Número total de visualizações de páginas

sábado, 27 de dezembro de 2014

ACONTECIMENTOS – A RIMAR

ACONTECIMENTOS – A RIMAR


O Zé, a Mané, e o André foram passear.
O sol estava a brilhar, 
E muitos meninos estavam a brincar. 
O vento soprou e tirou o boné da cabeça do André,
O Zé deu um pontapé no boné do André,
O André não gostou,
Apanhou o boné e sacudiu,
Mas ficou muito zangado com o Zé,
Porque deu um pontapé no seu boné.
A Mané dançou uns passos de balé.
O Zé chegou a casa, tirou as sapatilhas,
E os seus pés cheiravam muito a chulé,
A mãe do Zé mandou-o sentar e pôr os pés fora da janela.
Passou o André, que viu os pés do Zé,
E a correr atrás da bola
Torceu um pé.
A Mané dançou uns passos de balé,
Passou o Tomé e aplaudiu a Mané,
Quando viu os seus passos de balé.
O Miguel e o Rafael viram um enorme moinho,
Com um grande ninho no seu telhado.
Quando chegaram ao moinho
Viram um passarinho que tinha caído do ninho.
Junto do moinho estava o Joel
A montar um carrossel
Para a festa do seu primo Gabriel.  
Dona Francisca foi levar o seu cão faísca,
Viu um fuminho preto a sair
Da chaminé da casa da Dona Mizé.
Dona Francisca passou com o seu cão faísca,
Na casa da Dona Mizé,
De onde saia fuminho preto da sua chaminé,
Quem abriu a porta,
Foi o seu neto Tomé,
Pois a Dona Mizé, estava muito ocupada,
A fazer um bolo no forno para si e para o Tomé.
Dona Mizé convidou a sua amiga, Dona Francisca a entrar,
Mas Dona Francisca disse que não podia entrar,
Porque estava com o seu cão Faísca.
Dona Mizé disse que o Faísca
Também podia entrar.
Dona Mizé, o seu neto Tomé,
Dona Francisca e o seu cão Faísca
Comeram o bolo que estava a acabar de fazer.

FIM
Lara Rocha 
(27/Dezembro/2014)
   

