Era uma
vez uma casa perdida numa floresta, entre árvores gigantes, com troncos tão largos
que quase pareciam casas. Era uma casa pequena, muito pobre, onde vivia uma
família muito numerosa (6 filhos), mas ninguém sabia que viviam lá, pois raramente
ia alguém àquele sítio.
Os seus habitantes viviam à vontade,
andavam descalços, mas vestidos e limpos. Os adultos eram muito trabalhadores,
e os pequenos também já davam uma mãozinha no que podiam.
Um
dia, um casal foi acampar com os seus dois filhos para muito perto dessa casa.
Depois de se instalarem foram passear e repararam na casa.
- Óh mãe…vive ali alguém? – Perguntou o
menino
- Achas que sim…? Olha para a casa…está
toda velha! – Responde a menina
- Não sei, até pode viver lá alguém. –
Diz a mãe
- Mas como? – Pergunta o pai
- A casa só tem as paredes de pé…-
Acrescenta a mãe
- Pois.
- Parece uma casa de um filme de terror. –
Comenta a menina
- Eu não vivia ali. – Diz a mãe, segura
- Eu também não. – Respondem os filhos em
coro
- Eu até era capaz de viver ali, mas se
fizesse umas grandes obras! – Diz o pai
- Pois! – Diz a mãe
- Eu acho que aquilo não tem condições
para viver…deve chover lá dentro e tudo… - Diz o pai
- Com certeza! – Diz a mãe
E
continuam a passear, fazem um piquenique para jantar.
- Meninos…não se afastem! – Grita a mãe
dos 6 filhos
- Está bem! – Dizem em coro
E
começam todos numa gritaria, a correr e a rir felizes, cruzam-se com os
visitantes, sorriem-lhes e dizem:
- Boa Noite!
- Boa Noite! – Respondem em coro
- O que estão a fazer aqui a esta hora? –
Pergunta o pai
- Ainda por cima sozinhos… - Acrescenta a
mãe
- Não há perigo. Vivemos ali. – Responde a
criança mais velha apontando para a casa velha.
- Os vossos pais? – Pergunta o menino
- Estão em casa. – Responde o segundo
mais velho
- Onde é a vossa casa? – Pergunta a
menina
- Ali!
- Naquela casa a cair? – Pergunta a mãe
- Sim! – Respondem em coro
- Não pode ser… - Exclama o pai
- Está a cair…! – Diz a menina
- Sim, o aspeto exterior da casa não é
bom…mas é que não temos dinheiro para as obras. Enquanto isso, vivemos assim, e
já nos sentimentos muito felizes por termos uma casa. – Diz a criança mais
velha
- Pois…há muitos meninos que vivem na
rua, e nós pelo menos temos um tecto. – Diz a segunda criança mais velha
- A nossa é uma verdadeira casa. – Gaba-se
o menino
- Tens sorte…que bom para ti…mas para
nós, esta casa está óptima. – Responde o terceiro mais velho.
- É…e as árvores também nos protegem. –
Diz outra criança
- Quantos são? – Pergunta a mãe
- Oito…com os nossos avós às vezes somos
dez.
- E cabem todos? – Pergunta o pai
- Cabemos. – Respondem todos
- Mas chove lá dentro, não?
- Não! – Respondem as crianças
- Podemos visitar a vossa casa? –
Pergunta a mãe
- Claro que sim…venham.
Todos
vão a casa dos seis meninos. São muito bem recebidos, de forma muito simpática,
e os pais dos dois meninos ficaram tristes com a miséria que encontraram. Não tinham
luz, nem televisão, nem aquecimento…só a lareira, quase não tinham móveis, um
frigorifico, uma arca congeladora que tinha sido oferecida, e um fogão. Não tinham
camas…estas eram caixotes de madeira, partidos, cartões, almofadas e lençóis e
cobertores.
- Nunca passamos frio. Não nos falta
roupas, e temos a lareira… – Garante a mãe das crianças.
- Onde tomam banho? – Pergunta a menina
- Ali, como toda a gente…aquecemos a água
na lareira ou no fogão e tomamos banho com água quente. – Explica o pai.
As crianças tinham brinquedos construídos
por elas, pelo pai e pelo Avô. Muito diferentes dos meninos da cidade.
- Mas nem brinquedos têm… - Diz o menino
- Temos! – Respondem os seis meninos.
- São estes…
E
mostram brinquedos muito diferentes.
