Era uma vez duas meninas que adoravam brincos, e faziam-nos com objetos típicos de cada estação do ano. Na Primavera e no Verão, os brincos, e colares eram feitos de flores coloridas, que depois de secas colavam-nas nos chapéus, em carteiras, roupas, e sapatos.
No Verão, além dos lindos fios de flores do campo, elas usavam conchas, pedrinhas, para os brincos, búzios para brincos, colares, pregavam e colavam em chapéus, roupas, sapatos, carteiras.
No Outono, usavam uvas para fazer sabonetes com as tias, cremes bons para a pele, champôs, e compotas de castanhas, nozes, aproveitando as suas cascas (das nozes e das castanhas), as folhas de todas as cores, que caiam das árvores, pauzinhos, para objetos de decoração, onde colavam brilhantes e pedrinhas ou pintavam.
No Inverno aproveitavam o azevinho e as pinhas para decorar brincos, colares, roupas, chapéus, frascos, caixas de madeira. As tias, as mães e as Avós, davam uma ajuda preciosa, ao transformar em coisas tão bonitas, até pintadas em tecidos para sacos e toalhas de mesa.
Mas tinham sempre sócios que lhes roubavam coisas para comer, os passarinhos, picavam a fruta deliciosa, além de borboletas, abelhas, joaninhas, e outros insetos que voavam e pousavam em tudo o que era flores.
Tiveram de inventar um esconderijo e uma maneira de proteger o que faziam, pondo plásticos e tecidos com cheiros desagradáveis que só os insetos sentiam, e afugentavam-nos.
Uma das meninas ficou com pena dos animais, quando os viu famintos, a fazer uma grande chilreada, e esvoaçar nervosos, as borboletas e as abelhas desesperadas a voar e a cair, mal dispostas e com fome, por não terem flores.
Disse à sua amiga com quem fazia todas as coisas tão bonitas e tiveram uma ideia:
- Sabes, eu não gosto que eles nos comam as coisas com que fazemos os nossos trabalhos, mas também tenho pena delas, coitadinhas, ali cheias de fome!
- Eu também!
Ouvem uma voz pequenina:
- Eu chego para todos!
- Quem falou?
- Eu não disse nada!
- Nem eu!
- Mas ouvi alguém a dizer que chega para todos...
- Acho que foi da nossa imaginação, como diz a minha Avó.
- É. A minha avó também diz isso muitas vezes.
- Mas acho que ouvimos a mesma coisa.
- Sim, e acho que tem razão!
- Nós temos comida, elas também precisam!
- Pois é! E que alegria termos comida, porque muitos meninos pelo mundo fora não têm.
- É mesmo! É muito triste, e ainda há meninos que acham que são ricos e desperdiçam comida. Quem dera a esses meninos que não têm comida, o que eles desperdiçam, como os daqui da cidade, que vemos.
- É isso.
- Já sei! Para eles não nos comerem as coisas, deixamos pratinhos com comida para eles.
- Boa! Aquelas que não usamos para as nossas coisas!
- Isso! Como temos outros materiais, podemos partilhar, se não, um dia destas elas até nos devoram.
(As duas riem)
- Pois, e não sobra nada!
- Que medo! - dizem as duas e riem
Juntaram aquelas flores qua não usavam:
- Achas que elas comem isto assim...?
- Claro que sim, elas não são esquisitas!
Juntaram flores que estavam mais murchas, numa fonte de água sempre a correr e fresca, as uvas também puseram algumas, e fizeram um acordo:
- Meninas insetas, e meninos insetos, passarinhos, venham cá. Vamos fazer um acordo. Vocês deixam de comer as nossas coisas, e nós deixamos-vos aí comida e bebida, combinado? - diz uma menina
- Não comam as nossas, por favor! - implora a outra menina
- Nem andem à nossa volta, abelhas e outras, porque temos medo de vocês!
(As abelhas riem)
- Passarinhos...parem de comer as nossas uvas, vocês têm muitas aí à disposição.
- Chega para todos! - diz outra vez uma voz pequenina
- Áh! Esta frase foi a que ouvimos...! - dizem as duas
- A imaginação das crianças é demais... - todos os insetos riem e comentam entre eles
- Claro que chega para todos.
Os insetos e os passarinhos saltitam, zumbem de alegria, voam felizes, e aceitam o acordo. Assim, as meninas puderam continuar a fazer todas as coisas bonitas, que os pais vendiam numa feira semanal para ajudar, os insetos e os passarinhos, todos os animais voaram felizes, livres, com alimento e bebida à farta, sem atrapalhar o trabalho das meninas.
Para agradecer, algumas abelhas traziam pólen e enchiam frasquinhos a pedido das tias, das mães e das avós, para que pudessem fazer mel, compotas, bolos e rebuçados da melhor qualidade.
Era assim que aproveitavam tudo o que a Natureza lhes dava.
- De quem acham que era a voz que elas ouviram, mas não viram ninguém?
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Lara Rocha
24/Setembro/2022
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