quarta-feira, 24 de dezembro de 2014

O PINTAROLAS E A PINTECAS

foto de Lara Rocha 

            O Pintarolas e a Pintecas, são dois belos gatos que vivem numa casa enorme com os seus donos. Um dia viram os pequenos da casa a escrever uma carta e perguntaram para quem era. Os meninos disseram que era uma carta para o Pai Natal.
- Também podemos escrever a nossa carta ao Pai Natal? – Perguntou a Pintecas
- Não! – Responde um menino
- Vocês não sabem escrever…têm patas, não tem dedos, e não andam na escola! – Diz outro menino
            Os dois gatos ficam tristes e viram o rabo para os meninos.
- Claro que podem escrever! Venham cá… - Diz a menina
            Os dois gatos voltam a virar-se para os meninos, com um grande sorriso, fazem uma careta aos meninos.
- Mas que palermas… todos têm direito a prenda…até os animais. O que querem de prenda? – Diz, e pergunta a menina
            O Pintarolas adora bolas, a Pintecas adora bonecas. A menina acrescentou na sua carta:
- Pai Natal…como és muito bonzinho, e sei que dás prendinhas a toda a gente, peço-te para mais dois animais que são amigos maravilhosos, muito meigos, carinhosos, e são muito boa companhia…e portam-se bem! Geralmente… (os gatos ficam vaidosos, sorridentes, e fazem mimos à menina) – Não me distraiam…onde é que eu ia…áh…já sei…como te tinha escrito…eles querem uma prendinha. O gato Pintarolas adora bolas, e quer um saco de bolas. A Pintecas é uma gatinha, e adora bonecas, por isso, ela pede mais bonecas! Obrigada, e boa viagem para ti, Pai Natal. Um beijinho e patinhas dos meus gatinhos.
            A menina dá mimos aos gatos, e eles retribuem, felizes e muito agradecidos. O Pai Natal recebeu a carta, e na noite dos presentes, todos estavam muito felizes, entre muitas gargalhadas, e brincadeiras. Na hora dos presentes, tudo foi dormir. E entrou o Pai Natal, com o seu saco cheio.
- Olá! – Diz o Pai Natal baixinho para os gatos
            Os dois gatos perguntam baixinho um ao outro:
- Será que ele vai trazer as minhas bonecas? – Pergunta baixinho a Pintecas
- Será que ele vai trazer as minhas bolas? – Pergunta baixinho o Pintarolas
            O Pai Natal aproxima-se dos gatos. Eles olham para ele, sorriem.
- Xiu! Feliz Natal, bichos…
            E deixa um presente para cada um. Os gatos saltitam de alegria, rasgam o presente, e…
- Uau! – Dizem os dois
- Ele trouxe mesmo as minhas bolas…óh, que lindas…cheias de cores, com água, brilhantes, música…umas grandes, outras pequenas…Ááááááhhhh….muito obrigado Pai Natal – Diz o Pintarolas
- E as minhas bonecas…! Cada qual a mais bonita…olha…tantas…grandes e pequenas…de pano, de borracha…que lindas! O Pai Natal é mesmo querido! Muito obrigada, Pai Natal. – Diz a Pintecas, feliz.
- Hoh, hoh, hoh…feliz natal, e portem-se sempre bem. Sejam sempre bons bichos. Hoh, hoh, hoh… - Diz o Pai Natal
            O Pintarolas e a Pintecas, ficaram tão felizes com os presentes que receberam, que não conseguiram dormir, por isso, brincam a noite toda no quentinho da sala. O Pintarolas com as suas bolas, a chutá-las, a correr atrás delas, a saltar por cima delas, e a rebolar com elas na boca. A Pintecas, com as suas bonecas, cheirou-as, lambeu-as, levou-as de uma lado para o outro, falou com elas, deu-lhes de comer com os adereços que traziam, e fica mesmo feliz.
Mas o Pintarolas também empresta as bolas à Pintecas, e os dois brincam juntos, muito divertidos. Na manhã seguinte, todos os da casa, vão buscar os seus presentes aos pés da árvore, trocam abraços, beijos e votos de Feliz Natal. Cada um recebeu os presentes que tinha pedido, e a menina ficou muito feliz por ver que também os gatos tinham recebido as prendas que tinham pedido, e nesse dia, todos brincam juntos.
FIM
Lálá

(24/Dezembro/2014) 

