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sexta-feira, 30 de agosto de 2013

O BRILHO DA ESTRELA

NARRADORA - Era uma vez uma estrela que vivia numa galáxia, que se sentia incompleta, e muito sozinha, apesar de viver com a família e ter muitos amigos. Como já estava crescida, queria encontrar alguém especial, que a completasse, e que a fizesse sentir-se especial. Já há muito tempo que ela esperava, mas não encontrava…ela não queria um qualquer igual a si…isso tinha lá, na sua galáxia, milhões deles, amigos dela, com quem ela era muito feliz, e às vezes até namorava, mas não a preenchiam, porque queriam tudo muito rápido, e ela achava que o amor não era para pressas, nem tinha prazo de começar, muito menos de acabar. Era muito romântica, e sonhadora, como as meninas da sua idade. De há uns tempos para cá, ela sentia-se estranha, sentia qualquer coisa de estranho à sua volta. Andava muito pensativa, e tinha voltado a sonhar com alguém que ela conheceu, e que amou de verdade…não era bem uma estrela, o seu verdadeiro amor…era…um homem, do planeta terra. Esse rapaz com quem ela sonhava, existia mesmo, mas ela ainda não se tinha encontrado com ele. Apenas andava a sentir a sua presença, mas não sabia que era ele, com quem sonhava todas as noites, com quem imaginava de dia e de noite, momentos românticos, com alguém que a completasse. Andava sempre atenta, a olhar para o espaço, à procura dele. Ele não aparecia. Ela esperava, esperava, esperava…suspirava, sonhava, imaginava…e nada…tudo não passava de sonhos, desejos que ela tinha, como tem qualquer outra jovem da sua idade, com um príncipe. Um dia, perdida nos seus sonhos, de olhos abertos, sentiu uma vibração estranha, e assustou-se. Estremeceu e ao seu lado estava um planeta.
PLANETA - Ei…acorda!
ESTRELA - Olá… (sorri) Desculpa…estavas aqui há muito tempo?
PLANETA - Eu estava. Tu é que não!
ESTRELA - Eu também já estou há muito.
PLANETA - A tua mente anda por aí…a vaguear, tipo alma penada…estrela sem rumo…por onde andas…?
ESTRELA - Por aqui mesmo! – Responde um pouco embasbacada.
PLANETA - Pois, claro…já percebi que não me queres contar. Está bem, não faz mal.
ESTRELA – Desculpa…mas há coisas que só a cada um de nós diz respeito.
PLANETA – Não sabia que tínhamos segredo, mas está bem…passamos a ter.
ESTRELA – É…só um sonho…mais nada.
PLANETA – Está bem…então não contes.
ESTRELA – Óh, não fiques chateado comigo.
PLANETA – Eu não estou chateado. Também não te conto os meus sonhos, pelo menos, aqueles mais… especiais.
ESTRELA (sorri) – Vês…? É isso mesmo, não te posso contar, porque é um sonho muito especial.
PLANETA – Sim, sim…e queres que ele se realize…já conheço essas coisas todas. Está bem, respeito-te! Espero, do fundo do meu núcleo que se realize. É um bom sonho, de certeza, para ficares com esse brilho! (Ela sorri embaraçada) Escusas de te denunciar tanto, eu já percebi tudo…ai, ai…!
ESTRELA – Olha…vamos mas é ter com eles…!
NARRADORA – O Planeta sorri, e os dois juntam-se aos amigos. A estrela continua a sentir uma presença…forte. Ela procura, e à noite, quando olha para a Terra murmura…
ESTRELA – Sinto que estás perto…muito perto! Não sei quem és…não conheço o teu rosto, nem sei nada de ti, mas sei que existes…e que…estás perto. Como saberei quem és, se um dia nos encontrarmos?
NARRADORA – Em baixo, no planeta terra está um rapaz jovem a olhar para as estrelas, deitado no solo num descampado.
RAPAZ – Quem me dera que aparecesses! Só te sinto…nos meus sonhos…sei que não existes…ou…talvez existas noutra cidade…não conheço o teu rosto, sei apenas o teu brilho, e sinto apenas a tua presença! Será que um dia nos vamos encontrar…? Ou…estarás entre a multidão de raparigas?
NARRADORA – A estrela fica estarrecida, e brilha intensamente, com o seu coração a bater muito depressa, a olhar para o jovem depois de o ter ouvido.
ESTRELA – És tu…? Serás…?
NARRADORA – O rapaz fixa-se na estrela, maravilhado.
RAPAZ (sorridente) – Áhhh…que linda estrela! Uau! Brilhante…
ESTRELA – Preciso de ter a certeza se és mesmo tu…!
