Era uma vez um peixinho branco, brilhante que vivia no mar, mas muitas vezes ia à superfície ver a praia, e mergulhar noutros sítios, como as poças. Os seus pais deixavam-no ir, mas estavam sempre atentos, e alertavam-no para ter cuidado com os seres humanos que andavam pela praia.
O peixinho esquecia-se com o entusiasmo de ver coisas
tão bonitas e sentia vibrações tão boas quando as crianças e pessoas com mais
idade mergulhavam ou molhavam os pés, que não conseguia sair da beira deles.
Brincava com eles, raspava pelos pés, esfregava as
barbatanas nos dedos e nas pernas que estavam mergulhadas na água, rebolava,
fazia bolinhas, deixava-se tocar, deixava que pegassem nele, e que lhe fizessem
festas.
Ele adorava ouvir as gargalhadas das boas pessoas, e
das crianças, pelas cócegas que sentiam quando o peixinho passava, ficava tão
feliz que nem se lembrava que havia pessoas menos simpáticas, que tentavam
pescá-lo com baldes, acertavam-lhe com pás, atiravam-lhe com pedras, queriam
agarrá-lo, e pô-lo fora da água, e lançavam-lhe armadilhas.
Apanhava muitos sustos! E os seus pais também. Um
dia, a mãe do peixinho ficou muito zangada, cansou-se de apanhar sustos e pediu
ao anjo da guarda do filhote, um peixinho com asas fininhas, de cor azul mar,
que o protegesse, já que ele era teimoso, e esquecia-se dos perigos.
O anjinho da guarda do peixinho branco pôs logo
asinhas ao caminho e vigiou-o, sempre que havia perigo, o anjinho cobria o
peixinho transformando-o em transparente, da cor da água. No inicio, o peixinho
branco sentiu-se muito estranho…e o anjinho dele apareceu à sua frente.
- Tem cuidado! Lembra-te
que há perigos, e não te deves meter neles. – Recomenda o anjinho
- Quem és tu? – Pergunta
o peixinho
- Sou o teu anjo da
guarda!
- Áhhhh…que lindo! Acho que
nunca nos encontramos.
- Já nos encontramos,
mas nunca falamos.
- Porque não?
- Tu deves saber que eu
existo, mas nunca me chamaste…mesmo assim, eu estou sempre muito perto de ti, a
olhar por ti.
- Óh! E agora também
estás a tomar conta de mim?
- Sim!
- Mas eu não me lembro
de te ter chamado!
- Não… não me chamaste,
mas sei que corres perigo, por isso é que estou aqui.
- Como é que sabes?
- Sei.
- Os meus pais falaram
contigo não foi?
- A tua mãe…ela diz que
nunca te lembras dos perigos que existem na praia, e está farta de apanhar
sustos contigo. Então, pediu-me para te ajudar a proteger.
- Eu sei…! Tenho vergonha.
- Não tens de ter
vergonha. Só tens de ter mais atenção e cuidado.
- Não queria que os meus
pais ficassem preocupados. Mas é que eu fico tão feliz, sinto ondas tão boas, e
sinto que eles também ficam felizes, que até me esqueço dos perigos que os meus
pais tanto falam.
-É normal…és criança…não
vês maldade em nada…mas infelizmente…aqueles humanos têm-na…principalmente em relação
a tudo o que é diferente! Mas é claro que os teus pais ficam preocupados.
- E o que é que eu posso
fazer para eles não ficarem preocupados e para eu não correr perigo?
- Sempre que eu sentir
que estás em perigo, transformo-te em peixe invisível, da cor da água, e assim
podes andar à vontade, fazer cócegas e carinhos aos velhinhos, às crianças e
aos corações bons. É um lindo gesto, mas assim não corres perigo de ser caçado,
agredido com pedras ou pás, ou de caíres em armadilhas!
- Áh! E depois volto a
ter a minha cor normal?
- Claro que sim.
- Muito obrigada! – Diz o
peixinho feliz
O anjinho da guarda do peixinho branco acompanha-o
sempre, com quem tem longas conversas, brincadeiras e fugas de perigos. A sua
presença faz com ele se torne ainda mais especial junto das pessoas, embora
elas não o vejam, umas vezes na sua cor natural, o branco, outras vezes
transparente.
Assim ele pode
nadar seguro, continuar a explorar a praia, e brincar com as crianças, os
velhinhos e as pessoas de bom coração que conseguiam vê-lo e senti-lo, e a mãe
ficou mais descansada.
O peixinho ia e
voltava sempre que queria, agora protegido e acompanhado.
FIM
Lálá
(16/Julho/2016)
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