sábado, 20 de dezembro de 2014

A MENINA GIRASSOL

                                       
Era uma vez um lindo girassol que vivia num campo abandonado. Ninguém sabia como é que aqueles girassóis tinham aparecido lá, e sobreviviam. Talvez só sobrevivessem porque havia sol, e porque estavam na companhia uns dos outros…ou então…por magia.
            Um dia, um girassol pediu um desejo às estrelas: ele queria transformar-se numa princesa, e passear até deixar de haver sol. Ele queria sentir a temperatura e de que era feito o chão por onde andavam muitas pessoas.
Queria saber se as pessoas sentiam o mesmo calor do sol, no corpo, como ele e a sua família sentiam nas suas pétalas, e se elas ouviam da mesma maneira o canto dos pássaros, como eles, se sentiam o vento da mesma maneira que eles, e a chuva…
As estrelas fizeram-lhe a vontade, e transformaram o girassol, numa menina, linda, elegante, com o corpo humano completo, e uns maravilhosos cabelos da cor dos girassóis. A sua roupa também era da cor deles.
O girassol que era agora uma menina saiu silenciosamente da terra onde estava. Quando sentiu a terra parou, ajoelhou-se, tocou nela, mexeu-lhe e cheirou-a. Nunca lhe tinha acontecido tal coisa.
Ficou tão feliz que para experimentar as pernas, começou a tentar andar. Viu que se conseguia mexer, e saltitou, depois correu pelo campo. Sentiu o coração a bater forte, e sorriu, mesmo sem saber o que era. Ela sentia-se tão bem, tão livre, e tão feliz que não parou mais.
Pousou os pés no caminho de pedra, e sentiu frio. Estremeceu, e pôs outra vez os pés na terra para perceber a diferença. A terra era muito macia, e estava fria, a pedra do passeio estava fria, mas era áspera. Como não magoava os pés, continuou.
Sentiu um cheiro muito agradável no ar, que vinham das flores… cumprimentou e tocou em todas as flores por onde passava, e ficou deliciada com a sua maciez e delicadeza.
Tocou no tronco das árvores e sentiu que eram ásperos, cheios de altos e baixos, abraçou alguns troncos fininhos, os mais largos, ela não conseguiu.
Parou, e sentiu o vento. Uau. Percebeu que não conseguia voar como as flores, e que os humanos não sentiam o vento da mesma maneira que elas. Mesmo assim gostou muito, principalmente, porque os seus cabelos voavam leves, e riu muito com as cócegas do vento.
Entrou na cidade. Pisou um chão diferente…era de pedra, mas um pouco escorregadio. O vento era muito mais forte, e as pessoas andavam todas encasacadas. Aqui, não conseguiu ouvir o vento, só ouvia buzinas, barulhos de carros irritantes, música aos gritos, muitas luzes…ela ficou tonta.
Felizmente, desorientou-se para fugir daquele sítio rapidamente, e foi ter à praia da cidade. Que diferença! Deitou-se na areia para descansar e respirar.
- Áh! Que diferença! – Suspira a menina – Que loucura, aquele sítio por onde passei…como é possível? É muito diferente do sítio onde estou a viver, e do sítio onde estou agora.
            Ela passa as mãos na areia fofa.
- Está tão escuro…não sei o que é isto, mas não me parece terra.
            Uma luz vira-se para ela.
- Boa noite! Uma menina por aqui, a esta hora? – Soa uma voz com corpo.
            Ela fica muito assustada.
- Onde estou?
- Na praia!
- De onde vim?
- Não sabes?
- Não.
- Estás perdida?
- Estou.
- Quem te mandou sair de onde estavas?
- Vim ver como era a vida fora do sítio onde vivo.
- Áh! E então?
- Sim, é mesmo muito diferente.
- Imagino.
- Sou um girassol transformado numa menina.
- A sério?
- Sim.
- Como foi isso?
- Eu pedi às estrelas para me transformar numa menina, porque queria ver como eram as coisas.
- Áh! Estou a perceber.
- Assustei-me com aquela confusão toda. Fugi e vim ter aqui.
- Deves ter vindo da cidade.
- Sim…deve ser isso. E tu, quem és?
- Sou o farol.
- Vives aqui?
- Vivo.
- Isto não é terra, pois não?
- Não. É areia.
- Areia…! E este barulho que se ouve?
- É o mar.
- O mar?
- Sim.
- Nunca vi o mar, nem ouvi falar dele.
            Os dois têm uma longa e divertida conversa. O farol fala da cidade à menina, e a menina fala do campo ao farol. Realmente, as diferenças entre um sítio e o outro, nunca mais acabam! O farol fica com muita curiosidade em conhecer o sítio onde vive o girassol. Não sentiu tudo, nem descobriu tudo o que queria da cidade, mas porque não se proporcionou. Não estava a chover, e queria ter visto, sentido outras coisas, mas não foi possível, por um lado, ele teve muito medo da cidade, e quis fugir o quanto antes.
            No dia seguinte, com os primeiros raios de sol, o girassol adormece na praia, enquanto o sol não lhe dá. Já não é uma menina, agora, é outra vez uma flor girassol. O vento vai à praia buscar o girassol, por ordem das estrelas. Levanta-o carinhosamente, e devagar, e leva o girassol baixinho até ao seu campo. Quando chega ao campo, uma fada volta a pôr o pé do girassol na terra, e este acorda quando os primeiros raios de sol lhe batem nas pétalas.
- Áh! Que sonho tão engraçado que tive esta noite!
- Conta! – Dizem todos os outros girassóis
            E o girassol conta todo o passeio aos seus familiares, achando que foi um sonho que teve.
- Mesmo assim, eu prefiro viver aqui! – Diz o girassol sorridente
- Eu também. – Dizem todos
            E tudo volta a ser como era antes.

