Era uma vez um índio que comandava toda uma enorme comunidade de famílias de índios. Todos tinham bons corações, viviam em paz e em comunhão com a natureza.
Um dia, um dragão com penas enormes, muito
belas e cheias de cor atraiu os índios, que ficaram hipnotizados com a beleza e
os movimentos misteriosos desse dragão.
O que eles não sabiam é que esse dragão
tão bonito tinha sido criado por uma bruxa malvada que vivia na caverna de um
vulcão adormecido. Essa bruxa criou o dragão para tornar os índios muito frios
entre si, e para que andassem sempre zangados.
Como os índios não sabiam isso,
aconteceu mesmo. O dragão sobrevoou durante muito tempo a comunidade, e de um
dia para o outro os índios começaram a relacionar-se muito mal!
Deixaram de se respeitar, estavam sempre a provocar-se
e a implicar uns com os outros, parecia que se tinham esquecido de como se
sorria, e que de repente não se conheciam, todos gritavam uns com os outros,
lutavam, agrediam-se, chutavam-se.
A bruxa estava disfarçada entre as penas coloridas do
dragão, e via tudo o que estava a acontecer. Estava a ficar realmente muito
satisfeita e feliz, por ter conseguido o que queria. Por isso, sentia-se muito
poderosa e ria às gargalhadas.
O índio não gostou nada do que viu. Começou a achar
tudo muito estranho, e que talvez fosse mesmo um feitiço, mas não tinha a
certeza, por isso, decidiu reunir a comunidade, muito preocupado.
Até nesta reunião não se entenderam. Em vez de se
cumprimentarem. Peguinharam uns com os outros, até a escolha do lugar onde cada
um ia ficar, provocou discussão. Nunca outra tinha acontecido antes.
O Índio grita:
- Silêncio!
Todos obedecem.
- Mas o que é que
se passa convosco? Não estou a perceber! Nós, que éramos uma família, que nos
dávamos todos muito bem, e vivíamos em paz…éramos simpáticos e carinhosos…e
agora…andamos à luta, discutimos…por tudo e por nada?! Não estão a cumprir as
nossas leis! Um dia destes teremos as consequências dos nossos antepassados. Eles
estão com certeza muito desiludidos. E os vossos olhos, que estranhos que estão…
Faz-se silêncio. Ninguém responde.
- Então? Alguém vos
ofereceu alguma bebida estranha?
- Não! – Respondem todos
os índios
- Então, porque
mudaram tanto?
- Não sei! –
Respondem todos
- Como não sabem?
Ele olha para cima
e vê o dragão
- Óh não…-Suspira o
dragão.
- Acho que fomos
descobertos! Maldição! – Diz a bruxa.
- Estava tudo a
correr tão bem… - Murmura o dragão
– Até eu, estou
fora de mim! Acho que este dragão tem alguma coisa a ver com isto.
- Eu não! Não tenho
nada a ver com isto. – Grita o dragão
- Mas eu sim! –
Grita e ri a bruxa às gargalhadas
O dragão aterra.
- Claro…só podias
ser tu! Maldita! – Comenta o índio
- Olá! Estava com
saudades tuas…! – Diz a bruxa com gozo fininho
- Cala-te! Não sabes
o que é ter saudades. Porque não deixas a minha comunidade em paz…? – Pergunta o
Índio
- Já disse…porque
tinha saudades tuas. – Insiste a bruxa
- Mas estás louca? Quer
dizer…sempre foste…
- Não estás a ser
simpático comigo…
- Nem tenho de ser…
tu não mereces.
- Ai…
- Ai…digo eu! Foste
tu que puseste a minha comunidade assim, não foste?
- Fui!
- O que pretendes
com isso?
- Adoro vê-los a
dar-se mal…odeio como vocês se entendem.
- O quê?
- Claro é horrível aquela
meladice deles…que seca! Que monotonia…assim estão muito melhores.
- Para ti, minha
monstra. Claro, como não estás bem, nunca soubeste o que é uma família, nem o
que é o amor…achas que ninguém tem direito a ter… sabes uma coisa…no fundo
tenho pena de ti! Sentes falta de alguém que te ame, que te mostre como é bom
ser amado, e amar…! Mas não sou eu quem te vai mostrar.
- Tantas palavras
horríveis! Nunca precisei dessas porcarias.
- Mete essa língua
nojenta e poluída no saco, quando falas sobre o bem, e sobre o amor…porcaria és
tu!
- Ai, até fiquei
vaidosa, agora! Obrigada! – Diz a bruxa
- Não te fiz nenhum
elogio.
- Para mim, é um
elogio, chamares-me porcaria!
- És uma infeliz… Põe-te
a andar para a tua toca…deixa-nos em paz.
- Mas eu não quero.
- Mas eu não quero
saber o que é que tu queres, ou não. Já sei que só queres o mal, mas nós
queremos o bem…por isso, aqui não és bem-vinda.
- Estás a
expulsar-me?
- Sim, estou.
- Não pode ser…estou
destroçada. – Ri a bruxa
- Cala-te…e põe-te
bem longe daqui…fizeste algum feitiço com o meu povo?
- Fiz. Não gostaste?
- Não. Desfaz
imediatamente, antes que tenhamos mais problemas.
- Óh…que ingrato…eu
ofereci-te uma prenda com tanto carinho, e agora estás a escorraçar-me? – Diz a
bruxa com ar de gozo
- Não sabes o que
dizes…desaparece…!
- Não sejas assim…
- Espero que um
dia, alguém te ensine e te mostre o que é o bem, e o que é amar.
- Só nos meus
maiores pesadelos.
- Tens medo das
coisas boas…claro!
- Não preciso de nada
dessas coisas.
Um antepassado em forma de águia voa, dá
um sonoro grito, e atira setas à bruxa e ao dragão, que gritam e desaparecem, e
o povo desperta, voltando ao normal.
- Mas o que é que
aconteceu? – Pergunta um índio
- O dragão cheio de
cor que viram, com as penas cheias de cor, afinal era uma armadilha da bruxa! Era
ela que estava a fazer com que se tornassem uns autênticos primitivos
selvagens. Para a próxima tenham muito cuidado com as belezas que vêem os
vossos olhos. A beleza é perigosa.
- Fomos
enfeitiçados? – Pergunta uma Índia
- Sim! Mas já
passou.
Os índios fazem uma roda à volta de uma
fonte e deixam-se molhar pelos jactos de água potentes, de vários pontos da
fonte. Depois, mergulham num mar paradisíaco, com águas muito limpas, serenas,
de mãos dadas. Largam as mãos, e nadam livremente.
No fim, secam-se ao sol, na areia e por cima voam
lindas fadas que espalham pós de amizade, amor, carinho, respeito e felicidade.
É um ritual de purificação, quando são invadidos por más energias.
Aparece também a fada da família que envolve toda a
comunidade numa luz brilhante que os vai defender da maldade. Pedem desculpa
uns aos outros, abraçam-se e tudo volta à paz de sempre.
Fazem um belo jantar, onde antes de
comer e beber, agradecem aos antepassados e pedem protecção contra as maldades
da bruxa invejosa…e a festa dura até de manhã, com muita alegria, risos, trocas
de carinhos, danças e brincadeiras.
Toda a comunidade volta a viver como uma
grande e verdadeira família, amiga, unida e feliz. o chefe índio está realmente
orgulhoso.
FIM
Lálá
(15/Janeiro/2015)
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