foto de Lara Rocha
Era uma vez um
passarinho que vivia num ninho ao lado de uma fonte de água fresca, num jardim
de uma grande cidade. O passarinho…só porque vivia ao lado da linda e fresca
fonte, achava que era dono dela, e por isso, não deixava que ninguém se
aproximasse dela. Quando alguém ou outros passarinhos pousavam na fonte para
beber, o passarinho gritava:
- Sai…fora
daqui! A fonte é minha.
Os passarinhos resmungavam com ele,
e explicavam-lhe:
- Não, não! A fonte
não é tua!
- A fonte está
no jardim, por isso…é de todos!
- Todos
podemos beber!
Mas o passarinho não queria saber…e
ficava ainda mais zangado: dava bicadas, e chilreava muito alto, punha as
patinhas esticadas e atirava-se a quem fosse beber…arranhava, empurrava-os e
dava sapatadas, tentava arrancar penas e cabelos aos meninos e pessoas que
queriam beber. As pessoas tinhas medo dele, e o malandreco ria satisfeito. Mas também
era por causa disso que não tinha amigos. Achava que era o Rei da fonte:
- A fonte é
minha! Não é de mais ninguém! – Gritava orgulhoso.
A fonte ficava triste com isso, pois
era muito boa, e gostava muito de ajudar, mas o passarinho não deixava! E ela
também não podia fazer nada. Um dia, a fonte ficou farta do egoísmo e da
maldade do passarinho, que pediu um desejo às estrelas:
- Estrelinhas…eu
quero que me tornem transparente! Aquele passarinho está a precisar de uma
lição…não pode ser! O que ele está a fazer é muito feio.
A estrelinha que a ouviu, concordou
com a fonte e disse:
- Tens toda a
razão! Tu não és dele…és do jardim…qualquer pessoa, e animal pode beber a tua
água! Deixa comigo, fonte! 1…2…3…desejo concedido!
Magia…a fonte torna-se mesmo
transparente. Na manhã seguinte, o passarinho ia para tomar banho, lavar as
suas penas e bico na fonte e refrescar-se…mas não viu a fonte. Ficou muito
assustado e grita:
- Fonte…! Fonte…!
Onde estás?
A fonte não responde, e o passarinho
procura por todo o lado, nervoso, zangado e assustado:
- Fonte! Óh minha
fonte…onde estás? Levaram-te? Óh, não…não pode ser…! Eu preciso da minha fonte…Óóóhhh…e
agora? Quem é que fez esta maldade?
- Maldade…é o
que tu fazes com toda a gente, e com todos os animais que querem beber! – Diz a
fonte.
- Óh! Estás
aqui minha fonte…onde? – Procura o passarinho.
- Porque é que
dizes que sou tua? – Pergunta a fonte.
- Porque vives
ao lado da minha casa, e é onde bebo a tua água deliciosa, fresca…é onde tomo
banho…e és minha! – Explica o passarinho.
- Que coisa
mais feia! – Suspira a fonte – É por isso que não tens amigos…! Não partilhas
nada…e no meu caso não sou mesmo de partilhar…porque é que és tão egoísta? –
Pergunta a fonte.
- Eu não sou
isso. Não tenho amigos porque eles não querem – Responde o passarinho.
- Claro que
és! – Exclama a fonte. Porque é que queres as coisas todas só para ti, se
depois não lhes ligas nenhuma…? Já pensaste? Tiras as coisas aos outros, e
depois não pegas nelas, nem fazes amigos. Eles não querem porque tu és mau…dás
bicadas, arranhas, arrancas penas e cabelos, empurras…dás tudo, menos carinho…!
Os amigos tratam-se com carinho…festinhas, beijinhos, abraços…risos…e
emprestam-se coisas…como fontes, brinquedos, roupas…! E não é por viver ao lado
da tua casa, e beberes a minha água que podes chamar-me tua! - Continua a
fonte.
- Óh, aparece
fontezinha linda…! – Implora o passarinho.
- Não apareço
enquanto fores tão egoísta. Ou deixas toda a gente que quiser, beber…e paras de
dizer que sou tua…ou então eu não apareço! – Ameaça a fonte.
- Óh, eu
prometo que deixo beber…aparece por favor! – Pede o passarinho.
- A água que
sai de mim, é minha…e nem por isso eu proíbo os outros de a beberem, nem fico
sem ela. Aliás, até fico muito feliz por dar a minha água, a quem tem sede. –
Explica a fonte.
- Mas a tua
água é só minha. – Insiste o passarinho.
- Não é só tua…olha
que não apareço…- avisa a fonte.
- Desculpa! Aparece…eu
não digo mais isso. – Diz o passarinho.
- Assim está
melhor. Espero mesmo que faças isso! – Ordena a fonte.