FIM
Lálá

(20/Dezembro/2014)

terça-feira, 16 de dezembro de 2014

AS MEIAS DA Meia-lua E A MENINA

                                                          
desenhada por Lara Rocha 

Era uma vez uma menina que pediu um desejo muito diferente às estrelas, porque o que todos os outros meninos, e ela própria, já tinham pedido muitos desejos.
- Olá estrelas...eu sei que estou sempre a pedir-vos desejos, e todos os outros meninos…às vezes pedem ainda muito mais que eu! Hoje, peço-vos uma coisa diferente! Quero que me mandem meia-lua para eu estar sempre com ela. Quero uma amiga feita de meia-lua. É que eu peço à minha mãe para brincar comigo, e ao meu pai, estão sempre na porcaria daquela máquina, cheia de botões, e esquecem-se que têm filhos. Os manos não querem brincar comigo, têm os brinquedos deles…são grandes, e muito estranhos…até penso que não ouvem nem falam…são mesmo tolinhos estes grandes! E eu sinto-me sempre muito sozinha. Se soubesse que os meus pais não me iam ligar nenhuma, eu tinha pedido à cegonha para me deixar lá naquele sítio, sossegada! Grandes palermas! Não são vocês, estrelas, são eles…os grandes que não querem saber de mim…! Perceberam? Obrigada.
            As estrelas estão às gargalhadas lá em cima. Nunca ouviram um pedido como este e tanta reclamação vinda de um ser tão pequeno, como gente grande! A menina tinha razão.
Ela tinha muitos brinquedos, mas não tinha o que mais queria…os pais estavam sempre muito ocupados, os irmãos mais velhos tinham outros interesses, e a menina estava muito tempo sozinha.
As estrelas percebiam isso, e comunicaram o desejo da menina à Lua grande. Ela desata às gargalhadas:
- Ai, estas crianças são de rir…! Ela quer o quê? – Pergunta a Grande Lua
- Coitadinha é mesmo inocente… - Diz uma estrela
- Acha que o mundo é mágico, e que tudo acontece só com o querer, e a vontade…só porque deseja, e pede às estrelas, já acha que vai ter. – Acrescenta outra estrela
- Era bom que assim fosse! – Suspira outra estrela
- Pois era! – Diz a Lua
- Onde vamos arranjar isso? Nunca outra tinha ouvido. Acham que é possível? – Pergunta a Lua
- Sim! – Dizem as estrelas em coro
- São tão inocentes como elas! – Diz a Lua a rir
- Para nós não há impossível, quando se trata de desejos de crianças. – Diz outra estrela
            As estrelas fazem uma pequenina magia, e criam um pedaço de meia-lua, feito de esponja, com um belo cabelo escuro, liso, comprido, brilhante, olhos azuis, nariz, boca, orelhas, braços, mãos, pernas, pés e umas lindas meias calças, às riscas, todas coloridas.  
- Áh! Que linda obra! – Diz a Lua a sorrir
- Eu disse que para nós, não havia coisas impossíveis quando se trata de crianças! – Reforça a estrela
- Tens toda a razão! Muito bem! – Diz a Lua
            As estrelas agradecem e enviam a meia-lua para o quarto da menina. A menina primeiro assusta-se, encolhe-se, mas reconhece a Lua.
- Áh! És a meia-lua que pedi às estrelas?
- Boa noite…sim, isso mesmo! Foste tu que me pediste?
- Fui. Vou mostrar-te a minha casa toda!
