Era uma vez um lugar longínquo…muito
diferente daquele onde vivemos, sem poluição, sem guerras, sem casas e com uma
pequena tribo de índios.
Nesse lugar, durante vários dias do ano, os Índios fazem
uma festa para cumprir a tradição antiga dos seus antepassados.
Esta tradição dizia que todos os índios deviam festejar com
as penas, que chegavam aos milhares, trazidas ao sabor do vento.
Penas de
pássaros, penas de pato, galinha, galos, gansos, cisnes, gaivotas, penas de
pavão, de águias, de falcões, de corvos, e de muitos outros animais que se
juntavam.
A festa das penas era aguardada com grande felicidade, e
preparada com muito cuidado. Não podia faltar nada. Quando as penas começassem
a chegar, os índios ficavam apenas a olhar para elas, pois a tradição mandava
que as penas não fossem agarradas. Todas deviam voar livremente, leves, soltas.
Umas penas eram brancas e deixavam passar os raios de sol,
entre os espacinhos…era lindo! Muitas penas voavam e pousavam numa grande bola
de vidro, preparada para a hora da magia, outras tantas caíam sobre os índios e
as suas casas, eram recolhidas e guardadas com muito carinho, pois eram sinal
de boa saúde, e de serenidade, boas produções, e fartura, boas relações e
felicidade nos casamentos, nascimentos.
As índias faziam lindos vestidos para esta festa, arcos de
flores naturais, e de motivos marinhos, e neste dia, usavam as melhores joias, faziam-se
as melhores comidas, os penteados mais bonitos, usava-se a melhor louça…era
como se fossem começar um novo ano, ou uma nova vida. Os homens também
aprimoravam os fatos que já tinham, até as crianças vestiam roupas novas e
recebiam brinquedos novos.
Olhavam constantemente para o céu e apreciavam cada pena que
viam. Eram momentos de grande paz, que os fazia sorrir e quase voar com as
penas…pelo menos voavam com elas no olhar e no pensamento.
Com a mudança de Lua, a azáfama aumentava, e à medida que as
horas passavam. O grande dia estava mesmo a chegar, e todos ajudavam uns aos
outros. Tantas penas, de tantas cores e tantos tamanhos, de tantos animais…todas
leves e lindas.
No dia da festa, verificam a bola de vidro, põem as mesas,
enfeitam tudo, e há muita música no ar, e alegria. As penas estão paradas, mas todos
os índios dançam e cantam, trocam elogios e carinhos, comem e bebem á farta, e
de repente faz-se um silêncio arrepiante! Começa a soar uns doces acordes de
uma harpa.
Tudo fica em silêncio com uma enorme lua cheia a brilhar e
iluminar todo o espaço, desligam a música, desligam o som, e quase desligam os
cérebros. Os corações batem mais forte, de emoção, e todos os corpos vibram de
ansiedade. Dão as mãos e formam um grande cordão humano à volta da bola.
A grande bola de vidro, fica toda iluminada. Todos olham
encantados e sorridentes para a luz deliciosa e linda da bola. Cada um pede os
seus desejos para si mesmo, sem partilhar com os outros.
Fazem em coro a contagem decrescente…10…9…8…7…6…5…4…3…2…1…0…
A bola explode e acontece uma grande chuva de penas. Todas as penas que foram
lá parar, acariciam e tocam os índios, eles abrem as mãos, e as penas caem, os
índios oferecem penas às suas apaixonadas, e a outras pessoas que amam, como a
família.
Dançam uns com os outros, ao som da orquestra das fadas. Outros índios
usam penas para se declararem às meninas por quem estão apaixonados, e pedi-las
em namoro. As penas que esperavam pousadas no lago e na praia, acordam
e dão um espetáculo de dança, todos se deixam levar pela música e
acompanham-nas lentamente, flutuam, rodopiando no ar, e a festa dura até ao
amanhecer.
Todos se sentem muito livres e leves, com muita paz por todo
o lado. Mas para que esta sensação dure todo o ano, na noite seguinte, mandava
a tradição que tomassem banho no grande lago, com as penas.
É mais uma noite linda e divertidíssima de lua cheia no
lago, onde parecia que voltavam a ser crianças, a brincar na água, com muita
dança e amizade, e alegria. Sentiam-se mesmo bem!
No fim da festa, cada um levava uma pena de cada espécie
para alcançar todos os seus desejos. E era mesmo assim! Até á nova chegada de
milhares de penas, sem dia certo! Quando chegavam, tudo voltava ao mesmo.
Mas atenção: a liberdade deles tinha regras bem definidas
que não podiam escapar. Eram mesmo para ser cumpridas. Não podiam fazer tudo o
que desejavam. A única liberdade total existe apenas na mente de cada um de
nós, nos sonhos e na imaginação, onde na verdade não existem barreiras, nem
perigos reais para nós e para os outros, ao contrário da nossa sociedade, onde
tudo são barreiras à nossa liberdade.
FIM
Lara Rocha
(27/Fevereiro/2014)
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