Ela ouviu uma voz doce que a chamava...sentiu uma presença sem rosto, sem cor, sem sombra nem tamanho, mas com um cantar arrepiantemente belo e melodioso. Uma outra voz humana gritou-lhe, mas ela não a ouviu.
Estava encantada com aquela voz. Seguiu-a e num abrir e fechar de olhos, fundiu-se naquela voz, e cantou a paz que a sua alma não encontrou, com a sereia no silêncio daquela, onde o mar chorou!
Aquela sombra sedutora, que só ela via, conquistou o seu coração até então vazio...falava com ela e dizia-lhe as coisas mais maravilhosas que mais desejava ter ouvido daquele que amou!
A sombra que só ela via, jurou-lhe amor eterno...para além da terra e da vida, estava esfomeada de amor, e seguiu a sombra. Ambos fizeram a viagem das vidas deles. Sim, foi mesmo uma viagem para toda a eternidade naquela linha de comboio.
Ela dizia que o seu corpo era habitado por corvos. Ela sentia as garras dos corvos negros apertarem-lhe a garganta e tomarem conta do seu corpo.
Queria livrar-se deles, mas quanto mais ela tentava, mais eles a apertavam...parecia que ia sufocar. Então, a maneira que ela encontrou de deixar voar os corvos que habitavam o seu corpo, foi cortar-se em várias partes.
Pensou que tinha conseguido correr com eles, sentiu alívio, e esqueceu por momentos a dor, mas uma ave branca salvou-a.
Estava encantada com aquela voz. Seguiu-a e num abrir e fechar de olhos, fundiu-se naquela voz, e cantou a paz que a sua alma não encontrou, com a sereia no silêncio daquela, onde o mar chorou!
Aquela sombra sedutora, que só ela via, conquistou o seu coração até então vazio...falava com ela e dizia-lhe as coisas mais maravilhosas que mais desejava ter ouvido daquele que amou!
A sombra que só ela via, jurou-lhe amor eterno...para além da terra e da vida, estava esfomeada de amor, e seguiu a sombra. Ambos fizeram a viagem das vidas deles. Sim, foi mesmo uma viagem para toda a eternidade naquela linha de comboio.
Ela dizia que o seu corpo era habitado por corvos. Ela sentia as garras dos corvos negros apertarem-lhe a garganta e tomarem conta do seu corpo.
Queria livrar-se deles, mas quanto mais ela tentava, mais eles a apertavam...parecia que ia sufocar. Então, a maneira que ela encontrou de deixar voar os corvos que habitavam o seu corpo, foi cortar-se em várias partes.
Pensou que tinha conseguido correr com eles, sentiu alívio, e esqueceu por momentos a dor, mas uma ave branca salvou-a.
O suicídio não tem raça, cor, género, idade ou profissão, família, riqueza ou pobreza. O suicídio é o grito ensurdecedor de uma alma vazia, ferida como uma gaivota que quer voar, quer ser mais forte que o vento, ela luta o mais que pode...enquanto pode...até que sucumbe ao cansaço.
Sente que não tem nada a perder, e deixa que o vento a leve, na esperança de uma transformação...talvez...até tenha a ganhar!
Ganhar um novo fôlego, uma nova vida e deixa que o vento a leve para onde quer. Mesmo que para o fundo do mar, ou que se lance de um precipício.
Como tu, fizeste isso. Pensaste que eras gaivota? Ou invejaste a vida dela? E como uma lança disparada do infinito, o teu grito de revolta ecoou pela encosta e fez tremer o mar onde se afundou no silêncio eterno e assustadoramente frio.
Ninguém sabe para onde foi a lança, ou o grito, o certo é que ninguém reparou que essa lança era um pedido de ajuda! Chamaram-te louca, como se isso resolvesse.
O suicídio é um grito ensurdecedor, cruel, que usa o corpo em vez da voz! Mas por muito má que seja a situação e por muito grande que seja a tristeza, enquanto estamos de olhos abertos podemos pensar, pedir ajuda, lutar...a morte pode parecer o caminho mas não é.
