Foto de Lara Rocha
Era uma vez um anãozinho que vivia numa
floresta pequena, que ficava num vale de uma montanha muito alta onde pastavam
e circulavam famílias de cavalos, ovelhas, lobos e outros. Ainda que pequenina,
tinha muitos habitantes, e tantas casinhas que parecia uma mini cidade. Tinha
tudo!
Como a floresta era pequena todos os
habitantes se conheciam e conviviam muito, faziam muitas vezes piqueniques,
passeios até à montanha, bailes, festas e serões com espetáculos de música, cor,
magia e dança oferecidos pelos artistas da aldeia, fadas da natureza que
andavam por todo o lado e eram mais que os habitantes.
Um dia o anãozinho viu o arco-íris no
cimo da montanha e desde pequenino que sonhava agarrar o arco-íris, ou
apanhá-lo e guardá-lo numa garrafa para olhar sempre para ele, já que o achava
tão bonito.
Todos lhe diziam quando ele partilhava
essa vontade que era impossível, que nunca ia conseguir fazê-lo, mas ele e a
criança que já foi um dia, e vivia nele, desafiou-o a tentar porque onde fosse
visto um arco-íris, certamente haveria um tesouro!
Ele imaginava um baú cheio de pedras
preciosas, cristais, dinheiro…e queria isso tudo. Aceitou o desafio e pôs pés
ao caminho! Subiu a montanha na direção em que lhe parecia estar o arco-íris,
sempre a olhar para ele, muito atento. O arco-íris mudou de posição, e mudava
sempre que ele se aproximava e achava que tinha chegado ao tesouro.
Ele correu a montanha toda, subiu-a e
desceu-a várias vezes no mesmo dia, atrás do arco-íris, e nunca encontrou
tesouro nenhum. Ficou muito nervoso e zangado que começou a gritar até ficar
quase sem voz. Os lobos olharam para ele, uivaram e desataram às gargalhadas. Depois
perguntaram porque gritava daquela maneira. Ele disse que andava atrás do
tesouro que o arco-íris trazia consigo.
Uma fada explicou-lhe que o tesouro do
arco-íris era ter olhos, poder ver, a família e a natureza. Voltou para casa,
parou e depois de lhe passar a raiva e a desilusão de não ter encontrado nenhum
tesouro, pensou no que a fada lhe tinha dito…percebeu que ela tinha toda a
razão. A fada disse-lhe que os tesouros materiais não são os que devemos
procurar.
E lembrou ao anãozinho que não há maior
tesouro que a boa saúde. Ter olhos para ver todas as belezas e maravilhas ao nosso
lado, e por todo o lado; um coração a bater, cheio de amor, carinho e bondade
para dar.
Ter pernas ou ajudantes como muletas,
bengalas, cadeiras de rodas ou andarilhos para andar; braços para envolver,
abraçar e mãos para segurar, acariciar, dar…boca para sorrir e dizer palavras
bonitas; ouvidos para ouvir os sons e os outros, e sonhos para sonhar, viver,
acreditar e lutar. Ter uma cabeça com pensamentos positivos, família, amigos e
natureza.
Todos temos vários tesouros que
transformam a nossa vida diária em arco-íris. O anão sorriu, voltou a subir à
montanha e gritou bem alto um longo e poderoso OBRIGADO!
Ele tinha afinal muitos tesouros…muito
mais valiosos do que aqueles que imaginava encontrar nos baús. A partir desse
dia, o Anão aprendeu a apreciar a natureza, sem querer agarrá-la com as mãos,
mas guardava cada detalhe que via, nos seus olhos, e que lhe faziam nascer
grandes sorrisos luminosos.
A
cada coisa bonita e maravilhosa, especial e diferente que ele via, agradecia à
Natureza, e esta compensava-o com as suas belezas, magias, e dando-lhe tudo o
que ele mais precisava…percebeu que o que tinha era suficiente para o deixar
feliz, e afinal…tinha muito mais do que aquilo que imaginava e desejava.
FIM
Lálá
8/Maio/2016
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