Era uma vez um jovem rapaz, bonito, elegante, que tinha nascido com um dom de fazer magia. Simpático, brincalhão, não falava por palavras mas tinha um coração bom e era tão expressivo, que através da mímica e do olhar, transmitia luz a quem o via. Às vezes aparecia com a cara pintada, outras vezes, não. Queria distribuir alegria por todo o lado e o que gostava mais era de ver a expressão de surpresa e sorrisos de quem o via. Para isso, oferecia pequenas lembranças e conseguia que sorrissem.
Passou por uma menina que ficou a olhar para ele, muito séria. Ele olhou para ela, sorriu, tirou o chapéu, ajoelhou-se e ofereceu uma flor maravilhosa, com pétalas brilhantes. Ele beijou delicadamente a flor, estendeu a mão para a menina, ofereceu-lhe a flor. A menina encantou-se com ele, abriu um lindo e aberto sorriso, agradeceu, e o rapaz levantou-se, feliz, com um sorriso de orelha a orelha, saltitou e soprou pequenas luzinhas em forma de pó.
Mais à frente, viu uma criança a chorar. Quando a criança o viu parou de chorar, olhou-o, o mágico sacudiu o chapéu e de lá saltou um balão em forma de lua cheia. O menino riu, e o rapaz sorriu. A mãe do bebé quase resmungou, mas quando viu o rapaz, ficou calada. O rapaz roda o chapéu no ar, e tira uma estrela que dava gargalhadas, tão engraçadas que a mãe do pequeno riu como já não acontecia há muito tempo. O seu filho até ficou surpreso e riu também.
Depois, passou por um homem que dormia debaixo de um banco de jardim, aquecido pelo candeeiro. O rapaz sentiu pena dele, e enquanto dormia, num toque mágico construiu-lhe uma casa pequena, mas toda mobilada, com alimentos, água e roupas. O homem acordou assustado, quase o agredia, mas o mágico indicou-lhe a casa. O senhor ficou tão emocionado que lhe pediu desculpa e entrou na sua nova casa. Nem queria acreditar no que estava a ver. O senhor nunca mais dormiu na rua.
Num hospital, o rapaz mesmo com muita vontade de chorar, sorria para todos, e oferecia do seu chapéu: bonecos, flores, brinquedos com música, luzinhas, borboletas que davam beijinhos, e com isso, conseguiu curar muitos doentes.
A sua mãe vai ao quarto, e acorda-o:
- Filho...está na hora de ires para a escola.
- Mãe… eu quero ser mágico.
- Sim, sim. A tua magia agora é estudares.
- Mas, mãe…é a minha missão. Eu sonhei com isso!
- A tua missão é estudares, para seres alguém.
- Mas eu quero ser alguém...quero ser mágico.
- Cala-te! Eu dou-te a magia. Magia é alguma profissão? Magia dá valor a alguém? Francamente. Não me voltes a falar nisso.
- Claro que é uma profissão. Claro que faz de mim alguém...posso fazer bem a muita gente.
- Esquece lá a magia e despacha-te! E ai de ti, que os professores digam que estás distraído.
O rapaz levanta-se, zangado. Arranja-se para ir para a escola, toma o pequeno almoço, sopra a mão e deixa uma flor para a mãe em cima da mesa. A mãe fica surpresa.
- Até logo, mamã. Amo-te. Ainda vais ter orgulho no teu filho. E na magia!
A mãe quase ralha com ele, porque não gosta que ele seja mágico, não quer reconhecer que o filho tem esse dom, e acha que é tudo um disparate da cabeça dele. Ele podia não ter o chapéu de mágico, e claro, todas as magias que ele sonhou, não se realizaram, mas...fazia magia de outra maneira! Com a sua simpatia, delicadeza, educação, sensibilidade, meiguice e amizade. A verdadeira magia deste rapaz estava na sua bondade. No que ele fazia despertar nos outros. Todos gostavam dele. Uns anos mais tarde, tirou um curso de magia, e outro curso para trabalhar como enfermeiro. Era feliz, e continuou a fazer grandes magias por ser como era.
FIM
Lálá
16/Janeiro/2019