Era uma
vez um passarinho com penas muito coloridas, entre elas, cor-de-rosa. Ele gostava
muito das suas penas, até que um dia uns malvados corvos gozaram com as suas
penas cor-de-rosa e chamaram-lhe menina, fizeram brincadeiras de muito mau
gosto, dirigiram-lhe piadas de muito mau gosto, tentaram arrancar algumas e
conseguiram, irritaram-no com os seus pios estridentes e guinchos.
No
inicio tentou não ligar, embora ficasse irritado, depois, tentou empurrá-los,
mas eles eram tantos, que lhe deram bicadas, encontrões, atiraram-no de uns
para os outros, como se fosse uma bola, pegando-lhe pelas penas. Ele gritava
aflito, e tentava defender-se, mas os malvados apertavam-no contra as patas.
Quando o
libertaram, ele ficou tão triste e tão envergonhado que não quis dizer aos seus
pais, para não os deixar zangados, ou preocupados, mas eles perceberam logo que
o filho não estava bem. Perguntaram-lhe porque estava naquele estado, cheio de
pó, sem algumas penas, e triste.
Respondeu-lhe
que esteve a brincar, com um riso disfarçado e forçado. Os pais não
acreditaram, e insistiram com ele.
- Se fosse a brincar, estavas feliz, e não estás. – Diz o
pai
- Nós sabemos que aconteceu alguma coisa… conta! – Diz a mãe
- Vocês gostam de mim? – Perguntam o pássaro
- Claro que sim! – Respondem os pais intrigados com aquela
pergunta
- Já sabes que sim, filho. – Reforça a mãe
- Ou achas que não? – Pergunta o pai
- É…acho que sim. – Responde o passarinho
- Mas porque estás a fazer essa pergunta agora? – Pergunta o
pai
- Realmente… parece que estás com dúvidas que te amamos! Falhamos,
ou erramos em alguma coisa? Podes dizer, porque estamos sempre a aprender, e se
fizemos alguma coisa má contigo, podemos corrigir. – Pergunta a mãe preocupada
- Não! Vocês não fizeram nada. São os melhores pais do
mundo. Acham que eu sou bonito? – Pergunta o passarinho
- És! Com certeza que és.- Dizem os dois
- Sempre te dissemos que és bonito, para que estás com essas perguntas? - Diz a mãe
- Ai, que não estou a gostar nada dessas perguntas. O que aconteceu? - Insiste o pai
- Até das minhas penas cor-de-rosa? - Insiste o passarinho
- Sim! - Respondem os pais desconfiados
- Mas porquê? - Pergunta a mãe
- Eu quero pintar as penas de outra cor!
- O quê? - Perguntam os pais
- Tu não estás bom da cabeça, pois não? - Ralha o pai
- Essa agora... - Comenta a mãe
- É. Eu não gosto delas.- Diz o passarinho
- Não pode ser. - Resmunga a mãe
- Por favor, pintem-me as penas de outra cor. - Implora o passarinho
- Não! - Gritam os dois
- Nem pensar...para que queres pintar as tuas penas de outra cor, se elas são tão bonitas? - Pergunta a mãe
- Eu não gosto das cor-de-rosa. - Diz o passarinho
- Estás a crescer tão rápido, meu filho... - Suspira a mãe
- As penas cor-de-rosa são só mais umas que tens, como de outra cor qualquer, tens tantas... - Diz o pai
- Cortem-mas ou rapem-mas, ou pintem-mas...por favor! - Volta a pedir o passarinho
- Nunca! - Gritam os pais
- Que absurdo. - Diz o pai zangado
- Porque queres fazer uma loucura dessas? - Pergunta a mãe
- Sempre tiveste orgulho nas tuas penas, e agora estás com essas coisas? - Comenta o pai zangado
- Está a crescer. - Diz a mãe
- Isso não é desculpa. Conta-nos o que aconteceu realmente, filho. Nós sabemos que não nos queres contar alguma coisa, mas conta. - Insiste o pai
O passarinho lá se decidiu a contar o que tinha acontecido, que os corvos gozaram com ele, por ter penas cor-de-rosa, que fizeram dele uma bola e atiraram-no de uns para os outros, puxaram-lhe as penas, arrancaram-lhe algumas, chamaram-lhe menina....os pais nem queriam acreditar. Ficaram muito irritados, e decidiram dar uma lição aos corvos.
Mas nem precisaram, porque uma águia que soube do que os corvos tinham feito, lançou-se sobre os corvos com as suas garras afiadas e o seu bico que parece uma serra, tão rápido, que eles não tiveram como fugir e depenou-os num piscar de olhos.
- As vossas penas não servem nem para limpar o pó! Que nojo...que coisa tão mal tratada, e mesmo assim acham-se maravilhosos. Tenham vergonha nesse focinho, seus invejosos. - Comenta a águia
Ela estava tão zangada com eles, que até levantou uma nuvem de pó, de andar com eles a rastos, presos pelas patas no seu bico. Eles gritavam, piavam nervosos, e quanto mais piavam, mais irritada a águia ficava, e mais os picava, arranhava.
- Que bonitos que vocês estão! Áhhh...! Estou orgulhosa do meu jeito para fazer penteados a corvos. Áhhhh... Ficaram mesmo lindos.O que farei da próxima vez que fizerem qualquer comentário palerma a qualquer espécie de animal...? Hummm...que grande dúvida...agora que vos depenei, não sei o que farei da próxima vez... Hummm...talvez... arrancar a vossa pele! Voltem a meter-se com pássaros ou com quem quer que seja, diferente da vossa espécie! Voltem! E vão ver o que vos acontece.Vai ser lindo! Muito lindo! Não se esqueçam que eu vejo tudo...- Diz a Águia a rir às gargalhadas
Os corvos ficaram tão assustados, com tanto medo, e tão envergonhados que até disseram que preferiam ou gostariam de ter penas cor-de-rosa, em vez de não terem nenhuma. O passarinho voltou a andar à vontade por onde queria, feliz, livre, sem ter de aturar as patetices dos corvos que implicaram com as suas penas só porque eram cor-de-rosas, com muitas outras cores. A águia devia ter razão...eles estavam mesmo invejosos.
A águia estava sempre atenta! Os corvos aprenderam uma grande lição: que tinham de aprender a respeitar todos os que eram diferentes, pois também gostavam que os outros elogiassem as suas penas, mas nem todos gostavam delas.
FIM
Lálá
(11/Abril/2017)
história infantil; corvos; águia; pássaros de outras cores; racismo; provocação; lição; julgamento; respeito pela diferença,
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