BONECOS E FOTO TIRADA POR MIM
(GONÇALO E MARIA LUÍSA)
NARRADORA - Era uma vez dois irmãos: um menino que se chamava Gonçalo e uma menina que se chamava Maria Luísa. Foram passear pelo campo, e começaram a brincar e a correr, a rebolar na relva. Correm tão rápido e tão felizes que não repararam que estava um grande tronco de madeira, redondo. Deram uma grande cambalhota e caem em cima de um fardo de palha.
(GONÇALO E MARIA LUÍSA)
NARRADORA - Era uma vez dois irmãos: um menino que se chamava Gonçalo e uma menina que se chamava Maria Luísa. Foram passear pelo campo, e começaram a brincar e a correr, a rebolar na relva. Correm tão rápido e tão felizes que não repararam que estava um grande tronco de madeira, redondo. Deram uma grande cambalhota e caem em cima de um fardo de palha.
GONÇALO
(gargalhadas) – Ai…ficamos sem travões!
MARIA LUÍSA (a rir)
– Pois foi! Ainda bem que estava aqui este fardo de palha, se não,
esborrachávamo-nos no chão como as frutas estragadas que caem das árvores.
GONÇALO (a rir) –
Pois era! Nem sei em que é que tropeçamos!
MARIA LUÍSA – Acho
que foi neste tronco.
GONÇALO – Áhhh…pois
foi!
MARIA LUÍSA – Podia
ter sido muito pior.
GONÇALO – Pois.
MARIA LUÍSA –
Olha…está aqui qualquer coisa a brilhar…um fio de palha?
GONÇALO – Não me
parece que seja um fio de palha mais claro que os outros.
(Maria Luísa pega no
fio)
MARIA LUÍSA – Áh…não
é um fio de palha mais claro que os outros. É um fio de ouro!
GONÇALO – De gente.
MARIA LUÍSA – Claro
que é de gente. É parecido com o da mamã.
GONÇALO – Áh! Pois
é! Será que é dela?
MARIA LUÍSA – A mamã
costuma trazer fios, para o campo, não se trouxe hoje.
GONÇALO – Eu também
não reparei se trouxe. O que fazemos? Deixamos aqui o fio ou levamos?
MARIA LUÍSA –
Levamos para ver se é da mamã.
GONÇALO – Está bem.
E se não for? Ficamos com ele?
MARIA LUÍSA – É
claro que não ficamos com ele. Perguntamos à mamã se ela sabe de quem é.
GONÇALO – Isso. E se
a mamã não souber de quem é?
MARIA LUÍSA –
Perguntamos à mamã o que fazemos.
GONÇALO – É! A mamã
sabe sempre tudo! Mas, e se…
MARIA LUÍSA – Pára
de fazer perguntas. A mamã vai saber o que fazer.
NARRADORA – Os
meninos pegam no fio, e vão para casa. Pelo caminho vão muito atentos para ver
se alguém poderá estar à procura do fio.
GONÇALO – Olha
mamã…encontramos o teu fio!
MÃE (surpresa) – O
meu fio? Qual fio?
OS DOIS – Este.
(Mostram o fio)
MÃE – Este é
parecido com o meu…mas não é meu!
OS DOIS – Não?
MÃE – Não. Hoje não
o levei para o campo.
MARIA LUÍSA – E não
o levaste o outro dia?
MÃE – Levei no outro
dia, mas está ali. Na minha mesinha.
MARIA LUÍSA – Tens a
certeza, mamã?
MÃE – Absoluta. Mas
onde encontraram isto?
MENINOS – No campo.
MARIA LUÍSA – Lá
fora, no nosso campo.
GONÇALO – Tropeçamos
num tronco que estava no chão quando íamos a correr, e caímos em cima de um
fardo de palha.
MARIA LUÍSA – Sim, e
depois vimos alguma coisa a brilhar, pegamos, e vimos que não era um fio de
palha mais claro que os outros, era um fio de ouro, de uma pessoa.
GONÇALO – E pelo
caminho viemos sempre atentos, para ver se alguém o procurava.
MARIA LUÍSA – É. Mas
não apareceu ninguém.
GONÇALO – É um fio
igual ao teu, por isso pensamos que era mesmo o teu.
MARIA LUÍSA – Pois,
por isso é que o trouxemos, para ver se era o teu.
MÃE – É parecido,
não é igual, mas é parecido. Às vezes podia ser o meu, mas não é.
