Era
uma vez um menino pequenino, com 5 anos, a quem chamavam Gugas, mas o seu nome
verdadeiro era Gonçalo. Muito simpático, brincalhão, cheio de energia, e vivia
numa casa em cima da praia.
Adorava
acordar e sempre que não tinha de ir para o colégio, ia logo com os seus Avós
(pai da mãe e pai do pai), e o seu Pai que eram pescadores, para a praia, mas
ficava em terra com a mãe e as Avós (mãe da mãe e mãe do pai).
Enquanto
os adultos trabalhavam, ele andava livre pela praia, a brincar com os seus
primos, e amigos, na areia, e a ver o mar, a correr, a saltar, e a falar com a
natureza à sua volta, como lhe tinham ensinado. Era uma criança feliz.
Um
dia sentou-se ao pé do mar que estava calmo, e um golfinho foi ter com ele. Este
foi um encontro que o deixou muito surpreso mas feliz, embora ele já conhecesse
golfinhos, não era muito comum vê-los ali tão perto, ainda por cima, este
golfinho convidou-o para um passeio.
O
Gugas aceitou logo, e subiu para as costas do golfinho.
-
Onde me vais levar? – Perguntou o Gugas
- Já vais
ver! – Diz o golfinho
E
este entra outra vez no mar, e parece que o rasga como quem rasga papel, quando
vai a nadar, até chegar a um lugar não muito longe da costa, por trás de uma
grande rocha, onde o menino nunca tinha ido. O mar parecia um lago, não tinha
ondas, era transparente, e via-se o fundo.
O
golfinho acompanha o Gugas, sempre à superfície, e aí ele vê coisas tão lindas!
Algas com formas estranhas, cores variadas, que estavam presas na areia, mas
mexiam-se, umas compridas que pareciam cabelos, outras mais pequenas, umas mais
grossas, outras mais finas.
Gugas sentou-se na areia, e ficou com água até à
barriga, estava quentinha, tocou nas algas e sentiu que eram macias,
escorregadias, e faziam cócegas, os dois riram-se.
Viu
ao fundo do mar, sereias a saltar, a mergulhar, e pousadas nas rochas a abanar
as caudas. Viu várias lindas estrelas-do-mar mesmo à sua frente, a mexer-se à
procura de alimento, e outras estavam encostadas às rochas, outras pousadas, e
outras desfilavam pela água sem pressa, cada uma mais bonita e exótica que dava
gosto.
O
Gugas ficou com vontade de levá-las todas para a sua praia, mas sabia que não
podia, então, ficou só a encher os olhos com todas aquelas cores, e tentou
imaginar o que cada uma iria fazer…pensou que umas estariam a comer, outras à
procura de alimento, outras na hora da sesta a descansar, outras procuravam um
lugar à sombra, ou iriam ter com amigas, outras talvez fossem só passear ou às
compras.
Gugas
molhou-se com a água, quis chapinhar e teve de dar um mergulho. Quando voltou
à superfície, olhou para o lado esquerdo e viu passar um cortejo de dezenas de peixes estranhos, mas tão bonitos, que ele nem imaginava alguma vez existirem.
à superfície, olhou para o lado esquerdo e viu passar um cortejo de dezenas de peixes estranhos, mas tão bonitos, que ele nem imaginava alguma vez existirem.
Uns
tinham cabeça de peixe, mas as barbatanas pareciam asas de borboletas, que
abriam e fechavam ao sabor da corrente da água, e dependendo do sítio para onde
se queriam deslocar, cheias de cores diferentes.
Outros eram pequeninos,
compridos, com escamas vermelhas, brancas, amarelas, verdes, roxas, prateadas,
douradas, azuis, e de cores misturadas e nadavam devagar.
Atrás
desses peixes veio um batalhão de peixes, veio outro de Plutão de tartarugas
pequeninas de carapaças verdes, umas mais claras, outras mais escuras, atrás de
uma grande.
O Gugas ainda conseguiu tocar nelas, quando passavam, e achou muito
engraçado a forma como elas nadavam, a dar às patinhas e que rápidas que eram.
