Era uma vez uma formiguinha, que andava sempre com alguma coisa debaixo do braço, e era muito mentirosa.
Quando lhe perguntavam o que levava, uma vez disse que era um livro sobre o amor. Como ia embrulhado, não viam, e acreditavam.
Outro dia, perguntaram:
- Olá amiguinha, o que levas aí?
Ela trocou os olhos e respondeu:
- Olá! Levo uma pasta de chocolate!
- Oh que bom. Podes dar-me um bocadinho?
- Não! É para oferecer.
- Está bem. E quem é essa pessoa?
- Não conheces! - diz a formiguinha
- De certeza que vai ficar mesmo feliz com esse chocolate.
- Claro que sim. - diz a formiguinha
De outra vez perguntaram:
- O que levas aí, formiguinha?
- Levo um estendal de roupa!
- Queres ajuda?
- Para quê? - pergunta a formiguinha
- Para levar o estendal de roupa.
- Não! Obrigada. É leve.
Outro bichinho perguntou também o que é que ela levava, e ela respondeu:
- Levo uma vassoura.
O bichinho achou estranho. Outra perguntou o que é que ela levava.
- Levo um espelho!
- Posso ver?
- Não.
Outro animalzinho perguntou, ela respondeu:
- Levo uma cama.
- Queres ajuda?
- Para quê?
- Para levar e montar a cama.
- Nao. Obrigada! Eu posso com ela e já está montada.
Outro animalzinho perguntou e ela zangada de tanta pergunta respondeu:
- Não têm nada a ver com isso.
Virou costas, e foram todos atrás dela, triste.
- Porque andam a seguir-me? Eu não ando a ver o que vocês levam todos os dias, nem vos pergunto nada pois não?
- Não. - respondem todos
- Também só oferecemos a nossa ajuda, ao ver-te carregada!
- Obrigada, mas não preciso.
- Todos os dias dizes que levas coisas diferentes, mas a nós parece-nos sempre a mesma coisa!
- Não têm nada a ver com isso. - diz a formiga irritada.
Ela segue para a sua casa, e todos os animais veem que a formiguinha estava a construir uma casinha ao lado da sua, só com as folhas que encontrava, porque era pobre e não podia comprar nada.
Por isso aproveitava tudo o que aparecia em boas condições na floresta, como paus caídos, folhas, troncos de árvores cortadas, pedras e outros objetos.
A formiguinha tinha vergonha de pedir e de dizer que era pobre! Por isso ela mentia, e dizia que levava coisas que gostava de ter e previsava.
A formiguinha ficou envergonhada quando viu que tinham descoberto as suas mentiras, que não eram por mal, nem faziam mal a ninguém.
- Desculpem, mentir... É que não queria que soubessem que sou pobre e que as coisas que tenho são o que encontro na floresta! Para me alimentar, para ter uma casa...
- Oh, não precisavas de ter mentido, nem de ficares envergonhada por fazer isso! Nós estamos aqui para te ajudar no que pudermos e no que precisares. - diz um coelhinho
- Claro! - dizem todos
Os animaizinhos sentiram pena dela, e cada um ajudou-a como pôde, com roupas, agasalhos, comidas, construíram uma casa, com tudo o que ela precisava. Ela também ajudou toda contente, no que sabia e no que aprende.
Quando estava tudo pronto, fizeram uma grande festa, descobriram que ela costurava maravilhosamente bem, fazia roupas e bolos, cozinhava bem, por isso, até lhe deram emprego.
Passou a ser amiga e aforada por todos. E assim foi desfeito o mistério do que é que a formiguinha segurava debaixo do braço, e que tinha vergonha de se mostrar como era, que precisava de ajuda.
Não se deve mentir, mas às vezes fazem isso por vergonha.
Fim
Lara Rocha
8/Novembro/ 2021
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