NARRADORA – Enquanto o rapaz fica a olhar para a estrela, encantado, a estrela transforma-se numa mulher linda, e atravessa a atmosfera para a Terra, em forma de estrela cadente. O rapaz sorri e quando fecha os olhos para pedir o desejo, a estrela para em frente a ele, transparente. Ele sente a sua presença.
RAPAZ – Uau, até a pedir o desejo sinto a tua presença. Mas…que coisa estranha…Óóóhhh…acho que tudo não passa da minha imaginação…!
(A Estrela sorri, e o jovem vê um lindo brilho à sua frente, a piscar)
RAPAZ – O que é isto? Estou a delirar…?
ESTRELA – Olá…boa noite!
RAPAZ – Ai…estou mesmo a imaginar coisas…lá está a presença forte, e especial…misteriosa…outra vez…mas onde…? Eu ia pedir-te às estrelas, mas não cheguei a fazê-lo…óhhh, é mesmo só a minha vontade de te ter…mas que brilho lindo é este?
ESTRELA – Estou aqui…
RAPAZ – Espera…eu conheço este brilho…e…a presença está à minha frente…és tu…? Sim…és tu…! És tu… (ri) aparece…! És rapariga?
ESTRELA (sorri) – Sim, és tu…a presença que eu sentia…muito perto!
RAPAZ (feliz) – És tu, a rapariga dos meus sonhos…! Eu sentia esta presença…esta energia…eu não via o teu rosto, mas via este brilho…sim, és tu…és tu…! Tu existes mesmo…!
ESTRELA (sorridente) – Sim, és tu…! Sim, sou eu! Mas sou uma estrela.
RAPAZ – Uma estrela…?
ESTRELA – Sim, era por isso que não vias o meu rosto, e eu não via o teu, mas sentia a tua presença!
RAPAZ – Tu…também sonhaste comigo?
ESTRELA (sorri) – Sim, muitas vezes…mas não te via…assim, como és!
RAPAZ – Óh…não posso acreditar…! Eu só me apaixono por pessoas impossíveis…! Até nos sonhos, e dos sonhos para a realidade…são amores impossíveis…!
ESTRELA – Porquê?
RAPAZ – Porque…eu sou homem, e tu…não existes…quer dizer…existes…em forma de…presença…de luz…!
ESTRELA – Estás a dizer que eu não existo…? Existo, sim…tu viste-me, e tu sentiste-me…tu vês-me, e eu vejo-te…!
RAPAZ – Mas…um homem não pode namorar com uma estrela.
ESTRELA – Ei, que pressa…sentimos a presença um do outro, sonhamos um com o outro, mas não quer dizer que seja para sermos o que chamas de namorados…! A nossa energia cruzou-se, gostamos um do outro, mas só porque nos encontramos, não quer dizer necessariamente que sejamos já namorados…!
RAPAZ – Como assim?
ESTRELA – Então…eu sou estrela, não sou mulher…o amor não nasce assim de um segundo para o outro…de um encontro de energias…! O amor não tem data para começar nem para acabar… começa naturalmente, e não acaba…aliás…foi o que aconteceu comigo e contigo…num tempo indeterminado…apaixonamo-nos, amamo-nos…desaparecemos, mas a energia do nosso amor, não desapareceu! Voltou a encontrar-se…! Vamos deixá-la livre, por favor…como foi o nosso amor…! Assim seremos mais felizes.
RAPAZ – Como é que sabes isso?
ESTRELA – Não sei explicar! Apenas…sinto que foi isso que aconteceu.
RAPAZ – Mas isso não faz sentido nenhum.
ESTRELA – Então como é que tu sonhaste comigo, e não me vias, mas identificaste-me pelo meu brilho, disseste que conhecias o meu brilho, e que era eu…sim, sou eu, aquela com quem sonhaste sem ver o rosto, mas viste e sentiste a minha presença e a minha luz.
RAPAZ – Que mistério…mas assim, eu nunca vou ser feliz no amor…não me correspondes…
ESTRELA – Só queres o amor carnal…! Enquanto quiseres apenas o amor carnal…o desejo…o sentir a pele…não nos encontraremos mais, e é claro que não serás feliz.
RAPAZ – Porquê?
ESTRELA – Porque o amor é luz, é energia, não é só carne, como toda a gente pensa…! Claro que o carinho faz parte, e o contacto físico, mas não é por si só, o amor…! O amor que procuras existe, tens de o conquistar sem pressa. Sem ansiedade…!
RAPAZ – O quê?
ESTRELA – Sim, foi isso mesmo que ouviste…enquanto não te entregares à minha luz, à minha presença, e enquanto tiveres pressa no prazer, na carne…no desejo ardente…não apareço em forma de gente.
RAPAZ – Mas…
ESTRELA – Sim, vou aparecer em forma de gente, mas não é já…
RAPAZ (impaciente) – Mas o que é que eu tenho de fazer…?
ESTRELA – Tens de me conquistar sem pressa…! Tens de me descobrir aos bocadinhos…! Saborear a minha alma…
RAPAZ – Isso não é justo! Andei tanto tempo a desejar conhecer-te, à tua procura…agora…quase te encontro…ou…acho que te encontrei…e tu, já estás a fugir…?
ESTRELA – Eu não estou a fugir…só estou a ajudar-te…!
RAPAZ – Não acredito!
