Era
uma vez uma aldeia onde viviam muitas pessoas. Era uma aldeia sossegada, mas um
dia, sem darem por isso, foram invadidos por centenas ou milhares de borboletas.
Quem reparou foram os cães das casas que sentiram uma presença diferente,
ficaram assustados e ladraram sem parar.
Todos
foram à janela, ver o que poderia estar a acontecer.
-
Mas o que é que os bichos têm hoje? – Perguntou uma jovem
-
Realmente…ainda não se calaram. – Disse um rapaz
-
Será que anda aí alguém escondido? – Perguntou um homem
-
Hummm…é melhor vermos. – Sugere outro homem
-
Vou contigo! – Diz a esposa
-
Não…- Dizem todos
-
Vocês ficam. – Grita outro homem
-
Deixem-nos ir. – Imploram elas
-
Não. – Gritam todos os homens
-
Pode ser perigoso. – Justifica outro homem
-
E para vocês também. – Lembra uma das raparigas
-
Não! – Dizem todos os homens
-
Nós somos homens…- Afirma outro homem
-
Grande coisa! – Dizem as mulheres
-
Ficam e não há mais conversa. – Resmunga outro homem
-
Teimosos…- Gritam todas
-
E ai de vocês que saiam! – Ameaça outro homem
-
Ainda nos vão chamar, seus convencidos! – Diz outra jovem
-
Vão ter sorte… - murmura uma jovem
-
Nós vamos já ficar aqui! – Murmura outra
-
Nós é que vamos descobrir! – Murmura outra
Os homens das casas
saem juntos, as mulheres ficam à janela, amuadas, mas aparentemente tudo normal.
Os cães continuavam a ladrar e nervosos. As
mulheres não ficaram descansadas. Elas sentiam que havia alguma coisa. Só
podia! Olharam umas para as outras, sorriram e comunicaram-se com os olhos.
Todas tiveram a mesma ideia.
-
Será que vem aí algum fenómeno natural? – Pergunta um homem
-
Que se saiba, não. – Respondem todos
-
Devem ter sido eles a farejar qualquer bicho. – Diz outro homem
-
Mas pelo sim pelo não… - Insiste outro homem
-
Pois… - concordam todos
-
Pode estar por aí. – Concorda outro homem
-
Eles ainda não se calaram. – Repara outro homem
-
Por isso é que é melhor vermos. – Reforça outro homem
-
Vamo-nos dividir, mas nenhum vai sozinho.
Os
homens passaram tudo a pente fino com ar de ameaçadores e prontos a atacar se
fosse preciso. Não viram nada. Elas esperaram que os homens se fossem deitar, à
janela a conversar umas com as outras e a rir, e sempre atentas. Encontraram-se
à entrada, e foram à procura, silenciosamente, juntas, com lumieiras, os cães
calaram-se, e elas sim…viram!
Nem queriam acreditar…quando
olharam à sua volta e para as luzes, viram centenas de borboletas que mudavam
de cor, onde pousavam…estava escuro, mas às luzes, elas tinham outras cores, e
cada uma das borboletas mostrava nas suas asas todas as cores.
Os homens não as viram
porque elas estavam transparentes, para se defenderem, porque tinham medo de ir
parar a frascos ou a paredes com alfinetes, e ficaram quietinhas.
As mulheres seguiram-nas
atentamente, e sorridentes, encantadas com as cores, e com as variações das
mesmas nas suas asas, os bailados e os malabarismos, as danças que elas faziam,
elegantemente…lindas!
E perceberam que eram
borboletas de asas transparentes, quando olharam para aquelas que voavam em
direção às estrelas e à lua… e quando brincaram com elas, às sombras no chão,
com os reflexos das luzes e da lua gigante que estava nessa noite.
As mulheres quase se
transformavam em borboletas também, de tanto dançarem com elas, e perseguirem
as suas sombras. As borboletas desafiaram-nas, ensinaram às mulheres passos de
danças, pousaram nos seus cabelos, nas suas mãos, nos seus vestidos, elogiaram
os perfumes delas, e elas tocaram nas suas asas muito delicadas, transparentes…
era por isso que elas tinham todas as cores.
Divertiram-se, e deram
muita gargalhada, mexeram-se, dançaram, correram, até quase de manhã, e os
maridos dormiram, não se aperceberam de nada. Quando se levantaram, elas
dormiam, eles foram trabalhar, e de manha, quando elas acordaram, a primeira
coisa que fizeram foi ir janela ver as borboletas, e lá estavam elas…com asas
brancas, outras amarelas, outras brilhantes, outras verdes, outras vermelhas,
outras azuis, outras cor-de-rosa…outras com cores misturadas.
As borboletas pousaram
nas janelas e deram bom dia às mulheres…as mulheres responderam felizes, e gostaram
tanto delas que as acompanharam todo o dia, em todos os sítios onde elas iam! Afinal…as
borboletas eram transparentes e de todas as cores…talvez…e acordo com os olhos
de cada um que as visse, ou conforme os sentimentos. As borboletas nunca mais saíram
de lá, e os homens continuavam sem as ver, talvez porque estivessem distraídos ou
era mesmo uma defesa delas.
FIM
Lálá
4/Abril/2016
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