Um dia, a pobre pantera sofreu uma
depressão no Inverno que foi muito rigoroso: isolou-se, não falou com ninguém,
comeu pouco, chorou muito. Todos os animais andavam tristes, mas iam
conseguindo sobreviver com a amizade e o apoio uns dos outros.
Na sua toca, um dia, quase no fim do
inverno, apareceu uma fada de roupa muito colorida, asas salpicadas de cores, e
numa mão trazia pincéis, tintas e uma palete. Na outra mão tinha um bloco de
folhas. A pantera assusta-se.
- Nunca vi um bicho
deste tamanho, neste estado! – Diz a fada
- Estás a
insultar-me! Eu sou uma pantera. Não sou bicho. – Responde a pantera
- Eu conheço-te
muito bem.
- Quem és tu? Já chegamos
ao Carnaval?
- Não! Porquê? É a
época do ano que mais gostas?
- Não propriamente…mas
vi-te assim vestida.
- O que tem a minha
roupa? É gira, não é?
- É sim. A minha é
mais.
- Cada uma tem a
sua beleza.
- Pois claro. Mas
quem és tu?
- Sou a tua
salvação!
- O quê? Salvação de
quê?
- Para te tirar da
tua depressão.
- Não sei o que
estás a dizer.
- Estás aqui
metida, não vais lá para fora…estás triste…não quero ver-te assim.
- Deixa-me estar. Só
estou um bocadinho triste, no Inverno todos ficamos.
- Mas eu não quero
que fiques assim.
- Quem te chamou?
- Eu mesma!
- Mas eu não quero
a tua salvação. Eu própria, quando a primavera começar, já fico como nova. Não preciso
de ninguém. Quero ficar aqui na minha toca.
- Mas eu não posso
deixar-te assim. Quero que pintes!
- Ora essa… - ri –
Pinta tu, se não tens mais nada para fazer.
- Por favor…pinta!
- Não trabalho de
graça!
- Gostas de pintar,
não gostas?
- Gosto…quer dizer…já
não pinto há muito tempo.
- Pinta agora…por
favor!
- Mas pinto o quê? E
para quê?
- Pinta o que tu
quiseres…com estas tintas e estes pincéis, e estas cores. As cores fazem bem.
- Mas que chata! Eu
não quero desenhar, nem pintar…nem sequer sei fazer tal coisa.
- Mas é claro que
sabes! Conheci as tuas obras de arte há pouco tempo…é cada qual a mais bonita!
A pantera ri-se.
- Obrigada.
A fada pousa as folhas no cavalete,
os pincéis e as tintas.
- Levanta-te e
pinta! – Diz a fada
A pantera fica nervosa.
- Já estou a ficar
irritada…
- Boa! É sinal que
estás a acordar! – Ri a fada
- Queres ver-me
irritada?
- Não… quer dizer…podes
ficar irritada, eu não tenho medo. Sei que debaixo desse pêlo todo…há um bom
coração!
- Só para quem
merece.
- Vá lá. Pinta!
- Ai…que chata! Só porque
estás a insistir, e já que elogiaste os meus quadros, vou ver se consigo pintar.
Só para te calares, e contra a minha vontade.
- Obrigada por
fazeres isso por mim! Eu sei que quando começares, não vais querer outra coisa.
A pantera olha para a folha, para as
tintas, abana a cauda de um lado para o outro, bate com ela no chão. Pega num
pincel, e molha numa cor…desenha uns rabiscos.
- Ei…eu…afinal…gosto
disto! – Comenta a pantera a sorrir
- Claro que gostas.
A pantera entusiasma-se e começa a
rabiscar, a misturar cores. Passado um bocado ri-se, muda de folha, e desenha
uma coisa concreta, que gosta.
- Áh! Há quanto
tempo que eu não pintava! – Suspira a pantera
- Que linda que
está essa pintura! – Comenta a fada
A pantera abre um grande sorriso, e
brinca com as cores, pinta quadros lindíssimos e sente-se cheia de energia,
fica feliz, como já não ficava há muito tempo.
- Vou lá para fora!
Estou como nova! – Diz a pantera a sorrir
A fada aplaude e segue-a. A pantera
cumprimenta todos os amigos, saltita, corre, espreguiça-se, deita-se e rebola
na relva, visita os seus sítios preferidos onde já não ia há muito tempo, bebe
nas fontes, brinca com as amigas. Todos ficam muito felizes por ela.
Quando volta para a toca, volta a
pintar, e a divertir-se com as cores. A fada desafia-a, e até pinta com ela. Fica
surpresa consigo mesma, e maravilhada com as suas obras. A pantera volta a ser
muito feliz.
E vocês? Gostam de pintar? E de
cores? Quais são as vossas cores preferidas?
FIM
Lálá
(4/Fevereiro/2015)
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