E quem está em sofrimento sabe-o, simplesmente o nevoeiro da sua floresta por onde vagueia não deixa ver a luz que a tirará das trevas.
Qualquer um de nós pode ser as asas de algum pássaro ferido, caído no chão que não consegue voar. Podemos alimentá-lo e devolvê-lo à liberdade quando estiver novamente forte e capaz de voar em todas as direções. Não te iludas…! Do lado de lá não podes resolver nada!
A morte pode parecer-te o caminho mais curto, mais fácil, ou simplesmente… o caminho! Não acredites! O caminho é na Terra onde tens os pés pousados...e há tantos! Procura uma luz! Segue os caminhos por onde vires luz, mesmo que haja nevoeiro, a luz da vida e o pulsar do teu coração guiar-te-ão.
Porquê? Se tudo parecia bem, tu sorrias, e rias, brincavas, e de repente...porquê? Se estávamos aqui? Porque não pediste ajuda? Porque não te abriste connosco? Os amigos não são só para a diversão, muito pelo contrário, estão aí para os piores momentos. E tinhas tantos… porque fizeste isso?
Não é justo! Tantos porquês...tantas dúvidas, tantas hipóteses que levantamos, mas só tu poderias dizer o que realmente te empurrou para o precipício!
Agora...nada podemos fazer. Descansa, vive a tua paz! Onde quer que estejas, e olha por nós. Protege outros que tentem fazer o mesmo que tu!
Descansa, e quando acordares conversamos…! Mas não te livras de uma tareia. Uma tareia já deste a todos. Acreditamos em ti, na tua força, e vais vencer, vais voltar. Coragem, estamos contigo, e cá te esperamos!
Não precisavas de fazer isso para nos chamar a atenção mas nós perdoamos-te, o que queremos é que fiques bem, e estamos aqui para te ajudar, quando acordares dessa overdose!
Queres gritar a tua dor, grita! Nós ouvimos. Queres explodir a tua raiva, explode, nós estamos aqui para recolher os estilhaços e colar o teu coração.
Liberta tudo o que te sufoca, nós estamos aqui para te ouvir, para te ler, para te fazer companhia, para chorar e rir contigo, para te abraçar.
Ainda tens muito para viver, muito para sofrer e crescer, e nós estamos sempre aqui. Pede ajuda. Não sejas teimosa. Não estás sozinha, ou sozinho!
Há sempre uma mão estendida, ouvidos para te ouvir, braços para te abraçar, e devolver-te à vida. Não te entregues à tristeza. Luta. É assim que te tornas pessoa, aqui na Terra, ao nosso lado!
Fim
Lara Rocha
23/Junho/202o
Silêncio
Silêncio é a única coisa que me ocorre
neste momento,
em que todas as palavras
que existem na minha mente
Evaporaram-se no espaço,
No escuro da noite,
No escuro da morte
Tão cedo!
As minhas palavras choram…
Não conseguem sair da minha boca,
Apenas recolhem-se nas suas conchas
Estão frias…
Como tu estás agora.
Porquê?
Porquê?
Pedro…
A resposta a este porquê,
Permanecerá no silêncio cortante
Da pedra onde repousas.
Porquê?
Porquê?
Com tanto que podias fazer,
Tanto que podias dar…
Descansa em Paz!
Devias procurá-la em VIDA!
Encontrá-la-ías de certeza.
Mas entregaste-te ao cansaço…
Perdeste a força
Perdeste o sorriso…
Perdeste tudo.
Que a tua luz se reacenda
Lá em cima
E ilumine todos
os que passam pelo mesmo motivo
Que te levou a tornar-te estrela.
Era aqui na TERRA que tu devias continuar.
Mas a tua dor não permitiu.
A tua terminou,
Mas a de muitos...aumentou.
Resistirão…
Talvez!
Onde quer que estejas
Ilumina todos os que sofrem.
Até sempre…
Lara Rocha
28/Abril/2014