Era uma vez um rapaz jovem, que fazia magia e era maestro de um grande coro.
Foi despedido porque brincava mais do que tocava, e apesar de ser divertido, o público não gostava, pensavam que ele era maluco.
Vivia com os seus pais, mas ficou tão triste que foi à procura de um refúgio para recuperar, e onde pudesse divertir-se.
Pôs pés ao caminho, e encontrou um pequeno descampado, feito de palha. Espreitou, não viu ninguém, aquele espacinho era perfeito, não tinha nada.
Confiou que lá poderia estar à vontade e inventar as suas músicas, tocar, brincar. Era isso que o fazia sentir-se feliz! Instalou-se confortavelmente, e começou a dedilhar numa viola, tentando construir uma canção.
Passou um rebanho de cabras, ovelhas, bodes e o cão, cada um com as suas vozes, pareciam estar a conversar ou a discutir uns com os outros. O rapaz espreitou, e fez uma magia, que trocou as vozes de todos, sem lhes tocar.
O cão começou a bramir, as ovelhas, as cabras e os bodes a ladrar. Estavam tão envolvidos nas conversas e discussões que nem repararam nas vozes diferentes, e o rapaz às gargalhadas, até que se fez silêncio, o pastor chegou, e todos voltam às suas vozes normais.
Passado um bocado, uma lebre atravessa o espaço a grande velocidade, mas para quando ouve a música, um bando de falcões sobrevoa numa grande algazarra, juntam-se uma manada de bois e vacas a mugir e a deslocar-se devagar, e um gato a miar. Serviu de inspiração para o mágico, que trocou as vozes dos animais.
Pôs os bois e as vacas a piar, os falcões a mugir, e a lebre a miar enquanto conversavam uns com os outros, e o mágico às gargalhadas.
Aproxima-se um bando de cavalos, a cavalgar e a relinchar, pararam junto dos outros e perguntaram o que estava a acontecer. Explicaram nas suas vozes que ouviam música, não viam ninguém, e que parecia estar a acontecer alguma coisa estranha.
O mágico volta a brincar com as vozes dos animais, pondo os cavalos a miar, a lebre a ladrar, os bois a piar, os falcões a mugir, o gato a relinchar. Ele dá umas sonoras gargalhadas. Todos os animais fazem silêncio, não voltam a ouvir música nesse dia.
No dia seguinte, o rapaz mágico volta ao refúgio, o rebanho de cabras, ovelhas e bodes passa outra vez, com o cão, juntam-se os falcões, o gato, a lebre, os cavalos, as vacas e os bois.
O mágico não resistiu e mostrou-se, apresentou-se, disse que fazia magia, e perguntou se queriam experimentar. Ficaram muito surpresos, e aceitaram.
Deu várias voltas aos dedos, a olhar para os diferentes animais, e trocou as vozes todas.
- Agora sigam os meus movimentos, e falem.
Os animais fazem o que ele diz, mas tudo trocado. As ovelhas, cabras, e bodes mugem, os bois miam, as vacas piam, os cavalos bramem, os falcões ladram, o cão e o gato relincham.
O mágico ri às gargalhadas, e grava para os animais ouvirem. Fazem silêncio, e quando ouvem, assustam-se, mas no fim dão umas sonoras gargalhadas.
- Querem fazer outra?
- Sim!
Volta a trocar as vozes aos animais: as vacas e os bois relincham, os falcões bramem, os cavalos piam, o cão mia, o gato ladra, as ovelhas, as cabras e os bodes mugem.
Dão umas valentes gargalhadas, e ainda mais quando o jovem os convida a fazerem um coro, com as vozes trocadas. Todos alinham divertidíssimos. A estes juntam-se uma vara de porcos, e um bando de galinhas, e galos.
Mas que surpresa agradável, quiseram experimentar, e então, as vacas e os bois cacarejaram, o gato bramiu, os cavalos mugiram, as vacas e os bois miaram, o cão piou, as galinhas e os galos ladraram, os falcões grunhiram, e os porcos relincham.
Todos quiseram experimentar as vozes uns dos outros, e muitas gargalhadas. Gostaram tanto que passaram a encontrar-se todos os dias naquele espaço, os que passassem por lá, e juntavam-se para o coro.
Os agricultores não gostaram muito da brincadeira no início, mas o mágico também os convidou a participar. Eles aceitaram, participaram e ainda riam às gargalhadas ao ouvir os animais com vozes que não lhes pertenciam.
No fim, aplaudiam, formaram quase uma grande e verdadeira família, com amizade, acharam tão divertido que pensaram ser uma boa ideia para dar a conhecer a aldeia, ganhar algum dinheiro com espetáculos.
Foi mesmo o que fizeram, e graças a essas brincadeiras do rapaz com os animais, o público divertia-se, e no fim de cada espetáculo deixavam o dinheiro que queriam.
Foi a salvação do mágico, dos agricultores, tornando a aldeia muito conhecida, ia gente de aldeias vizinhas e todas as noites os espetáculos eram diferentes, ensaiavam ao longo do dia.
Já conheciam os gestos do mágico e sabiam quando era para trocar, cantar, dançar, mudar de vozes. Todos aplaudiam, e eram grandes fãs, tiravam muitas fotos.
Fecharam-se muitas portas para este mágico, mas também se abriu uma gigante com a qual ele nunca tinha sequer sonhado ou imaginado vagamente. Voltou a ser feliz, e a fazer muita gente feliz, para ele era o mais importante, e assim pôde ajudar os seus pais.
FIM
Lara Rocha
3/Fevereiro/2021
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