A pena, o dente de
leão e a joaninha
Era uma vez uma joaninha que vivia num cogumelo com a
sua família. Tinham em casa um dente de leão, que era o seu animal de estimação
muito dedicado, meigo, companheiro, educado, e adorava ajudar. Recebia muita
atenção e mimos.
Uma tarde foram passeá-lo, estava nublado, frio, e
preparava-se para chover, mesmo assim saíram um pouco de casa. Uma pena cai aos
pés da joaninha, cansada. Todos param a olhar para ela.
- Uma pena, aqui? – exclamam
todos
- Não é nada comum! – repara a
mãe joana
- É comum, sim, vocês é que
andam sempre distraídos, sempre a pensar noutras coisas, mas sempre que eu
saio, vejo penas aos montes. – diz o dente de leão
- Nunca me chamaste para ver?
– reclama a joaninha mais pequena
- Pensei que vias como eu, mas
nunca falamos sobre isso…temos sempre outros assuntos. – explica o dente de
leão
- Pois, tens razão. – concorda
a joaninha
- Foi trazida pelo vento,
ora…qual é o espanto? – pergunta o pai
- Que insensível. Ela pode
trazer uma mensagem importante. – diz a mãe joana
- Não acredito que acreditas
nessas coisas… - resmunga o pai
- Sim, acredito, e faz favor
de me respeitar… obrigada. – diz a mãe
- Deve ser uma armadilha de um
animal invejoso ou da feiticeira – comenta outra joaninha pequena
- Ai, que nuvem negra! –
comenta o dente de leão
- Onde? – perguntam todos
- Ali, e aqui, nesta cabeça às
pintas! – diz o dente de leão
Dão uma gargalhada geral.
- Desculpem estragar a vossa
boa disposição… mas… o que tenho para vos dizer é muito sério. – interrompe a
pena
- Eu não disse? – Afirma a mãe
joana
- O que é? – perguntam todos,
agora sérios
- Venho por parte do
Luzerninha!
- O Luzerninha…? – perguntam
todos em coro, assustados
- Sim! E os avisos dele devem
ser levados muito a sério! Ele sabe o que diz, e foi ele que me mandou avisar.
Vem aí uma tempestade. Eu confirmo, porque estava com ele e vi, além disso,
estou muito cansada, pois tento voar, as já caí muitas vezes, a atmosfera está
muito pesada, cheia de nuvens e húmida. Há muito vento! – responde a pena
- Bem, se foi o Luzerninha é
melhor não demorarmos – diz outra joaninha
- É. Não percam tempo, ela
aproxima-se a passos muito largos. Vou acabar os meus avisos e também recolho.
Não saiam de casa. Protejam-se e protejam as vossas coisas. – recomenda a pena
- Obrigada! – respondem todos
As joaninhas e o dente de leão ficaram mesmo
assustados, e voltam para casa logo que fecham a porta, começa a chover
torrencialmente.
- Nem parece chuva! Parecem
pedras. – repara uma joaninha
- Ai, que medo… - diz o dente de
leão, nervoso
- Não te preocupes, dentinho,
estás connosco. – tranquiliza a joana mãe
O vento assovia, abana as janelas, a porta, as flores
quase saem da terra, os trovões parece que rebentam dentro de casa, e o telhado
quase levanta. De repente batem á porta. A mãe espreita:
- É a pena!
Abre a porta e a pena está completamente encharcada,
a tremer:
- Peço desculpa! Posso
recolher-me aqui um bocadinho? Enquanto a tempestade não passa. Bati a várias
portas mas ninguém me abriu. É que estou toda ensopada, quase não me mexo,
estou cheia de frio, e não consigo voar…!
- Claro que sim! Entra!
Seca-te e quando parar vais. A mesa dá para mais gente! Está quentinho, aqui! –
diz outra joaninha
- Muito obrigada. – responde a
pena
Ela entra com a mãe joaninha. Vão para a beira da
lareira, o dente de leão fica ciumento, e espirra.
- Então? Parece que estás com
ciúmes?! É nossa amiga!
- Óh, coitadinha! Está toda
murcha.
- Vem secar-se até o vento e a
chuva pararem…não consegue voar! – explica a mãe
- Claro! Bem-vinda! – dizem
todos
Todos conversam com a pena enquanto ela se seca.
Jantam, e a pena acaba por dormir na casa delas porque a tempestade dura a
noite toda. A partir dessa noite, a pena torna-se mais um elemento daquela
família, levando-lhes coisas para agradecer o acolhimento, avisos importantes,
e leva-os a passear por sítios onde nunca tinham ido.
O dente de leão gostou tanto dela que davam boleia um
ao outro, trocavam abraços e muitas gargalhadas, brincavam juntos, muitas vezes
por dia, e carregavam as joaninhas. Esta família do coração da pena nasceu numa
tempestade! É mesmo assim, às vezes temos outras famílias além da nossa feita
de amigos, que gostam de nós e que nos preenchem.
Vocês também têm outra família, além da vossa? Quem
faz parte dela?
FIM
Lálá
7/Setembro/2018
Sem comentários:
Enviar um comentário
Muito obrigada pela visita, e leitura! Voltem sempre, e votem na (s) vossa (s) história (s) preferida (s). Boas leituras