Era uma vez um casal de lobos que tinham tido um bebé pequenino há muito pouco tempo. Todos estavam felizes, e o bebé recebia muitas visitas, prendas…tudo corria bem, o bebé era lindo, simpático, meigo, e amado pelos pais que tinham muito orgulho nele. Um dia, o bebé ficou doente. Ganhou muita tosse, muita febre, e alimentava-se pouco. Os pais sempre cuidadosos, protegiam-no, mas a tristeza e o medo eram mais fortes, e por isso tornaram-se agressivos com quem se aproximava para visitar o bebé. Não o faziam por mal, ou porque eram antipáticos, era tudo para proteger o filhote. Como eram agressivos com quem ia visitar o pequenino, os animais sentiram-se ofendidos, ficaram tristes e deixaram de visitar o pequenino; mesmo tendo essa vontade. ~
Uma rapariga, veterinária, ainda muito jovem que vivia na cidade, foi passear pela floresta e encontrou os lobos. Achou muito estranho o comportamento deles.
Aproxima-se e fala suavemente com eles.
– Óh meus lindos bichinhos…
(Tenta acariciar, mas o pai lobo ataca-a ligeiramente, nervoso e assustado)
– Não toque no meu lobinho! (p.c) Afaste-se, antes que lhe morda.
– Calma, lobinhos… (p.c) Não vou fazer mal ao vosso filhote! (p.c) Só quero fazer-lhe um carinho. (p.c) E a ti também Pai Lobo.
– Eu não preciso de carinho nenhum. (p.c) O meu filho é que precisa! - grita o pai lobo, nervoso
– Desculpe, estamos muito assustados, porque o nosso filho está muito doente. - explica a loba triste, e assustada
– Eu sou veterinária…deixe-me ver o seu bebé! Posso ajudá-los!
– Não…não lhe toque. Ele vai ficar bom só com o nosso amor…e o nosso calor…isto vai passar. - rosna o lobo, nervoso
– Não tenho dúvidas disso, mas precisa de algo mais. Não se preocupe…ele vai ficar bem. (p.c) Não vou fazer mal ao vosso bebé.
– Pegue nele, Sra. Dra. - manda a loba
– Para onde vai levá-lo? - pergunta o lobo, nervoso
– Para o meu consultório. Ali…venham também.
– Por favor! - implora o lobo, nervoso
– Por favor Sra. Dra. Veja se descobre o que é que ele tem! - suplica a loba
– Podemos ir? - pergunta o lobo nervoso
– Sim! Claro! - diz a veterinária
A veterinária leva o lobinho ao colo, acaricia-o, e os lobos pais vão atrás no carro. A veterinária analisa o lobito com todo o cuidado, e entretanto, novamente na floresta…os amigos vizinhos estranham o silêncio.
– Onde estão os lobos? - pergunta um coelho
– Porquê? Querias oferecer-te como refeição para eles? - pergunta o gato irónico e surpreso
– Não! eu sou amigo deles.
– Não sei como consegues ser amigo daqueles…! - responde o gato surpreso
– Não vejo mal nenhum nisso.
– São uma ameaça para ti, e para os teus.
– Nunca senti isso.
– Talvez porque andem demasiado bem alimentados, ou demasiado ocupados com o pequenote.
– Ultimamente andam muito raivosos…até tenho medo deles! - comenta uma borboleta, pensativa
– Raivosos e antipáticos. - acrescenta a joaninha
– Que estranho! - murmura o coelho
– É por isso que estou a dizer que são uma ameaça. - repete o gato
– Mas isso deve ser uma fase menos boa que está a viver…! - comenta o cogumelo
– Qual? - perguntam em coro
– Desculpem interromper…têm toda a razão no que dizem, mas eles têm razões para andar assim! - explica a flor
– Têm? (p.c) Qual? - perguntam todos
– Fizemos-lhe algum mal? - pergunta o coelho
– Não! (p.c) Nós não…mas têm o filhote doente! - responde a flor
– Doente? - perguntam em coro
– Sim. - responde a flor
– Espero que não seja nada de contagioso! - suspira a borboleta
– Não deve ser. - sossega a flor
– Mas como é que sabes? - pergunta a joaninha
– Eu vivo aqui mesmo ao lado. O pobre bichinho tosse, espirra, treme…coitadinho…! E ouvi dizer que ele estava a ferver de febre! - responde a flor
– Sempre que vinha aqui visitar o pimpolho felpudo…quase me comiam! (p.c) Deixei de vir. Mesmo não querendo, não tive escolha. - diz a borboleta
– Claro, têm toda a razão, mas agora, engulam essas mágoas, porque eles precisam de todo o nosso apoio. (p.c) Estão muito assustados e preocupados. - diz a flor
– Desculpa, isso não justifica o comportamento agressivo deles, porque nós visitamos porque queremos, e só queremos ajudar. - pensa alto, o cogumelo
– Certo, mas nestas alturas temos de os compreender, porque se tivéssemos filhos talvez reagíssemos da mesma maneira. - responde a flor
– Eu tenho filhos, e eles já ficaram doentes, mas eu nunca reagi assim. - diz o coelho
– Se calhar o problema dos teus filhos nunca foi tão grave, felizmente. - explica a flor
– É, pode ser, mas não é motivo para reagir assim…até porque não fomos nós que o pusemos doente, certo?
