Era uma vez
muitos bonecos feitos de algodão que viviam na atmosfera, onde vemos as nuvens.
Um dos seus passatempos preferidos era apanhar os balões que vinham da terra,
aqueles que fugiam das mãos das crianças.
Enquanto
as crianças choravam desconsoladas, por terem ficado sem os balões, a bonecada
lá de cima ficava eufórica. Sempre que chegavam balões todos da mesma cor, ou
coloridos, saltavam felizes, aos gritinhos.
Agarravam
nos balões, esvaziavam-nos e metiam-nos numa máquina especial, que os derretia,
para serem transformados em roupas, brinquedos, camas, móveis e outros objetos.
Quando ganhavam uma nova função, os bonecos distribuíam-nos pelas famílias que
mais precisavam, ficando com o resto e algumas coisas para eles também.
Trabalhavam
muitos bonecos de algodão nessa fábrica, e nas poucas horas livres que tinham
fora de trabalho estavam com a família. Outras vezes, faziam torneios
desportivos com esferas muito leves, feitas de pedacinhos de nuvens que
sobravam das misturas com os balões.
Umas
esferas eram do tamanho de berlindes, muito coloridas, com padrões e desenhos
que pareciam desenhadas à mão, mas faziam parte dos balões transformados. Outras
eram enormes, muito redondinhas e também cheias de cores misturadas.
Eram
centenas de esferas tão fofas, tão macias, tão leves e confortáveis que muitas
quase pareciam de veludo. Uns bonecos atiravam-nas uns para os outros, outros
jogavam volley, outros, futebol, com publico que aplaudia, vibrava, ria, e
puxava pelos jogadores. Outros grupos jogavam basquetebol, com as bolas maiores,
e o publico delirava.
Quando
não havia jogo, e estava muito calor, os bonecos mergulhavam em piscinas de
água que chegava da terra pela evaporação, verdadeiros jácusis, com bolhas de
água a borbulhar. Era uma grande animação.
Os
mais velhinhos gostavam de ficar noutra piscina onde se sentavam em escadinhas
de nuvens, ou em tapetes feitos do mesmo material no chão da piscina. Conversavam,
riam e massajavam o corpo com jatos de água, uns mais fortes, outros mais
suaves, podiam escolher entre água fria, água morna e água quente.
Nesta
aldeia também havia parques com mesas, cadeiras, e lagos ao ar livre, onde
podiam flutuar, caminhar, descansar, ouvir o silencio e o som do vento, voar em
pássaros e asas de águias, ou em nuvens.
Faziam
piqueniques e festas tradicionais, viam a terra por um miradouro, o mar, os
rios, as casas, as estradas, os carros, as praias e o sol.
Um
dos momentos que eles mais gostavam era deitar-se nas soleiras das suas casas,
ou nos terraços, e ver as estrelas e a lua a desfilar… o outro momento em que
todos os habitantes se reuniam e sentiam paz…quase um momento de meditação ou
oração silenciosa coletiva, em que ninguém falava, era o nascer e o pôr-do-sol,
muito aplaudido quando aparecia e quando desaparecia.
Ficavam
tão encantados que não se atreviam a interromper aquele momento tão mágico. No final,
sorriam, e como todos se conheciam, trocavam abraços e recolhiam. Tudo era
leve, desde os habitantes, até todo o meio onde viviam.
Já
imaginaram como seria bom se o nosso lindo planeta terra fosse mais vezes
assim, com esta aldeia? E se todos tivéssemos momentos em que parávamos a ver o
sol nascer e pôr-se, em silêncio?
Imaginem…!
FIM
Lálá
25/Setembro/2018