A fonte volta a aparecer. O passarinho
delicia-se com a água, refresca-se, leva as penas, bebe e chapinha feliz. Mas o
passarinho esqueceu-se muito rápido, do que tinha prometido à fonte, porque
quando se aproxima um gatinho cheio de sede, já fraco, que tenta beber…o
malvado passarinho empurra, bica e arranha o pobre gatinho, e ele como estava
fraco, caiu, a miar. O passarinho esqueceu-se, mas a fonte não se esqueceu…e
desaparece, torna-se transparente, com a água virada para o gatinho. O gatinho
bebe consolado. O passarinho muito zangado começa a chorar muito:
- A minha
fonte…! Seu gato feio…a fonte foi-se embora por tua causa. – Acusa o passarinho
muito chorão.
O gatinho não lhe responde, mas a
fonte resmunga-lhe:
-
Esqueceste-te do que me prometeste passarinho…mauzão…feio! Não vês que o
gatinho está doente…cheio de sede…e outra vez…disseste que eu sou tua! Enquanto
fizeres isso, eu não apareço. Tens de fazer pelo menos uma boa acção…tens de
ser bom…estás a ser muito mau! Não sejas egoísta…se estivesses doente, fraco e
cheio de sede, também gostavas de encontrar uma ajuda como a tua? – Pergunta a
fonte.
- Não. –
Responde o passarinho.
- Pois é! O
gatinho também não gosta. – Acrescenta a fonte.
E assim é. Enquanto o gatinho bebe,
a fonte não aparece, porque o passarinho ainda não fez uma boa acção. De repente,
o passarinho, com medo que a fonte não voltasse a aparecer, lá foi contrariado
procurar ajuda para o gatinho. A fonte aprecia, e sorri. Chega com uma borboleta
que é médica.
- Olha…este
está doente. – Informa o passarinho.
- O que é que
ele tem? – Pergunta a borboleta.
- Não sei…-
Responde o passarinho.
- Está
desidratado e com fome…- informa a fonte.
- Porque não
apareces, fonte? – Pergunta o passarinho.
- Não fizeste
uma boa acção – Responde a fonte.
- Fui chamar a
médica para esse peludo…não é uma boa acção? – Pergunta o passarinho?
- Não fizeste
com o coração. – Responde a fonte.
- O quê? –
Pergunta o passarinho.
- Tens de ser
bom, tens de ficar feliz por ser bom para os outros. Não é fazeres bem, só
porque te mandam. – Explica a fonte.
A borboleta analisa o gatinho
carinhosamente, e o passarinho não sabe o que fazer mais para a fonte aparecer
outra vez. De repente, lembra-se de convidar os outros passarinhos para brincar
com ele, e para beberem água, e refrescarem-se na fonte. Os passarinhos, no
inicio ficaram desconfiados, porque sabiam que ele era mauzinho, mas decidiram
aceitar. Todos brincam juntos, muito divertidos, felizes, trocam carinhos uns
com os outros, dividem brinquedos, riem, saltitam…e quando ficam com sede,
todos vão beber água e refrescar-se. A fonte está feliz e orgulhosa, e aparece.
- Muito bem! Assim
sim…agora foste um bom passarinho…e arranjaste muitos amigos. Que bonito que
foi ver-vos a brincar todos juntos, a trocar carinhos e brinquedos…e agora aqui
na fonte! – Elogia a fonte.
- Sim! –
Respondem em coro.
- O gato, onde
está? – Pergunta o passarinho.
- Está ali à
sombra, a descansar. – Responde a fonte.
- Mas o que é
que ele tinha? – Pergunta o passarinho.
- Estava muito
cansado e fraco, com fome e sede…não tinha dono…quer dizer…tinha, mas os donos
puseram-no fora de casa. – Explica a fonte.
- Coitadinho! –
Respondem os passarinhos em coro.
- Ele pode ir
para a minha árvore, quando estiver sol, ali. – Informa o passarinho.
- Muito bem,
passarinho! Obrigada! Ele vai. Para já está bem ali. – Elogia a fonte,
sorridente.
E a partir desse dia, o passarinho
começou a ser mais bonzinho, a ser amigo de todos, e simpático com todos…passou
a dar carinhos aos outros, e a receber também muito carinho, a brincar muito, e
a emprestar coisas aos outros, e fez muitos amigos. Andava muito mais feliz, e
a fonte também gostou muito mais dele. Pois é, meninos…também temos de ser como
a fonte…e como o passarinho…ser bonzinhos, emprestar os brinquedos e livros uns
aos outros, dar carinhos uns aos outros…abraços, beijinhos, dar as mãos…é muito
mais divertido brincarmos juntos, e felizes, com os brinquedos que são de todos…e
todos podemos brincar com os mesmo brinquedos, não ao mesmo tempo…um de cada
vez…enquanto um menino está com um brinquedo que nós queríamos, nós brincamos
com outro brinquedos, e quando o menino nos der o brinquedo que queríamos,
emprestamos o que tínhamos, e ele brinca com outros. É muito bom, e todos
ficamos muito mais felizes…se formos todos amigos uns dos outros. Experimentem!
FIM
Lálá
10/Julho/2013
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