Era
uma vez um ser pequeno, que vivia numa grande e imensa floresta. Ele adorava
viver nesse sítio, mas sempre que olhava para a paisagem de outros sítios da
floresta, ficava muito curioso por conhecê-los.
Apesar de querer conhecer, a sua
maravilhosa casinha prendia-o! Nunca se afastava muito por isso, porque queria
conhecer outros sítios lindos, mas não queria deixar a sua casa para trás.
Sentia-se muito dividido, entre o ir e o
ficar. Um dia, pensou, pensou, pensou…até que foi pedir ajuda ao sábio da
floresta, um senhor com mais de cem anos, mas ainda com a cabeça fresca e muito
simpático.
O sábio estava a meditar, sentado num rochedo cheio de
ervas, encostado a uma árvore. O pequeno ser não quis incomodar, e esperou que
o sábio abrisse os olhos. Mas o sábio sentiu uma presença.
-
Quem está aí? – Pergunta o sábio
-
Sábio…desculpe estar a incomodar. – Responde o pequeno ser
-
Olá, filho.
Abre os olhos.
-
Pode terminar a sua meditação…
-
Não. Senti uma presença. Agora não consigo. Não faz mal…diz-me o que precisas!
O pequeno conta a sua dúvida.
-
Hum! Estou a perceber.
-
O que devo fazer?
-
Anda comigo.
Os dois entram numa oficina. O sábio constrói
um cogumelo insuflável, muito leve, e muito espaçoso.
-
Aqui podes meter tudo o que te faz mais falta, e viajar à vontade, parar quando
quiseres, sem te preocupares com sítio para dormir.
-
Uau! É linda! Mas…não é a minha casa…
-
Passa a ser…
-
Sim…?
-
Claro. A nossa casa é sempre a nossa casa, mas também precisamos de sair dela,
para conhecer outros sítios, principalmente para darmos valor ao que temos, e
muitas vezes ignoramos. Experimenta como é leve! Mesmo quando puseres lá tudo o
que precisas, continua leve.
O pequeno experimenta.
-
Áh! Realmente é muito leve…e de muito fácil transporte. Óh…obrigado sábio.
-
Vai…leva o que quiseres, e quando voltares, saberás que tens a tua casa, a
verdadeira à tua espera, no mesmo sítio.
-
Sim, é verdade.
Os dois conversam mais um pouco, e o
pequeno ser regressa à sua casa. Enche a casa insuflável com o que mais
precisa: comida, bebida, roupas de cama, e produtos da sua higiene, e lá vai
ele.
Antes de sair de casa, olha para ela. Umas fadas que
vivem no sótão da sua casa, asseguram-lhe que tomarão muito bem conta da casa
enquanto ele está fora. Desejam-lhe boa viagem, e ele mete pés ao caminho com a
sua segunda casa às costas.
Lá vai ele todo feliz, caminha por sítios onde nunca
tinha andado, vê árvores que nem fazia a mais pequena ideia que existia, animais
e plantas que desconhecia, e outras maravilhas da natureza que ele pensava que
só existiam na sua imaginação.
Sobe montes, atravessa montanhas, corre, rebola, toca
em tudo, anda descalço, abraça árvores, acaricia animais que encontra pelo
caminho, toma banho em rios e faz tudo o que sempre quis.
Quando quer comer, beber, descansar ou apreciar com
mais pormenor a paisagem, tira a casa das costas, e pousa-a no chão. Acampa em
praias ou em campos verdes. Nessa casa, sente-se como se estivesse na sua
verdadeira casa, da floresta. É confortável e térmica.
À noite, no silêncio, quando se deita, fica a apreciar
um pouco o lindo manto de estrelas que está por cima dele, a ouvir os pássaros
que chilreiam, as cigarras e os grilos, os sapos e as rãs, e o som da água dos riachos.
Ele está encantado. Dorme um rico sono, e no dia
seguinte, depois de um bom pequeno-almoço, continua o seu passeio, sempre com a
casa às costas. Ao chegar a uma montanha muito alta, sente o vento forte na
cara, e vê uma paisagem maravilhosa. Daí, consegue ver a sua casa verdadeira e
as dos vizinhos.
Abre um grande sorriso, e nessa montanha descobre
centenas de tesouros e surpresas agradáveis que nunca tinha imaginado, nem
visto. Nesse dia, acampou nessa montanha. Essa noite, apanhou alguns pequenos
sustos, com sons de animais diferentes que tinha ouvido no campo, e o próprio
som do vento, era mais assustador.
Decidiu andar mais um pouco, e começou a sentir falta
da sua casa verdadeira. Então, depois de uma grande volta, voltou para a sua
casa. Caminhou a noite toda, e chegou com o nascer do sol. As fadas
receberam-no surpresas pelo regresso tão rápido, e ele contou-lhes tudo o que
viu. Para elas já não era novidade, porque já tinham andado por todo o lado,
mas no fim, voltavam sempre à casa que mais gostavam…a casa do pequeno ser!
-
Sabem, eu gostei muito de conhecer todos os sítios por onde passei estes dias,
mas a minha casa, é sempre a minha casa…e é a melhor. – Diz o rapaz às fadas.
E depois desse dia, quando ele queria,
lá voltava a pôr a casa às costas e passeava por onde queria, mas voltava
sempre à sua casa.
FIM
Lálá
(15/Janeiro/2015)
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