– Certo. - respondem todos
– Mas o que é que tem o bebé? - pergunta a joaninha
– Não sei…veio aqui uma veterinária buscar o lobinho, e ainda não voltaram! - diz a flor
– E eles também atacaram a veterinária? - comenta o cogumelo
– Quase! E ainda lhes espetaram os dentarrões…o lobo pai estava fora dele! Não queria que a veterinária tocasse nele! - responde a flor
– Que feitio. - comenta o cogumelo
– Ele sempre disse que não precisava de ninguém…que ninguém podia tocar nele…corria toda a gente. - acrescenta o gato
– Mas achas que é grave? - pergunta o coelho, preocupado
– Infelizmente acho que sim! - diz a flor
– O que interessa é que o lobinho fique bem…- acrescenta a borboleta
– Comigo, ele que não conte! - diz o gato orgulhoso
– Deixa de ser orgulhoso…pelo menos num momento como este! - pede a joaninha, sensível
– Eu detesto bichos arrogantes como ele. - comenta a murmurar, o gato
– Mas não é ele que precisa, é o pequenino! - lembra a joaninha
– Tenho a certeza que estás a dizer isso só da boca para fora! - diz a borboleta a rir
– Claro que sim…! (p.c) Eu sou Pai…entendo muito bem essas coisas… (p.c) Os pequenos tocam-nos sempre, independentemente dos pais que têm. - concorda o coelho
– Ele tem a mania que é superior, e eu detesto isso. - comenta o gato
– Deixa-o ficar lá com a mania dele…se o pequeno precisar, tenho a certeza que vais ajudar…! - aconselha o coelho
– Ele também não é o meu melhor amigo, mas neste momento interessa-me que o pequenote fique bem. - comenta o cogumelo
– Pois. - concordam e respondem todos
– Se ele precisar, estou aqui. - acrescenta o cogumelo
– Ainda vais estar do lado desse selvagem? - pergunta o gato, desconfiado e surpreso
– Sim… - responde o cogumelo
– Nestas horas devemos esquecer todas as feridas, e reagir de maneira diferente, para ele engolir um sapo! - diz a borboleta
– Vais servir-lhe um sapo para almoço? - diz o coelho a rir
(Todos riem)
– É uma maneira de dizer que ele vai engolir toda aquela arrogância, vaidade e superioridade, quando perceber que aqueles a quem ele ofende, estão do lado dele, quando mais precisa! - explica a borboleta
– Áh! - exclama todos com um sorriso
– Eu farei o mesmo. - assegura a flor
– Eu também. - acrescenta a joaninha
– A mim também pouco me importa a maneira como ele falou comigo…o que interessa é que o bebé fique bem. - diz o coelho
– Claro. - diz a borboleta
– Mas não podemos fazer nada, com certeza! Não somos médicos. - comenta o gato
– Não somos médicas, ou médicos, nem temos instrumentos ou medicamentos, mas temos coração e sentimentos! - responde e explica a borboleta
– Pois. - concorda a joaninha
– E até parece que isso cura! - comenta o gato irónico, desconfiado
– E cura! - concordam todos
– Sim, quem é pai, sabe muito bem disso. - lembra o coelho
– Desculpa, eu não sou mãe, e sei muito bem disso. - diz a borboleta
– Está bem. - diz o coelho
– Mas podemos rezar por ele aos Deuses da floresta! - lembra a flor
– Claro que sim! - dizem todos
– Desculpem, eu não sei rezar. - lamenta o gato
– Mas sabes pensar positivo, acho eu…- diz o cogumelo
– Sim, isso sim. - responde o gato
– É o suficiente. - dizem: a flor, a borboleta e a joaninha
– Cada um pede à sua maneira… - convida a flor
– É…não tem que ser uma oração. - concorda e acrescenta a borboleta
– Pode ser só um pedido por ele, ou um simples pensamento de que ele vai ficar bem. - sugere a joaninha
– Claro. - respondem em coro
– Bem, isso consigo! - diz o gato
– E quando eles vierem devemos mostrar a nossa dedicação e preocupação com eles. - aconselha a flor
– Sim, para não se sentirem sozinhos…num momento como estes! - concorda o coelho
– São muito otimistas. - ri o gato - desculpem!
