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domingo, 1 de junho de 2025

Monólogo (ou leitura em forma de jogral coletivo) - Ser criança

 Ser criança…

Ser criança começa no desejo dos pais, em dar continuidade à longa história das famílias.

Ser criança é ser frágil, dependente, mas ao mesmo tempo...para os pais, avós, tios, tias, primos, primas, amigos, ser criança é fazer as delícias de quem a tem nos braços. 

Mesmo a dar muito trabalho aos pais, a criança é um ser cheio de compensações emocionais, encanto, recompensas, abraços, sorrisos fáceis e de gratidão sem palavras, olhares fixos, luminosos, brilhantes. 

Ser criança é ter colo, amor, afetos, mimos, carinho, compreensão, palavras de incentivo para crescer segura, apoio, diálogo, atenção, dedicação, brincadeira, companhia, satisfação das suas necessidades mais básicas e regras, «nãos» («não, porque...»). 

Ser criança não é ver todos os seus caprichos e manhas cumpridas, é também ficar amuada (o) por não lhe fazerem as vontades todas. É com isso, aprender a esperar e que não pode ter tudo o que quer. 

Ser criança é brincar livremente, sozinha, com outras crianças, com adultos, bonecos, brinquedos, e não usar telemóveis ou jogos eletrónicos. 

Ser criança é dar asas à sua imaginação, rir sozinha, rir com os outros, falar com os outros, com os seus bonecos, brinquedos, amigos e amigas imaginários, os bonecos da televisão. 

Ser criança é ouvir histórias fantásticas, dos pais, dos avós, dos tios e tias, dos primos e primas, das educadoras e professores, contadas e lidas por elas próprias. 

Ser criança é sonhar com o impossível, com magia, com fantasia, é ter sonhos acordada e a dormir, ter pesadelos, gritar, ir para a cama dos pais, chorar, chamar por alguém, sentir medos que fazem sentido, outros são imaginários, construídos pelo desconhecido. 

Ser criança é acreditar em personagens como se fossem verdadeiras, é fingir que são outras pessoas, personagens, isto ajuda à descoberta de si mesmas, à construção das suas personalidades, e acreditar em seres fantásticos. 

Ser criança é ser inocência, pureza, leveza, teimosia, desafios dos limites, e aprender a obedecer, cair e levantar mesmo que fique ferida, e sem pânico dos adultos, para aprender por elas próprias. 

Ser criança é jogar à bola, correr, saltar, dançar, rebolar, sujar-se, brincar, pintar, desenhar, conviver com a Natureza, e explorar, sentir o que existe à sua volta. 

Ser criança é tocar, cheirar, saborear, sentir, provar, experimentar, errar, ser elogiada, valorizada, repreendida quando passa os limites. 

Ser criança é seguir o exemplo dos adultos, no respeito pela diferença, aprender a viver com todos, a selecionar quem partilha os mesmos valores de respeito e amizade, carinho, dedicação, companhia.  

Ser criança é brincar com quem mais gosta, independentemente da cor da pele, raça, cultura, crença, país de onde veio, e aprender a viver com amor, no amor! 

Ser criança é sentir o vento na cara, e no cabelo, é espontaneidade, curiosidade, alegria, é molhar-se na chuva, e rir, saltar nas poças. 

Ser criança é dormir, é parecer estar ligada à tomada, riscar as paredes ou outros objetos, cantar, imaginar, escrever.  

Ser criança é ter em si todas as cores, todas as raças, todos os valores, por isso deixemo-las ser crianças saudáveis, deixemo-las brincar com bonecos e brinquedos até quando elas quiserem. 

Não há idades para deixar de brincar! Mas infelizmente nem todas as crianças vivem num mundo perfeito, nem podem festejar o seu dia, de hoje, como muitas. 

Crianças e pais que sofrem com doenças graves, que estão em hospitais, que vivem com medo, em países onde há fome e guerra, tristeza bombas em vez que brinquedos. 

Crianças que não vivem em casas, mas entre escombros, onde ficaram todos os sonhos, toda a infância que não é a que imaginavam, nem desejavam. 

Crianças que vivem em tendas, esconderijos, onde não veem o sol, onde não ouvem palavras de amor, nem histórias bonitas, não recebem carinho, não ouvem cantar, nem rir. 

Crianças que deixaram de saber sonhar, não ouvem o vento nem os risos, só lágrimas, dor, medo, pesadelos, incerteza. Crianças abandonadas, exploradas, maltratadas, desrespeitadas, usadas como objetos.

Crianças que são postas de lado por serem diferentes. 

Feliz dia das crianças, mesmo as que não podem festejar, e que no próximo dia das crianças, tudo esteja melhor, com as crianças que não têm infância. 

Nota: podem completar este texto com o «Menino sei porque choras». 

                            FIM 

                         Lara Rocha 

                        1/Junho/2025 

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