Era uma vez um bairro de árvores ocas onde viviam
esquilos, que se davam muito bem. Sempre que algum precisava de alguma coisa,
todos ajudavam como podiam. Este ano o Verão tinha sido muito longo, escaldante
e seco.
Como já previam no inicio do Outono, e porque já tinham
ouvido o esquilo sábio dizer que o Inverno ia ser gélido, muito chuvoso e
ventoso, os esquilos fizeram longas caminhadas, durante vários dias por muitos
pinhais, e campos.
Foram em grandes grupos, e a cada regresso, vinham
carregados com tudo o que conseguiam, tudo o que lhes fazia falta, em grandes
sacos resistentes, construídos pelas mãos habilidosas das costureiras, e
carrinhos.
Todos ajudavam a carregar. Andavam cá e lá, enchiam
voltavam a casa, guardavam no armazém coletivo, e voltavam a sair; carregavam e
voltavam. Pelo caminho cantavam, conversavam, riam, subiam às árvores, com a
ajuda uns dos outros, viam a paisagem e ficavam maravilhados, tiravam fotos.
Trepavam vários ao mesmo tempo, atiravam as nozes e os
que ficavam em baixo apanhavam as que já tinham caído e as que vinham das
árvores. Depois apanhavam pinhas para comer, e cascas de árvores para aquecer
as casas, musgo e folhas.
O Outono passou a correr, e o frio começava a espreitar. Os
esquilos já conseguiam sentir que o tempo estava a mudar, mas ainda continuavam
a recolher mais comida e coisas que precisavam.
Um dia, eles estavam já bem agasalhados a apanhar pinhas,
quando o céu ficou cheio de nuvens, depois de terem saído de casa com sol. Caem
umas gotinhas de chuva, e eles desatam a correr rasteiros ao chão, com muita
dificuldade por causa do vento forte e gelado.
Quando chegaram ao bairro, foram ao armazém público
reforçar os alimentos. Cada um encheu as despensas e as salas, entraram e saíram
dezenas de vezes, parecia uma grande cidade, e ajudaram-se uns aos outros. Instalaram-se
confortavelmente nas suas casas, e aqueceram-nas, as árvores, encostaram-se
mais umas às outras.
Um bom esquilo não conseguiu ficar descansado a pensar
que as árvores estariam também com frio. Lembrou-se de pedir a cada um uns
cobertores, para cobrir as árvores. Como eram muito generosos, não pensaram
duas vezes…cada um, deu mais que um cobertor.
Uns esquilos treparam aos telhados das suas casas e
agarrados uns aos outros cobriram as copas das árvores com muito carinho. As suas
esposas esquilinhos ficaram em baixo a sofrer, muito preocupadas e com uma cama
elástica, caso algum caísse. Por um lado estavam cheias de frio, e nervosas,
mas também orgulhosas pelo gesto dos seus maridos, e filhotes.
Os cobertores estenderam-se, e porque o bairro tinha a
forma de um círculo, cobriram os troncos em baixo também, e as raízes. O ambiente
ficou muito mais agradável, quente, confortável e as árvores ficaram felizes.
Com tantos cobertores, a neve que começou a cair quase
não entrou, e os esquilos puderam continuar a encontrar-se fora das portas para
conviver. Às vezes faziam jantares, e almoços, onde partilhavam alimentos e
divertiam-se sempre muito, adoravam estar juntos.
Outras vezes faziam lanches e serões onde os esquilos
mostravam os seus talentos: uns liam poesias que escreviam, outros pintavam
quadros e mostravam, outros dançavam e tocavam, faziam desfiles de moda,
aplaudiam e até se esqueciam do resto do mundo à sua volta.
Não lhes faltava
nada! Festejaram o Natal, numa linda e enorme festa, e assim ficaram até que
chegou a Primavera, quando saíram das tocas e puderam brincar.
FIM
Lálá
(14/Novembro/2016)
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