– E temos de ser. - dizem em coro
– Não conseguimos nada, se formos pessimistas, ou se andarmos sempre a pensar em tristezas…até a saúde piora, e bloqueia-nos. - explica a borboleta
– É. Sabes, Gato, às vezes é preciso apanhar assim um susto para amolecerem, e para sentirem a vida…o coração a bater…e para se lembrarem que têm sentimentos. - diz a flor
– Verdade. - concorda a borboleta
– Vem aí o Lobo. - repara a joaninha
(O lobo vem muito triste, cabisbaixo, a passo lento e a uivar baixinho).
– Olá! - dizem todos
– Olá. - responde o lobo, triste
– Tudo bem, amigo? - pergunta a borboleta
– Não, não está nada bem. - responde o lobo, triste
– Então? - perguntam todos, assustados
– O que aconteceu? - pergunta o coelho, preocupado
– O meu filho…não está nada bem…está gravemente doente…ficou internado. - conta o lobo, quase a chorar
– O quê? - perguntam todos, surpresos e preocupados
– Mas o que é que ele tem? - pergunta a flor
– Tem uma infeção pulmonar e outras coisas…com nomes estranhos! - explica o lobo
– Óh, que tristeza! (p.c) Mas olha, não desanimes…o teu filho precisa da tua força. - diz a joaninha
– É isso mesmo! Tem força! - concorda e acrescenta a borboleta
– Vai correr tudo bem. - reforça o cogumelo
– Ele já está entregue…e não tarda nada, anda por aí a correr outra vez. - comenta o gato, com pena
– Aúúúúúúúúú… o que é que eu fiz para merecer isto? - lamenta o lobo, triste
– Nada. - respondem todos
– Por favor, não penses que isto é castigo por alguma coisa…! Nada disso. - diz o coelho
– Esses problemas toda a gente tem. Grandes e pequenos…! Acontece! - reforça o gato
– Ai, o meu filho! (p.c) Eu não posso viver sem ele…! Nem sem a mãe. - uiva o lobo, triste
– Ei… - dizem todos
– Não penses nessas coisas tristes! - sugere a joaninha
– Pensa que ele vai salvar-se! E vai! - garante a borboleta
– Acredita! Ele é forte, jovem, corajoso…! - aconselha o coelho
– Acredita! Vai correr tudo bem. - relembra o gato
– Mas ele está mal… - chora o lobo
– Ma vai ficar bem! - garantem todos
– Ai, tenho tanto medo…nunca tive tanto medo na minha vida! - uiva o lobo
– É normal. Toda a gente, na tua situação tem medo! (p.c) Mas, tens de ser mais forte que o medo…acreditando e desejando que tudo vai correr bem. - diz a borboleta
– Sim, claro que sim. Não desanimes. - acrescenta a flor
– Estamos todos do teu lado, e a torcer por ele! - diz a joaninha
– Nós acreditamos que ele vai vencer. E vai ficar bom! - acrescenta o cogumelo
– O que podermos fazer por ti, e por ele…faremos. - diz o coelho
– Nada. Rezem por ele…se quiserem! - sugere o lobo, triste
– Claro que sim! - dizem todos
– Tem força, amigo. - diz o gato, sensibilizado
– Estamos contigo! - acrescenta o coelho
– Não desistas! - reforça a borboleta
– Vai correr tudo bem…ele é frágil e pequenino, mas é novo, e vai resistir. - assegura a flor
– Ele vai ficar bem! Não duvides! - diz o cogumelo
– Ele vai vencer…com a nossa união. - garante a joaninha
– Precisas de alguma coisa? - oferece o gato
– Não. Só preciso que o meu bebé fique bom! - comenta o lobo a chorar
– Vai ficar bom. - respondem em coro
– Muito obrigada por não me virarem as costas! (p.c) E por estarem aqui. (p.c) Muito obrigada pelas palavras de força. - agradece o lobo
– Claro que estamos aqui. - garante a flor
– Porque haveríamos de te virar as costas? - pergunta a joaninha
– Porque eu às vezes sou mau convosco. E agora…mesmo depois de ser mau convosco…estão aqui. - reconhece e lamenta o lobo
– Deixa lá isso. - diz o coelho
– Todos nós temos os nossos dias maus, e momentos de zangados…mas não é altura de falar nisso agora. - concorda o cogumelo
– Desculpem-me. É que estou muito assustado. - diz o lobo, triste
– Nós entendemos. Sabemos que não fizeste por mal. - responde o coelho
– Esquece! - diz o gato
– Centra agora o teu pensamento no teu filho…deixa o resto. - diz a borboleta
– Fica descansado. Estamos contigo, neste momento difícil, e em todos os outros que tenhas. - assegura a joaninha
– Sim, o teu filho vai ficar bem. - acrescenta e reforça o gato
– Precisas de alguma coisa de nós? - pergunta a flor
– Por favor…se não for pedir demais…se puderem…fiquem comigo, um pouco. - pede o lobo
– Com certeza! - respondem todos
Fazem um pouco de companhia ao lobo e conversam com ele sobre outras coisas para o animar. Ao fim da tarde o lobo volta para o hospital, e a loba vai a casa. A borboleta convoca todos os animais da floresta para que se juntem e rezem pelo lobinho. A Loba também participa. Juntam-se todos em torno de uma cascata gigante à luz da lua.