Nadou
para outro sítio, e aí encontrou milhares de pedras, conchas e búzios, de todos
os tamanhos, formas engraçadas que pareciam estátuas, outras pareciam pessoas,
outras não tinham formas definidas.
Os búzios e as conchas eram perfeitos.
Gugas nadou por cima delas, e tocou em todas, mas a sua vontade era mesmo
levá-las consigo.
Entretanto,
do outro lado viu sair de umas toquinhas na areia, que quase passavam
despercebidas, dezenas de caranguejos pequeninos e grandes que nadavam
rapidamente, mas pareciam estar perdidos, uns foram para um lado, outros foram
para outro, cruzaram-se, sem chocarem uns com os outros, e o Gugas achou muito
engraçado.
Nadou
mais um bocadinho e parou num sítio onde estavam muitos golfinhos a nadar, a
saltar no ar, cheio de corais de sonho, com plantas submarinas exóticas,
lindas, muito coloridas, de onde saiam peixes de rara beleza, que ele nunca
tinha visto.
Peixes que pareciam monstrinhos, peixes que pareciam ter uma cara
misteriosa, lulas, polvos, leões-marinhos, peixes compridos e feios, focas, cavalos-marinhos.
Plantas
e pequenas árvores marinhas, parecidas com palmeiras e arbustos redondos, de
muitas cores diferentes e feitios, animais que nem sabia bem se eram peixes, se
eram aves marinhas, que conseguiam respirar debaixo de água, umas pareciam
pavões que abriam as asas e mexiam-nas, com grande elegância, delicadeza e
arte, mostrando os seus padrões de cores e círculos das penas.
Viu
bailados de peixes variados que nadavam em conjunto, muito certinhos, de um
lado para o outro, peixes diferentes dos que ele conhecia.
Isto fez-lhe lembrar
o bailado dos pássaros, das gaivotas na praia que ele estava habituado a ver e
a acompanhar todos os dias ao fim da tarde, e de manhã, quando acordava com o
barulho que elas faziam à espera do pequeno-almoço.
Depois
no mesmo sítio, viu uma rocha pequena misteriosa. Uma sereia que estava
refastelada em cima dessa rocha, entrou na toca, e tirou de lá algumas pérolas
para o Gugas ver: pérolas de ostras brancas e conchas.
O Gugas sentiu que eram
duras, frias, lisas, leves e encantadoras, e ficou também encantado ao ver o
reflexo do sol na água, que dava a impressão que eram fios de cristais brilhantes
a boiar na água.
De
outras tocas viu sair milhares de bolas de água, como se fossem bolas de sabão,
mas não descobriu como apareciam, não sabia se eram feitas por peixes a
respirar ou se eram correntes de água. De uma toca ao lado saíram peixes muito
atraentes, mas o golfinho meteu-se à frente e avisou o Gugas que eram perigosos
e venenosos.
O
Gugas estava a gostar tanto do que estava a ver, mas de repente lembrou-se que não
tinha dito à mãe, ou à Avó ou aos primos que ia passear. Já deveriam estar
preocupados à procura dele. Então, pediu ao golfinho que o levasse de volta à
sua praia, com muita pena dele, porque aquele sítio era mesmo especial, e teria
com certeza muito mais para ver, mas ficou preocupado com a sua família.
Gugas
acertou…já todos andavam loucos à procura dele, a mamã em pânico, e as Avós, a
chamar por ele, a correr tudo de um lado para o outro, os primos no mar e em
terra, e do Gugas nem sinal. Até os cães ladravam nervosos e farejavam.
Quando
o veem a chegar, respiram de alívio, mas mesmo assim, não se livrou de uma
palmada, e de um ralhete. Ele pediu desculpa, e explicou que tinha ido passear
com um golfinho, a um lugar muito bonito que já muitos conheciam mas ele não, e
que se esqueceu de avisar, mas prometeu não voltar a fazer isso, e percebeu que
todos tinham ficado preocupados.
O
golfinho ficou triste por ver o Gugas levar um ralhete e uma sapatada. Foi à
sua zona, pediu a uma sereia para lhe fazer um ramo de conchas, búzios e algas
para oferecer à mãe do Gugas, e mais dois para as Avós dele.