ESTRELA – Se acreditas neste amor…luta por ele…conquista com calma, sem pressa…com delicadeza…explora aos bocadinhos…sente a minha luz, a minha presença…conquista-me…entrega-te…mas é o amor que tens de conquistar…a minha energia… a minha luz…!
RAPAZ – Não sei se vou aguentar…
ESTRELA – Claro que vais…! Eu acredito que sim.
RAPAZ – Estou farto de esperar…! É só esperar, esperar, esperar…
ESTRELA – Vais desistir?
RAPAZ – Acho que sim.
ESTRELA – A escolha é tua…é pena que assim seja, mas se é isso que queres, não posso fazer nada. Quando quiseres, ou se mudares de ideias…basta olhares para lá para cima…
RAPAZ – Mas…espera…
ESTRELA – Sim…?
RAPAZ – Eu…preciso de pensar um bocadinho.
ESTRELA – Faz o que quiseres…! Até breve…!
NARRADORA – A estrela volta triste para a Galáxia, e o rapaz não prega olho nessa noite, a pensar e a olhar para a estrela. Na noite seguinte, e depois de andar todo o dia pela cidade, o rapaz decidiu-se…
RAPAZ – Estrela…vou lutar por ti…vou conquistar a tua luz…ou…o teu amor…como lhe quiseres chamar!
NARRADORA – A estrela desce, feliz, e vai ter com o rapaz, sorridente, brilhante.
ESTRELA (sorridente) – Podes repetir o que disseste…?
(O rapaz pega na mão da estrela, e diz, a olhá-la nos olhos)
RAPAZ – Eu vou lutar pelo teu amor, conquistar a tua luz…
ESTRELA (sorri) – Sem tempo…?
RAPAZ – Sem tempo! Vou deixar que as coisas aconteçam, quando tiverem de acontecer…!
ESTRELA (sorri) – Muito bem! Não imaginas como fico feliz!
RAPAZ (sorri) – Dá para ver pelo teu brilho…mais intenso…e…sinto!
ESTRELA (sorri) – Boa! Também sentirás a minha luz…para me conquistar.
RAPAZ (sorri) – Acredita que sim!
NARRADORA – Nessa noite, os dois tem uma longa e agradável conversa. Desde esse dia, o rapaz torna-se um verdadeiro cavalheiro, muito romântico, sensível, paciente, meigo, educado…oferece pequenas lembranças à estrela…dão longos passeios, e têm longas conversas, riem muito juntos, brincam…ao fim de algum tempo, tornam-se verdadeiros amigos, a estrela aparece em forma de rapariga, que deixa o rapaz completamente apaixonado, e encantado, mas não força nada, nem pressiona, nem obriga a nada…e trocam carinhos… adoram estar juntos, e ao fim de bastante tempo, nasce a paixão, namoro, que rapidamente se transforma em amor. Ambos sentem isso…um no outro, e um pelo outro. A estrela corresponde ao seu amor, e decide viver o seu amor com o rapaz, deixando o espaço, mas os dois vão lá muitas vezes, pois o rapaz também ganha poderes. Numa noite de Lua Cheia, os dois olham para o outro, no local onde se encontraram a primeira vez.
ESTRELA – Estou muito orgulhosa de ti.
RAPAZ (sorri) – Eu, nunca pensei que seria capaz de esperar…mas o meu amor era mais forte que a impaciência, e que a vontade carnal.
ESTRELA (sorri) – Sim, soubeste esperar, e conquistaste-me devagarinho…! Conquistaste o meu amor…a minha luz…
RAPAZ (sorridente) – E tu, conquistaste a minha luz…!
ESTRELA (sorridente) – As nossas luzes…foram mais fortes, encontraram-se, e encantaram-se…!
RAPAZ (sorridente) – Sim, é verdade…Foi difícil…mas valeu a pena, porque estou muito feliz contigo…
ESTRELA (sorridente) – Eu também!
RAPAZ (sorridente) – O amor…faz mesmo milagres! Eu transformei-me numa pessoa muito melhor do que era, depois de te ter conhecido.
ESTRELA (sorri) – A sério…?
RAPAZ (sorridente) – Sim.
ESTRELA (sorridente) – Isso foi porque absorveste a minha luz…conquistaste-a…e deixaste-te conquistar por ela, não tiveste pressa…!
RAPAZ (sorri) – Sim, é verdade! És a minha luz…!
ESTRELA (sorridente) – Tu também és a minha luz.
(Uma voz do céu)
LUA (sorridente, e maravilhada, sorri) – Ai, que lindo…quem me dera ver todos os casais assim…! Com um amor tão sincero entre eles…As vossas luzes encontraram-se, viram-se, e fundiram-se, criando uma só luz! Tão linda como a nossa via láctea…o vosso brilho mostra o vosso amor.
OS DOIS (sorriem) – Madrinha…!
LUA (feliz) – Sim, sou uma madrinha orgulhosa…olhem que estou de olho…!
NARRADORA – E os dois falam alegremente com a Lua que foi a madrinha deles. O amor é mesmo isso…é saber esperar, ser paciente, conquistar sem pressa…respeitar, rir, trocar carinhos, oferecer pequenos carinhos, demonstrar esse amor…ver a luz um do outro, e fundir-se nela.  