- Que seca… - diz a menina
- Seca? Porquê? Somos muito felizes com
estes brinquedos…adoramo-los! – Pergunta a mais velha
- Não tem nada a ver com os nossos
brinquedos. – Diz o menino
- Pois não. – Confirma a menina
- E como conseguem viver sem luz? –
Pergunta a mãe dos dois meninos
- Com a luz natural, e…temos luz. –
Responde a outra mãe
- Onde? – Pergunta a mãe dos dois meninos
- Não vê claridade?
- Sim, vejo. Mas vem de alguma lanterna?
- Não. Vem do amor que nos une. É por
isso que não precisamos de mais nada. Somos felizes, estamos vivos, temos saúde,
temos comida, temos um tecto e temo-nos uns aos outros. O resto…é secundário. –
Explica a outra mãe
- Áh! – Responde o casal da cidade.
- Que lindo! – Suspira e sorri a menina
da cidade
- De que vale ter muitas coisas, se não há
a luz do amor e do respeito, e alimentos, ou saúde? – Pergunta a outra mãe
- Isso tem razão…pensando bem! – Diz a
mãe da cidade
- Onde há família, amor e respeito…há
luz! – Diz a outra mãe
- Essa é a verdadeira luz, a que guia os
filhos pelos bons caminhos, pelos valores puros, pela educação e pela paz. –
Acrescenta o outro pai
- Sim, é verdade…
- Como vê, não chove aqui dentro, nem
passamos frio nem fome…temos tudo o que a terra nos dá de bom, e isso dá-nos
saúde.
Conversam
mais um pouco, e os outros pais, quando voltam para o acampamento estão
maravilhados, preenchidos, rendidos àquela família tão pobre. Olham para trás,
e realmente vê-se luz nas janelas da casa. O casal sorri.
- Será que a nossa casa também tem luz? –
Pergunta o pai
- Acho que sim…vamos perguntar às nossas
lâmpadas… - Diz a mãe a sorrir
Os
pais chamam as crianças
- Meus amores…acham que a nossa casa tem
luz? – Pergunta a mãe
As
crianças olham para a casa, encantados.
- Áh! Que linda luz! - Suspiram os meninos a sorrir
- De onde vem aquela luz, se eles não
tinham luz? – Pergunta a menina surpresa
- Eles tinham luz! – Assegura a mãe
- Mas não tinham candeeiros, nem
lâmpadas, nem nada…como é que aparece luz? – Pergunta a menina
- É a luz do amor! – Responde a mãe
- Áhhh! – Suspiram as duas crianças
- E a luz do amor é assim tão linda? –
Pergunta o menino
- Sim, filho! Quando é verdadeiro… -
Responde o pai
- Áhhh! – Respondem os meninos, surpresos
- Então…Sim, mamã…na nossa casa há muita luz…-
Diz a menina
- Uma luz tão linda como aquela! - Diz o menino
- Claro que sim, filhos… - Dizem os pais
em coro
- Agora, vamos pôr as nossas luzes a
descansar para amanhã brilharem mais fortes! – Diz o pai
- Mamã…eu tenho medo ao escuro! – Diz a
menina
- Nós estamos mesmo ao lado da vossa
tenda…não há medos! Há luz…o medo não gosta de luz. – Diz a mãe a sorrir
- Vais acender a tua luz para nós? –
Pergunta o menino
- Ela está sempre acesa para vocês, meus
pimpolhos… - diz a mãe sorridente
Abraçam-se,
e os pais vão deitar as crianças. O pai diz baixinho à mãe:
- Foi a tua luz que eu vi quando te
conheci! Ela era tão bonita, que me apaixonei por ti… E essa luz brilha até
hoje, sempre linda como no primeiro dia que te vi!
- Óh…meu amor…que lindo! – Diz a mãe
deliciada.
Trocam
beijos e abraços e a tenda das crianças fica toda iluminada de amor. Nos dias
seguintes, os pais dos meninos ajudam o casal e os filhos com tudo o que podem,
e o pai até ajuda nas obras. E a luz daquela casa, triplicou! Formaram uma
segunda família, uns para os outros.
É
sempre bom, e é preciso, os casais terem a capacidade de ver a luz um do outro,
e de a tornar mais forte, dia-a-dia para que os filhos sejam também iluminados
e tornem-se em cidadãos felizes, saudáveis e humanos.
FIM
Lálá
11/Junho/2014
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