            A menina dá a mão à meia-lua, e mostra-lhe a casa toda, os pais, os irmãos, os animais. As duas têm longas conversas, dão belos passeios, partilham segredos, brincam juntas, cantam e dançam, riem, e tornam-se grandes amigas.
            O cãozinho dela é que não acha piada nenhuma, ter de dividir a atenção e o carinho da dona, com outro ser…que ele nem sabia muito bem quem era, nem o que estava lá a fazer. Ficou muito ciumento.
            Um dia, o cão perseguiu a meia-lua, ladrou-lhe, rosnou-lhe, correu atrás dela, saltou-lhe, tentou mordê-la mas não conseguiu atacá-la, ela fugiu a tempo muito assustada.
            Quando estava a salvo outra vez no espaço, a meia-lua muito triste, envia as suas meias calças às riscas, todas coloridas para a menina com um bilhetinho a dizer: «quando quiseres que vá ter contigo, ou brincar contigo, calça estas meias, e prende o malvado do teu cão».
            A menina chega ao quarto e não vê a sua amiga meia-lua. O cão estava comprometido. A menina chama:
- Meia-lua…meia-lua…onde estás? Foste dar uma volta?
            Ela olha para o cão, e este está a tremer, encolhido e a ganir.
- Tu sabes de alguma coisa…!
            Olha para cima da sua cama, e vê as meias da meia-lua.
- Estão aqui as meias da meia-lua, e a meia-lua, onde está?
            Ela lê o bilhete que está escrito com estrelas brilhantes. Fica muito zangada, e começa aos gritos com o cão, a ralhar, pois está-lhe com muita raiva, de ter assustado a sua amiga. O cão fica envergonhado, encolhe-se e gane.
- Cão palerma! – Grita a menina – Vou chamá-la e vais pedir-lhe desculpa, ouviste? Ou ponho-te fora de casa.
            O cão fica triste e encolhido. A menina calça as meias calças coloridas da meia-lua, e a meia-lua aparece. Ela grita nervosa e assustada:
- Outra vez, este? Tira-mo da frente, se não vou ficar muito zangada contigo e não venho mais brincar contigo. Foi ele que me tirou daqui. Quase de desfazia toda…não faltava muito para eu ficar em pedaços. – Diz a meia-lua assustada
- Tens toda a razão, meia-lua. Desculpa! Este palerma já teve o castigo, e já ouviu um ralhete. Quer dizer-te uma coisa.
            O cão pede desculpa e lambe a menina.
- Não é a mim que tens de me dar beijos. Estou muito zangada contigo! – Acrescenta a menina
- Ele não fez por mal…deve ter ficado com ciúmes. Até o percebo. – Diz a meia-lua.
            O cão ladra, abana o rabo, enrosca-se à volta da meia-lua, e á volta da menina. A menina faz festas ao cão.
- Podes fazer-lhe festas…ele é meigo! – Garante a menina
            A meia-lua faz festas ao cão, ri-se, e ele brinca com as duas. Desse dia em diante, a menina e a meia-lua não voltaram a separar-se, e muitas vezes a menina até vestia as lindas meias-calças da meia-lua. A menina levava a meia-lua para todo o lado, e as duas divertiam-se muito…ela nunca mais se sentiu sozinha.
            E vocês? Gostavam de ter uma amiga feita de meia-lua? E umas meias tão bonitas como as da meia-lua?