Em silêncio, centenas de animais, incluindo lobos, dão as mãos e formam uma grande corrente de animais. Cada um pensa positivo, à sua maneira enviam muita luz e muitos pensamentos positivos para o lobinho, pensamentos de carinho e de saúde, desejos de força e de melhoras. É emocionante ver, pois de cada patinha começa a emanar luz…e calor…na água aparecem estrelinhas e luzinhas a cintilar.
Depois todos partilham os seus pensamentos positivos, em voz alta, e em coro «pelo lobinho…força lobinho…o lobinho vai ficar bom…estamos contigo lobinho…e muitas outras frases cheias de boas energias. Pouco depois, formou-se uma bola gigante, de luz, uma luz linda e intensa…essa bola de luz tinha dentro os milhares de pensamentos positivos que dirigiram ao lobinho.
No dia seguinte, o lobinho estava praticamente na mesma…nem melhor nem pior…! Estava medicado e internado, gravemente doente. Mas os animais voltaram a formar essa corrente, várias vezes por dia, e nessa noite. Além disso, iam ter com o lobo e ajudaram-no no que ele precisava.
Na manhã seguinte, o bebé lobinho começa a melhorar e a corrente continua…à medida que a corrente se forma, o bebé melhora também, e a loba fica mais feliz, o lobo também se torna muito mais meigo, e mais simpático. Os animais fazem essa corrente até o bebé ficar totalmente bom, e vão visitá-lo.
Quando finalmente regressa a casa, os lobos fazem uma grande festa para agradecer todo o apoio dos vizinhos e amigos.
– Nós bem dissemos que o teu filho ia vencer. E venceu. - diz a borboleta, orgulhosa
– Foi a vossa corrente de pensamentos positivos e de carinho que curou o meu filho! - responde a loba, feliz
– Era a única coisa que podíamos fazer por ele…não somos médicos, mas temos amor e carinho pelo teu filho! E por vocês! Somos amigos! - comenta a flor, sorridente
– Sim, é verdade! - responde a loba, feliz
– Não sei como vos agradecer. Todas as palavras de agradecimentos do mundo, são insuficientes para traduzir a minha gratidão pelo vosso apoio. - comenta o lobo
– Não tens nada que agradecer. - responde o cogumelo
– Fizemo-lo com todo o coração! - diz a borboleta a sorrir
– O maior agradecimento já o temos! O teu filho está curado! - acrescenta a flor
– Sim, é verdade! - dizem todos
E a festa continua, o lobo faz vénias, distribui abraços apertados e lambidelas carinhosas, para agradecer o que fizeram por ele e pelo filho, volta a ser um lobo simpático, conversador, brincalhão, generoso com os amigos que estiveram do lado dele quando mais precisou.
A amizade venceu, e a luz positiva iluminou, devolvendo a saúde ao bebé. Um dia, cada um de nós, pode precisar que se construa uma corrente de pensamentos positivos, amor, amizade e luz, à nossa volta, que nos cure. E funciona, sendo feita com sinceridade e com o coração…com amizade. Acreditem sempre na força dos pensamentos positivos, na força da amizade e da união! Não são médicos, mas podem curar alguém construindo uma corrente positiva e de amor e de luz curativa!
FIM
Lálá
(30/Dezembro/2012)
Uma história de superação, fé e muito amor.Correntes de amizade e pensamento positivo, ajudam muito em qualquer situação da vida.Parabéns uma história "quase"real
ResponderEliminarMuito obrigada! Muito verdade, é mesmo importante acreditar em alguma coisa superior, uma luz, em anjos ou no que for! As correntes de amizade e a presença são forças indescritíveis. Obrigada pela visita. Beijinhos
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