MARIA LUÍSA – Não
sabes de quem possa ser?
MÃE – Deixem-me
ver…quem poderá ter estado hoje lá? Deve ser de algum caseiro dos Avós. Mas não
me lembro quem estava com fios, hoje.
GONÇALO – O que
fazemos agora, mamã?
MÃE – Agora voltam a
pô-lo lá! Pode ser que alguém sinta a falta dele e o procure.
MARIA LUÍSA – Mas…
MÃE – Não ficamos
com ele! Não é nosso, e a pessoa que o perdeu deve estar com certeza muito
triste…se o encontrar, vai ficar feliz e agradecida a quem mão ficou com ele.
MENINOS – Pois é.
Está bem.
MÃE – Além disso, se
aparece a dona ou dono do fio, e vê-vos com o fio, ainda vai pensar que foram
vocês que o roubaram!
MENINOS – Ui, não!
MARIA LUÍSA – Isso é
muito mau.
MÃE – Pois é.
OS DOIS – Já
voltamos.
NARRADORA – E os
meninos voltam a pô-lo em cima do fardo de palha. De repente, aparece a filha
de um dos caseiros da Avó dos meninos, a chorar muito, com a sua mãe. Estão a
olhar para o chão, e para todo o lado, entre as árvores, nos riachos…
MÃE 2 (resmunga) –
Pára de chorar e procura como deve ser. Se o perdeste aqui, está por aqui…mas
que irresponsável. Merecias umas sapatadas.
MARIA LUÍSA – Nunca
perdeu nada?
MÃE 2 – Olha a pirralha!
MARIA LUÍSA – Porque
está a gritar tanto com ela?
MÃE 2 – Não te
metas, pequena.
MENINA 2 (a chorar)
– Perdi o meu fio…
GONÇALO – Como era o
teu fio?
MARIA LUÍSA – Nós
ajudamos-te a procurar.
GONÇALO –
Espera…será este?
NARRADORA - Os
meninas e a mãe vão ao fardo de palha onde está o fio, e quando a menina o
reconhece salta de alegria, ri, e grita:
MENINA 2 – Sim, é
este o meu fio! É este…
MÃE 2 – Foram vocês
que o roubaram?
OS DOIS – Não!
GONÇALO –
Encontramo-lo aqui, no fardo de palha.
MARIA LUÍSA – Nunca
ficaríamos com uma coisa que não é nossa!
GONÇALO – E nunca
roubaríamos.
MÃE 2 – Obrigada.
Este fio é mesmo valioso para ela.
MARIA LUÍSA – Nós
também teríamos ficado muito contentes se perdêssemos alguma coisa, e alguém a
tivesse encontrado.
GONÇALO – E
devolvido! Ou pelo menos, deixado onde encontrou.
MÃE 2 (sorri) –
Muito bem! Eu também já encontrei coisas na rua, que não eram minhas, e fui
entregá-las na esquadra da polícia…não sei se a dona foi lá procurar ou buscar,
mas pelo menos, eu fiquei descansada, porque não fiquei com elas.
GONÇALO – Pois! A
mamã também nos ensinou a fazer isso.
MÃE 2 (sorri) – E
muito bem.
MARIA LUÍSA – Então
porque é que pensou e perguntou-nos se tínhamos sido nós a roubar o fio dela?
MÃE 2 (embaraçada) –
Desculpem!
GONÇALO – Não tem
nada que desconfiar de nós.
MÃE 2 – Pois é…têm
razão. É que fiquei nervosa por ela o ter perdido.
MARIA LUÍSA – Nunca
perdeu nada, a senhora?
MÃE 2 – Sim, também
já perdi.
MARIA LUÍSA – E
encontrou-as, ou devolveram-lhas?
MÃE 2 – Umas sim,
outras não.
MENINA 2 (sorri) –
Muito obrigada, meninos! Se todos os meninos e papás ensinassem isso, e
fizessem isso, éramos todos mais felizes.
OS DOIS – Pois era.
NARRADORA – As duas
mamãs e os três meninos ficaram felizes e orgulhosos pelo que aconteceu. A
menina porque encontrou o fio que tinha perdido, e muito valioso para ela; o
Gonçalo e a Maria Luísa porque devolveram e não ficaram com uma coisa que não
era deles, e as mães, pela boa acção dos meninos. E vocês? Já devolveram alguma
coisa que encontraram e não era vosso, ou ficaram com ela? O que encontraram?
FIM
Lálá
(17/Junho/2014)
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