            FIM
           Lálá
(16/Dezembro/2014)
           



segunda-feira, 8 de dezembro de 2014

A ESTRELA SEM LUZ




   Era uma vez uma estrela de Natal que apareceu de forma muito misteriosa num jardim de uma enorme cidade. 
   No meio de tantas estrelas de Natal que enfeitavam o parque e a cidade, todas lindas, cheias de brilho e luz…havia uma que estava apagada, pousada no chão, e ninguém tinha reparado nela.
      Um menino que vivia na rua, com os seus pais e muitos irmãos, muito pobre, ficava muito feliz com as luzinhas de Natal, porque a cidade até se tornava mais quente. 
     Num passeio nocturno, o menino viu essa estrela apagada.
- Huummm…uma estrela sem luz…
   Ficou pensativo a olhar para a estrela. Aproxima-se uma animadora de rua, que ficou triste ao ver o menino e ofereceu-lhe um abraço, um carinho no rosto, um beijo e um casaco seu.           Neste momento, acendeu-se uma pequenina lâmpada da estrela. O menino devolveu o casaco à animadora. A lâmpada apagou-se.
- Agradeço muito a sua bondade, mas não posso aceitar. – Diz ele
         Acendem-se duas lâmpadas da estrela.
- Porque não podes aceitar?
- Porque já me deu a melhor prenda…
         Acendem-se muitas lâmpadas da estrela
- Eu? O casaco?
- Não. O seu abraço e o seu beijo.
         Acendem-se mais lâmpadas da estrela.
- Áhhh…filho, isso é insignificante…faz parte da minha educação…os meus pais ensinaram-me a cumprimentar assim…é um gesto de simpatia e delicadeza. 
      Por muito que tenhas gostado do carinho, estou a dar-te o casaco…e quero que fiques com ele. E vou dar-te muitas mais coisas…
- Não se incomode comigo! Eu sou de rua…
            As lâmpadas da estrela apagam-se todas.
- E…? Eu também sou de rua. Quero que trabalhes comigo.
- Eu…? Trabalhar consigo…?! Mas o que faz? Eu não sei nada…nunca estudei…vai ser uma vergonha para si.
- Vai ser um enorme orgulho, trabalhar contigo, tenho a certeza.
- Eu não quero prejudicá-la…não sei fazer nada…
- Sabes sim…vou dizer-te como é…
   A animadora explica ao menino, o seu trabalho. Ele abre um grande sorriso, e muitas lâmpadas da estrela, voltam a acender-se. 
      Os dois ficam surpresos com aquela estrela que umas vezes apaga-se toda, outras vezes, acende algumas lâmpadas, e outras vezes apaga as lâmpadas. 
       O menino aceita trabalhar com a animadora, e é um sucesso. Ganham os dois, muito dinheiro, e a admiração de todos os que passam, que se emocionam e aplaudem, deixando também roupas e outros bens que já não precisam.
     O menino fica muito feliz, e consegue ajudar muitíssimo a sua família, que ganha muito melhores condições de vida. 
     A estrela enche-se de luz, transforma-se numa linda mulher, com uma roupa cheia de luzinhas, que parece que hipnotiza toda a gente com a sua beleza.
- Mas que linda! – Suspira a animadora a sorrir
- Obrigada. – Diz a mulher
- Eu acho que a conheço…! – Diz o menino para a mulher
- É possível, eu ando sempre por aí. Mas nem todos me vêem.
         A sua roupa e todo o seu brilho tornam-se diferentes, conforme o que sente…se está feliz, e gosta do que ouve, fica cheia de luz, cintilante, se está triste, ou desiludida…a sua roupa fica com menos luzes, ou até nenhumas.
- Por acaso não viu uma estrela que estava no chão do parque, que tanto dava luz, como não dava? – Pergunta o menino
- Por acaso vi. Estás diante dela…
- Ãh?
- Isso mesmo, eu sou a estrela que viste…aquela que se acendia e apagava.
- Áh! Que linda…e porque é que faz isso?
- Sou a tua estrela guia, quer dizer…a vossa…procura conduzir-vos para o sucesso.
     Aproxima-se um conjunto de muitos meninos, e a mulher transforma-se em estrela apagada. Os meninos circundam-na, e a animadora sugere:
- Vamos fazer um cordão humano, pelo menos mais pobres?
- Sim! – Gritam todos
     Dão todas as mãos, e por cada menino, acende-se uma lâmpada na estrela. Quando dão a mão a outro, outra lâmpada, até que a estrela fica enorme e cheia de luz. 
     Os meninos ficam deliciados com a luz da estrela, abrem um grande sorriso, e o menino diz:
- Já sei quem és!
- És a estrela do amor…a estrela do bem. – Diz a animadora
- Isso mesmo! – Diz a estrela a sorrir
    A estrela desfaz-se e cada lâmpada transforma-se em algum bem material para crianças pobres: umas, em roupas como calças, gorros, meias, camisolas, camisas, cobertores, outras em sapatos, outras em comidas e bebidas, e algumas em dinheiro que depois foram distribuídos pelos mais pobres.
   E tanto a estrela, como todos os que a acenderam, ficaram muito mais felizes, ricos e iluminados. A estrela que estava apagada, voltou a dar luz.

FIM
Lara Rocha 
(8/Dezembro/2014)



