É Setembro, e um
agricultor levantou-se muito cedo, com os primeiros raios de sol. Vestiu uma
roupa confortável, e um agasalho, pois nas primeiras horas da manhã está
fresco, e depois aquece. Tomou o pequeno-almoço, e toda a família ficou a
dormir, porque os seus filhos são muito pequenos, e a sua esposa ficou com
eles.
Pegou
nos seus lindos cães e levou-os para o campo, onde ficou de se encontrar com os
vizinhos, também jovens rapazes, e algumas raparigas para a colheita. Puseram logo
mãos à obra!
David
conduziu o trator, pelos campos todos, sem pressa, e os outros nos atrelados,
com as tesouras próprias para ficarem mais altos e chegarem mais facilmente aos
frutos que estavam mais acima. Outros vizinhos, jovens cortaram os cachos e
apanharam os frutos de baixo, e os mais velhos foram para outro campo, colher
os legumes.
Colocaram
tudo separado: maçãs em baldes, pêras noutro balde, uvas brancas noutro, uvas
vermelhas noutro, amoras, castanhas, amêndoas, feijões, cebolas, nabos, alho
francês, courgette, xuxus, batatas, cenouras, nozes, romãs, tomates, salsa,
pepinos, limões, espigas de milho, laranjas, abóboras, cabaças, e muitas outras
prendinhas da Natureza.
À medida
que ia nascendo o dia e o sol aparecia, ia ficando mais quente, por isso todos
iam bebendo água fresca, conversavam e riam alegremente. Num instante, todos os
baldes ficaram cheios, com cores variadas e muito bonito. Vão buscar mais
baldes e enchem-nos.
Como estão
muito ocupados a cortar cachos enormes, e as frutas, nem dão pelo tempo passar,
e chega a hora de almoço. A esposa de Francisco vai chamá-los, pois todas as
esposas que ficaram em casa com as crianças, juntaram-se e cozinharam para
todos.
Consolam-se
com o almoço e convivem alegremente. No fim da barriguinha confortada, voltam
para os campos apanhar o resto que falta. Os cães estão muito estranhos…molengos,
mas ao mesmo tempo inquietos, ladram e uivam.
A
senhora mais velha da aldeia, de 105 anos, muito fina de cabeça, e sempre muito
simpática, carinhosa e dedicada, vai à janela, olha para a paisagem e sorri.
- Olá! – Diz a Sra. - Sente
a brisa no seu rosto – Sei que já chegaste…e linda como sempre! Vens carregada
de surpresas para todos…aposto!
- Que bom vê-la de novo,
doce senhora! – Sussurra uma linda voz feminina.
- O prazer é todo meu…! Então…muito
bem-vinda, princesa Outono! – Diz a senhora sorridente.
A
senhora fica mais um pouco à janela. À noite, deitam-se cedo, porque estão estafados.
De repente, passeia-se discretamente, no sossego da noite, e ao som das
cigarras, grilos, sapos e rãs e relas…uma jovem rapariga misteriosa.
Tinha
um vestido muito comprido, feito de folhas de vários tons, e cabelos de troncos
fininhos com gotinhas de água transparentes penduradas, olhos dourados, e uma
capa de nuvens cinzentas, com um lindo e grande cesto num braço, e o outro
braço no seu namorado vento…muito ciumento, mas estava calmo, e muito
apaixonado, é por isso que as pessoas sentiam uma brisa quente. Os dois
passeiam sem pressa, trocando muitos carinhos, sorrisos, e risos, danças sem
música, e brincadeiras.
- Que casal tão
romântico…apaixonado…! Ai…! – Suspira a doce velhinha. – Como eu
gostava de ter tido um amor assim…! – Sorri – E tive! Nos meus sonhos…! Nunca
apareceu de verdade.
Enquanto
a senhora fica a apreciar, sentada numa poltrona na varanda, a jovem aproxima-se
dos baldes, e pousa o cesto no chão. O seu namorado sopra para o cesto, e este
divide-se em cestos mais pequenos. Ela decora-os com grandes folhas verdes, e
salpicos de outras folhas, mais pequenas, de outras cores. Pega nos legumes e
frutas misturados e divide-os por cada cestinha. E na cesta grande, faz o
mesmo.
Coloca
uma cestinha à porta de cada casa, e deixa a grande no campo. A rapariga
misteriosa desaparece. Na manhã seguinte, a rapariga está lá, mas não a vêem.
