Era uma vez uma menina que foi passear pela
praia com a sua avó. Enquanto a avó ficou a apanhar sol, sempre de vigia, a
menina foi para a beira da água. Mergulhou feliz nas possecas, e viu uma linda
pena, cheia de cores, a pairar sobre o mar e a balançar suavemente.
- Áh! Que linda pena. De onde vens?
- De muito longe, acho eu…pelo menos já
ando por cima da água há muito tempo!
- A quem pertences?
- Pertencia a uma ave rara, que foi para um
país frio, muito longe daqui.
- E não te levou?
- Não!
- Porquê?
- Não sei…se calhar fazia-lhe peso!
- Mas ela não tinha mais penas?
- Tinha! Tinhas milhares de penas…e muitas caíram
pelo caminho.
- Coitadas! Devem ter-se magoado.
- Não. Nós somos leves, quando caímos é
devagar, em cima de sítios confortáveis…e mesmo quando caímos em cima de sítios
duros, não sentimos.
- Áh! E não ficaste com pena dela?
- Não. Ela nem vai dar pela minha falta.
- Não?
- Não!
- Porque não?
- Porque nós somos como os vossos cabelos…mas
das aves.
- Sim, o nosso cabelo às vezes também cai.
- Pois! As penas das aves também.
- Áh! Estou a perceber.
As
duas têm uma longa conversa, riem, e a pena faz desenhos na areia. A mina
aplaude e também faz. Na água, a pena mergulha e aparece à menina transformada
num peixe, cheia de cores e que nadava rapidamente. A menina nadou atrás dela,
e a pena nadou mais devagar para a menina poder acompanhá-la.
Depois…a
pena transformou-se numa linda sereia e brincou com a menina, feliz, agarrada à
sua cauda, dão grandes mergulhos e saltos na água, dançam, chapinham, e nadam. Depois,
a pena transforma-se num molho de algas de várias cores, escorregadias na mão
da menina, que tenta agarrá-las, e a pena deixa-se estar em alga para receber
os carinhos da menina.
Depois…a
pena transforma-se num banco de areia para a menina se sentar debaixo da água e
flutuar. Era um banco de areia mesmo muito fofa. Depois…o banco de areia
desfaz-se em milhares de bolinhas de água que aparecem na superfície e desfilam
sem rebentar. A menina vê-as, deliciada, segue-as com os olhos e a nadar.
- Onde estás, pena?
E
a pena aparece transformada numa linda estrela-do-mar, colorida, e brilhante. As
duas trocam carinhos, quando a menina nela, e a pena faz-lhe cócegas na mão. A menina
ri-se.
Depois, transforma-se num camarão e faz a
menina rir, pela forma como ela anda. Andam as duas de gatas pela areia, e por
fim…a pena volta a ser pena, porque ouve a voz da Avó da menina a chamá-la.
A
avó chama-a, e ela leva a linda pena.
- Olha Avó…que linda esta pena! Veio de
muito longe!
- Áh! É mesmo linda. Onde estava?
- Lá em baixo, à beira do mar.
- Como é que sabes que ela veio de muito
longe?
- Ela disse-me. Disse que a ave a quem
pertencia era rara…e voou para um país frio, muito longe daqui. Mas ela caiu,
como acontece como o nosso cabelo, as penas das aves também caem, sabias?
- Áh! Sim, é normal! – Sorri – Deve ser
mesmo rara…nunca tinha visto esta mistura de cores tão bonita.
- Olha, Avó…como é fofinha! Toca, Avó!
A
Avó toca na pena suave e delicadamente.
- Sim! É mesmo muito delicada…fofa…leve!
- Gostavas de ser como ela?
- Gostava, e tu?
- Eu também! Sabias que ela dança?
- Dança?
- Sim, danço…por favor…batam palmas!
A
Avó e a menina batem palmas a ritmos diferentes, e a pena acompanha-as a
dançar. Depois a pena desenha na areia, coisas que lhe pedem. A Avó tira fotos
maravilhada.
- Filha, agora temos de ir embora. Está muito
calor.
- Óóóhhh…pois é! Posso levar a pena para a
nossa casa, Avó?
- Podes! Se a pena quiser ir.
- Sim! – Responde a pena a sorrir.
- Boa! – Saltita feliz
Esta
pena era mesmo especial. Tanto era pena, como a seguir se transformava numa linda
rapariga, com vestido de penas. Dava meia volta e ficava uma princesa com um
chapéu de penas. Quando estava feliz, transformava-se numa pena bailarina, com
corpo de golfinho e dava mergulhos fantásticos com a menina nas possecas e no
mar.
Quando
a menina tinha frio, a pena triplicava-se e fazia um belo casaco de penas que
aquecia, e numa manta muito fofa de penas para cobrir na cama e no sofá. Outras
vezes, era apenas uma pena que enfeitava o móvel da menina.
Ela
tinha todos estes poderes para agradar e cativar as crianças, porque sentia-se
muito sozinha e queria fazer novos amigos, mas ninguém reparava nela…pois havia
muitas penas por todo o lado, ainda que diferentes daquela. Para muitos…as
penas metiam nojo, para outros tantos…faziam alergias, e para outros…eram fonte
de inspiração para desenhos e pinturas. Para outros, era só mais uma pena. A menina
foi a única que reparou nela, por isso, a pena fez tudo para mostrar os seus
encantos, como forma de agradecer e reconhecer a amizade.
A
menina e a pena tornaram-se as melhores amigas, passearam juntas, a pena em
forma de menina, brincaram e riram, construíram coisas na areia, dançavam…e
muito mais!
E vocês? Se fossem à praia, reparavam numa
pena como esta?
Se vissem uma pena na praia…
Como seria? Grande ou pequena?
A quem pertenceria?
Gostavam de ter uma amiga pena?
E se ela se transformasse? Em que seria?
FIM
Lálá
(5/Março/2014)
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