ENTRE AS NUVENS


        Era uma vez um jardim gelado, numa noite ainda mais gelada, com muita chuva e vento. Todos os habitantes estavam resguardados do frio à lareira, e a conviver. De repente, uma menina vai à janela e vê umas luzes a mexer entre as nuvens.
- Áh! O que é aquilo?
     Estavam tão entretidos uns com os outros, que não deram importância ao que a menina disse. A menina fica zangada e pergunta aos gritos:
- Ei, grandes…por favor…peço um bocadinho da vossa atenção…
        Todos param e olham para ela em silêncio.
- Obrigada! Está ali uma coisa muito estranha entre as nuvens.
- O quê? – Perguntam todos
- Umas luzes a mexer.
       Todos olham pela janela e também vêem as luzes entre as nuvens.
- Espera…acho que já sei o que é… - Diz a mãe
- O que é? – Perguntam todos
- Surpresa! – Diz a avó a sorrir
- Daqui a bocadinho já vão ver. – Diz a mãe
- Quando é que chega o Pai Natal? – Pergunta outra menina
- Ainda falta muito? – Pergunta outro menino
- Não. Está quase a chegar! – Diz o Avô.
- Olha pai…as luzes estão a andar à roda…e há cada vez mais luzes entre as nuvens.
- Pois é. – Diz o pai
- Será que o Pai Natal nos vai trazer todos os presentes que pedimos? – pergunta outra menina
- Isso não sei. – Diz o pai
- Tu portaste-te bem, ele é capaz de te trazer tudo o que pediste. – Assegura outro menino
- Olha quem fala… - Diz a menina
- Não basta terem-se portado bem…é preciso que o pai Natal tenha conseguido construir os brinquedos todos a tempo. – Diz a Avó
- Ele não tem tempo para tudo…há meninos e meninas que pedem tudo e mais alguma coisa que seja… - Diz o Avô
     O que eles não vêem é a animação que vai atrelada às luzes que se vêem entre as nuvens…são centenas de duendes, fadas e palhacinhos numa grande diversão, com muitos risos, e cantos de Natal. Acompanham o simpático barbudinho.
  De repente, ouvem muitos sininhos, e musiquinhas, milhares de luzinhas a piscar. E da janela, vêem um comboio cheio de luz e de cor, a rasgar as nuvens.
     O comboio roda e caminha pelas nuvens antes de aterrar, escrevendo a mensagens, cheia de estrelas: Feliz Natal, linda família!
      Os cães ladram, os gatos miam, todos ficam maravilhados, com sorrisos de orelha a orelha, e de todas as casas, saem as portas, felizes, e aplaudem. 
     O comboio desce devagar, com todos numa grande alegria a dançar, a cantar e a rir.
- O Pai Natal chegou! – Diz a Avó
- Pai Natal! – Gritam todos
  O Pai Natal canta, sorridente e todos acompanham:
- Hoh, hoh, hoh…hoh, hoh, hoh…hoh, hoh, hoh, oh, ooooohhhh… hoh, hoh, hoh, hoh, hoh…
- Cheguei…hoh, hoh, hoh, hoh…cheguei…! – Grita o Pai Natal, feliz e risonho
- É Natal, é Natal…! – Gritam todos com o Pai Natal
- É Natal, é Natal! – Respondem todas as pessoas com um grande sorriso
- Quero ver lindos sorrisos…sentir paz, amor, e alegria! Que lindos brilhos nos olhares…hoh, hoh, hoh, hoh…Feliz Natal! Óh, sim…esta família vai ter presentes…! – Diz o Pai Natal
     O comboio do Pai Natal aterra na neve, e distribui muitos presentes por todos os meninos e crescidos. 
    Trocam abraços e carinhos, e agradecimentos, tiram fotos, abrem os presentes, partilham uns com os outros.
    As Avós fazem uns belos chás quentes, para quem quer, e para o Pai Natal e amigos. Bebe o comboio, bebem os anões, duendes e fadas, e o próprio Pai Natal. Fazem um belo brinde, e festejam juntos.
     Afinal as luzes que eles viam entre as nuvens eram do comboio do Pai Natal que trazia muita alegria, sorrisos, carinhos, simpatia e presentes. Todos receberam o que queriam.

FIM
Lara Rocha 

(8/Dezembro/2014)