A sereia ainda
meteu algumas pérolas brancas nos búzios, e fez uns lindos ramos.
O
golfinho voltou à praia onde vivia o menino com os ramos nas costas, presos com
umas folhas de árvore marinha às patinhas, só para não caírem.
Chamou o menino,
e ele abriu um grande sorriso, mas ficou logo triste porque se lembrou que
estava de castigo:
- Óh,
amigo, adorava ir contigo outra vez, mas estou de castigo por ter deixado a
minha mãe e as minhas avós preocupadas. É que esqueci-me de lhes dizer que ia
contigo… - explica o menino
- Eu sei,
eu ouvi. Mas a culpa também foi minha. Por isso, pedi a uma sereia minha amiga
que fizesse uns ramos especiais para tu ofereceres à tua mãe e às tuas avós. Pega!
Elas vão gostar.
- Áhhh…como
é que te lembraste de uma coisa dessas?
- Nós
também fazemos isso na minha zona.
- Eu nem
me tinha lembrado disto, mas acho que elas vão adorar. Muito obrigado, estão
lindos. Não sabia que tinhas amigas com tanto jeito.
- Sim,
tenho, e para muito mais, mas um dia mostro-te. Gostaste do passeio?
- Adorei. Tens
coisas tão bonitas na tua zona! Obrigado por teres vindo e por me teres levado
a um sítio tão especial.
- De nada.
Voltarei! Quando já não estiveres de castigo. Ainda ficou muita coisa por ver!
- Imagino!
E vou querer ver mais. Vai aparecendo por aqui.
-
Combinado. Voltarei! Podes tirar os ramos, por favor…?
- Claro
que sim! Têm nomes?
- Acho que
são todos iguais… um para cada uma.
- Entendo.
Muito obrigado, amigo.
Gugas
abraça o amigo, e o golfinho canta e sorri. O menino tira-lhe os ramos, e vai
oferecer à mãe e às avós. Todas ficam muito surpresas e encantadas.
- Ááááááhhhh!
– Exclamam todas
- Que coisa
tão bonita… - Exclama a mãe
- Está
fabuloso! – Diz uma avó
- Que
lindos… - Diz a outra avó
- Onde
arranjaste? – Pergunta a mãe
- Foi o
meu amigo golfinho que pediu a uma sereia amiga dele, para vos pedir desculpa.
- Óh, que
simpático! – Diz uma Avó
-
Obrigado, meu amor… - Diz a mãe
- Que
doçura! – Diz a outra avó
-
Obrigado. – Dizem todas
Abraçam
e beijam o menino, e o golfinho assiste feliz.
- Um dia
destes levo-vos lá! É um sítio muito especial. – Diz o menino
- Iremos! –
Dizem todas
- Com
muito gosto! – Diz a mãe.
- Eu quero
conhecer essa sereia tão jeitosa. – Diz uma avó
- Tem umas
mãos de fada! – Comenta a outra avó
- Acho que
até lhe vou encomendar uns raminhos para oferecer… - Pensa alto, a mãe
- Ótima
ideia! – Concorda a Avó
E
uns dias depois, o golfinho levou o Gugas, a sua mãe e as suas Avós para
conhecer o lugar onde vivia. Elas ficaram deliciadas, encantadas com tanta
coisa bonita e diferente, conheceram a sereia artista, agradeceram-lhe e
pediram-lhe encomendas.
O
golfinho era o moço dos recados, e com todo o gosto. Passou a andar sempre
entre a sua zona e a zona do Gugas, onde brincava com ele e com os seus primos,
e até ajudava os seus familiares pescadores.
Que grande
passeio deu o Gugas, não foi?
FIM
Lara Rocha
(1/Abril/2017)
E vocês?
Acham que
o Gugas fez bem em ter ido com o golfinho sem avisar a família?
Acham que
a mamã e as Avós do Gugas fizeram bem em tê-lo posto de castigo? Porquê?
Acham que
o Gugas fez bem em ter oferecido alguma coisa para pedir desculpa?
Gostavam de
ir para um sítio tão bonito como este?
Se fossem
passear com um golfinho, onde iriam?
O que
veriam?
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