Quando saem a porta, reparam num cesto pequeno, sorriem, mas
não dão muito valor. Quando os agricultores chegam ao campo, e vêem aquela
cesta enorme, perguntam em coro:
- O que é isto?
- Parece que nos
esquecemos de uma cesta aqui…! – Comenta Igor.
- Não! Esta cesta não é
nossa! – Repara Nicole.
- Então esteve aqui
alguém a mexer nos nossos produtos…! – Reclama João.
- Mas que grande lata…e
deixou aqui vestígios…? – Pergunta Mára.
- Há aqui alguma coisa
de muito estranho…não há marcas de passos no chão…como é que deixaram isto
aqui? – Repara e pergunta Irene.
- Bem pensado! –
Respondem em coro.
Ouvem uma voz doce:
- É minha!
E forma-se uma enorme ventania. O vento não gostou que a
tivessem ignorado.
- Pára, amor! –
Ordena a voz.
- Perdoa-me…minha
princesa…! Já parei… - Diz o vento.
- O quê? –
Perguntam todos, a olhar para todos os lados, para ver se descobrem de onde vem
a voz.
- De quem é este cesto? –
Pergunta Rita.
- É meu! –
Responde a voz.
- Onde estás, tu que
falas? – Pergunta Nuno, nervoso.
- Estou mesmo à vossa
frente…no solo, na terra, nas árvores, nas frutas, nos legumes, no ar! –
Responde a voz.
- O quê? –
Perguntam em coro.
- Isto deve ser alguém a
brincar! – Comenta Jacinta.
-
Não! É real…não viram o cestinho à vossa porta? – Pergunta a voz.
- Sim! –
Respondem em coro.
- Fui eu que o deixei lá!
E este também! – Diz a voz.
- Mas nós não pedimos
nada…! – Respondem todos.
- Aparece! –
Ordena Hugo zangado.
O vento dá uma forte rajada na cara do Hugo, como se
fossem duas grandes estaladas. Ele gira, e grita, com as fustigadas. A voz ri. A
velhinha aparece, sorridente.
- Mas que linda cesta! – Diz
a senhora.
- Sim…! –
Dizem em coro.
- Estamos a tentar
descobrir quem a deixou aqui…! – Explica Mónica.
- Eu sei quem foi! – Diz
a senhora a sorrir.
- Sabe? –
Perguntam em coro.
- Foi você? –
Pergunta Diana
- Não…! Foi a Princesa
Outono! – Responde a senhora.
- Quem? –
Perguntam todos
- A Princesa Outono! – Diz
a senhora
- Não vemos ninguém! –
Respondem em coro
- Só ouvimos uma voz. – Diz
Clara
- Ela está mesmo aqui! Diante
dos vossos olhos, por todo o lado…no chão, na terra, nas árvores, nos frutos,
nas cores… – Responde a senhora a sorri.
- Isso foi o que ela nos
disse. – Respondem em coro.
- Mas que espécie é…? –
Pergunta Nancy
- É a Princesa Outono! Ela
não aparece em forma de gente, como nós…mas é um ser muito especial…deixou-vos
um presente à porta, para anunciar a sua chegada, mas vocês estão tão
emaranhados nos vossos afazeres que nem reparam no que se passa à vossa volta! Nem
no vosso interior! – Diz a senhora.
- Obrigada pela cesta! –
Dizem todos a sorrir.
- Chegou a Princesa
Outono! – Diz a Senhora.
- Ááááááhhhh…! – Dizem em
coro.
- Claro! Começa hoje! –
Reflete Paula.
- Olá Outono! – Dizem em
coro.
- Olá! – Diz a Princesa
Outono sorridente.
- Que surpresas nos
trazes este ano? – Pergunta Mónica
- Logo ficarão a saber…!
– Responde a Princesa Outono.
- Porque não juntam tudo
e fazem um grande piquenique? – Sugere a senhora.
- Excelente ideia! –
Gritam todos, felizes.
E todos juntam as colheitas, fazem diferentes pratos,
sobremesas, sumos, e sopas, cada qual a mais deliciosa, e saudável, numa grande
festa, vestidos à época, com música, e a Princesa Outono, transformada numa
linda mulher. O Outono também tem as suas belezas…! Feliz Outono!
FIM
Lálá
(25/Setembro/2013)
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