quinta-feira, 4 de dezembro de 2014

A MULHER LAVA


          Era uma vez um fundo do mar muito sossegado, lindo, transparente, cheio de mistérios, peixes e tesouros raros. 
          As pessoas faziam muitos mergulhos e tiravam fotos, filmavam, pintavam quadros, escreviam poemas e canções inspirados nele.
    Mas este sonho, tornou-se um dia, num terrível pesadelo, sem que ninguém alguma vez pudesse ter imaginado. 
     Num sítio escuro do fundo do mar, havia umas pequeninas crateras e montanhas que estavam sossegadas, até que uma pequenina bolinha vermelha transparente, é atirada para o mar…atirada ou caiu de algum sítio. Ninguém tinha visto nada.
    A bolinha foi direta ao fundo do mar, e instalou-se num sítio de águas claras. Veio um grupo de golfinhos, e brinca com a bolinha, a atirar uns para os outros, e a bater com a cauda.
       No meio da brincadeira, a bolinha foge para o sítio escuro do mar, e cai dentro de uma cratera, de uma montanha. 
      O que nem eles nem ninguém sabiam era que dentro da bolinha estava um ser muito pequenino que se alimentava de raiva, ódio, violência, maldade.
      O que parecia ser uma bolinha inofensiva, de brincar, rapidamente cresceu nessa cratera que recebia todas as energias más da humanidade…mesmo aquela que não se via, e transformou-se numa bola gigante de fogo.
      A bola subiu para a superfície, todos ficaram assustados, e seguiram-na para ver o que era aquilo. Fica um pouco a boiar. Toda a gente da praia, pára a olhar para ela intrigados e ao mesmo tempo muito assustados.
De repente…a bola explode e de lá de dentro, sai uma enorme mulher, feita de lava incandescente, aos gritos. 
Todos gritam e ela cresce, cresce, cresce…é um verdadeiro monstro. Com braços e pernas feitas de lava escaldante, rocha a arder, de cor vermelha, laranja e preto.
- Mas o que é isto? – Perguntam todos assustados
      A mulher monstruosa inclina-se do mar sobre as pessoas com um ar pesado, e voz tenebrosa:  
- Isto? Isto…pergunto eu…olha…olha…insetos? Será a minha comida?
     Todos tentam fugir, mas ela agarra uma molhada deles, que quase derretem. Ela cheira-os, aperta-os nas gigantescas mãos e tira deles toda a energia má. 
      Depois, atira-os à água e faz uma grande onda, que os leva para a areia. A mulher dá um estrondoso arroto depois de satisfeita.
- Huummm…estava mesmo com fome. E vocês, seus incógnitos…? Fraquinhos…eeehhhh…têm a mania que são muito fortes, muito poderosos…quem é que são os fortes afinal? Áh, áh, áh… como é possível terem tanta coisa má, dentro de vocês? Para mim, ainda bem, porque esse é o meu alimento. É por isso que sou enorme…e quando crescer…vou dar grande! (gargalhada) Não gosto de vocês…são um bando de falsos…interesseiros…materialistas…nunca vi tanta porcaria junta! Lhec. Parece que saí daquela ilha cheia de plástico e lixo, e vim para outra com mais lixo ainda…! Insuportáveis…!
- Quem és tu, grande monstra? – Pergunta um senhor assustado
   A mulher de lava atira uma bola incandescente e preta:
- Odeio que me façam perguntas…odeio falar sobre mim! – Grita a mulher de lava zangada
- Quem te criou? – Pergunta outra senhora
       A mulher lança outra bola incandescente:
- Ora…que pergunta! Foram vocês, é claro!
- Nós? – Perguntam todos
- Sim…quem mais poderia ser…? Vocês é que estão cheios de coisas horríveis, más…É por isso que sou assim.
- Então tu és a materialização dos nossos sentimentos maus, como raiva, ódio, maldade, vingança, violência…? – Pergunta outro senhor
- Isso mesmo! Sois feitos de porcaria…só sabem dar porcaria às vossas crianças que são futuros adultos, feitos de lixo, e de porcaria!
- Como é que sabes? – Pergunta uma senhora
- Ora…eu venho de vocês…é claro que tenho de saber.
- Porque é que nos estás sempre a acusar? – Pergunta outro senhor
- Porque a culpa é mesmo vossa. Eu não sou cínica como vocês todos…o que digo, é mesmo a verdade…é mesmo o que eu sei…!
- Desaparece, monstro! – Implora um senhor
- Nunca desaparecerei.
- Porque não?
- Porque sou mais forte que todos vós juntos…
- Maldita!
- Vocês é que me querem assim.
- Não queremos maldade!
- Mas eu estou aqui…e se estou…é porque vocês querem maldade…aliás, vocês são maldade. Ai…estou cansada…papinho cheio…e agora…uma bela soneca!
    A mulher lava fica petrificada e faz-se silêncio. Da areia só se vê um monte de rochas. As pessoas ficam muito assustadas, mas estavam aliviadas e mais felizes. 
      Então, depois desse dia, todos os que tinham sentimentos maus, iam à praia oferecer à mulher lava, que as comia satisfeita.
       Às vezes também somos homens e mulheres de lava. Comemos muitos sentimentos maus, muitas energias más. 
   Quando estivermos com muita raiva, ou sentimentos muito maus, vamos oferecê-la à mulher de lava. 
     Querem criar uma? Desenhem a vossa mulher de lava, e desenhem todos os vossos sentimentos maus para ela se alimentar.
Fim
Lara Rocha 
(4/Dezembro/2014)