quando me dá o sol, pareço um cristal… - diz a lágrima a sorrir
– O que é isso?
– Amanhã vês…sou brilhante.
– Áhhh…está bem! Desculpa a minha ignorância…! - riem as duas
– Não és ignorante…só conheces um mundo muito diferente do meu!
– Sim, é verdade…
– Eu também não conheço o teu mundo…conheci mais ou menos…mas sou-te sincera…gosto muito mais do meu…aqui fora.
– Eu também estou a adorar estar cá fora.
– Ainda tens muita coisa bonita para ver. - garante e lágrima
– Mas…e tu agora para onde vais?
– Vou ficar aqui contigo!
– Não vais voltar para a tua casa?
– Para o olho dele…? Não…! Ele expulsou-me, não posso regressar…a não ser que ele me ponha lá outra vez, mas isso não é possível. - ri a lágrima
– E então, onde vais ficar?
– Por aqui…contigo!
– A sério…? Que bom! Obrigada…estava mesmo a gostar da tua companhia. - diz a flor feliz e sorridente
– Eu também! - diz a lágrima sorridente
O rapaz aproxima-se, ajoelha-se, e quando olha para o chão, nem quer acreditar no que está a ver…a sua flor tão desejada…está a aparecer…! Ele esfrega os olhos, pisca-os, vira para lá uma pequenina lanterna, e vê a flor.
– Ai…o que é que ele está a fazer?
– Está a ver se és mesmo tu, ou se está a sonhar. - ri a lágrima
– Eu…estou a ver bem…? Sim…és tu…minha flor…? - pergunta o jovem
– Respondo-lhe? - pergunta a flor
– Responde. - sugere a lágrima
– Olá…boa noite…- diz a flor a medo
O jovem fica estarrecido, e surpreso. Abre um grande sorriso, e fica maravilhado a olhar para a flor…
– Milagre…! Milagre…a minha flor…no meio das cinzas! Sim…és tu, minha flor…como sobreviveste? - suspira o jovem feliz
– De que é que ele está a falar? - pergunta a flor intrigada
– Do incêndio…aqueles monstros que engoliram o verde todo…ele pensou que tu também tinhas sido engolida. - explica a lágrima
– Áhhh…! Mas eu sou assim tão importante para ele?
– Sim, mesmo muito…!
– A minha flor…! A minha pérola… - comenta o jovem, feliz
– Sou flor…ou sou pérola? - pergunta a flor
– És flor, mas ele está a dizer que és pérola, pela importância que tens para ele…! E por tanto que gosta de ti. - diz a lágrima
– Áhhh…! Não entendo porquê…mas está bem…pelo menos alguém tem carinho por mim, e trata muito bem de mim.
– Sim, é verdade…ele deu muito dele…para te ver nascer.
– Flor…a minha flor linda. - diz o jovem
– Como é que sabes que sou linda…?
– Todas as flores são lindas…- comenta o jovem a sorrir
– Sim, isso é verdade. - responde a flor
– Obrigado, mundo…obrigado estrelas…obrigado deuses do solo…por terem protegido a minha flor. (o rapaz ri)
Nessa noite, o rapaz tem uma longa conversa com a flor, feliz, sorridente, carinhoso. A flor ouve-o e responde-lhe, ri com ele. De manhã bem cedo, o jovem adormece à beira da flor. Os lavradores assustam-se quando veem o jovem deitado. Vão ter com ele, e veem uma flor pequenina, ainda fechada. Todos ficam maravilhados, e surpresos.
– Que maravilha…no meio das cinzas…aparece uma flor…a nascer…- comenta um lavrador, sorridente
– É vida! - respondem todos, felizes
– Vamos limpar o terreno, e semear de novo, para ver se pegam como esta… - sugere outro lavrador, feliz
– Sim. - gritam em coro
(O rapaz acorda sobressaltado com os gritos)
– O que é que aconteceu? - pergunta o jovem ainda assustado
– Rapaz…olha…! Um verdadeiro milagre…! - comenta outro lavrador
– Sim. É a minha flor…! - responde o rapaz orgulhoso, vaidoso e feliz
– Já tinhas visto? - perguntam todos
– Sim. Eu não consegui dormir…vim para cá…e vi que a minha flor, estava a nascer…! - diz o jovem sorridente
– Vamos limpar o terreno e semear flores, a ver se nascem. - diz outro senhor
E nesse dia, todos limpam o terreno, semeiam flores, regam-nas, e cuidam do terreno à volta. Nessa noite, as estrelas enviam raios para o solo, para fertilizar, com alimento e tudo o que as flores precisam para se desenvolver saudáveis e lindas.
Nos dias seguintes, todos tratam com carinho as sementes, e a outra flor continua a crescer. A lágrima dividiu-se em milhares de outras lágrimas debaixo do solo, onde estavam as raízes, que as alimentaram, e protegeram dos animais que vivem lá debaixo.
Uns dias depois, o que era um campo de cinzas, feio, escuro…transformou-se num lindo campo cheio de flores de todas as cores, e formatos. Graças à dedicação do jovem, e o carinho com que todos trataram das flores, tudo renasceu das cinzas. Por isto, o campo passou receber milhares de visitantes que fotografavam as flores, e todos queriam ver as flores nascidas das cinzas. Os lavradores estavam orgulhosos das suas flores.
Na nossa vida, tal como os campos…temos dias cinzentos, em que a nossa alma parece um incêndio, ou um dia cinzento, mas há sempre uma pequenina flor que nos faz renascer, e transformar esse campo de cinzas, novamente num campo cheio de flores…pequenos carinhos, como simples sorrisos sinceros, abraços, risos, a presença de quem gosta de nós, e a sua companhia, os animais, e toda a natureza…há sempre pequeninas flores que nos fazem nascer de novo.
Às vezes faz bem transformarmos a nossa alma em cinzas, coisas que nos destroem e nos magoam…é só pegar na chuva, nas lágrimas, no vento…para limpar o terreno, e plantar novas flores! Quantas vezes temos de fazer isso, na nossa vida! E a vocês…? O que é que faz florir a vossa alma, em dias cinzentos? Cada um tem as suas próprias flores.
FIM
Lálá
(30/Junho/2013)
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