FIM
Lálá
(29/Agosto/2013)


segunda-feira, 26 de agosto de 2013

Pequena história para estimular a aquisição de novo vocabulário, aprendizagem e a articulação das vogais: A, E, I, O, U

Letra U


(Identificar todas as palavras começadas por U. Estimular a Atenção e a memória)

     Era uma vez uma menina que se chamava Úrsula. Ela tinha uns cabelos muito compridos, e às vezes usava duas tranças. 
         Vivia com os pais, os avós, e muito perto da casa dela, viviam uns tios e uns primos.
        Nos montes em frente à sua casa, passeavam e viviam lobos que uivavam muito, sempre que ouviam algum barulho estranho, ou sempre que viam alguma coisa a mexer, durante a noite. Os seus uivos arrepiavam.
Na quinta onde vivia, havia muitos animais, mas o seu preferido era um lindo unicórnio, de uma beleza rara que tinha aparecido por lá como por magia.
Um unicórnio é o cavalinho com apenas um corno, das Fadas, por isso, talvez tenha sido uma fada que o deixou lá, para a Úrsula, por ela ser uma boa menina.
Úrsula gostava muito de fruta, mas ainda mais de uvas, por isso, uma tarde de muito sol, Úrsula e o Unicórnio foram passear pelos campos, à procura de uvas.
Havia milhares de uvas penduradas nas videiras…umas pequeninas, pretas e brancas, umas brancas, outras pretas, e também havia uvas vermelhas escuras, bordôs e azuis escuras.
Numa videira mais à frente, Úrsula viu umas uvas enormes, lindas: umas verdes, outras vermelhas escuras, e outras mesmo pretas.
Apetecia mesmo comê-las. E foi mesmo isso que Úrsula fez: subiu para o lombo do Unicórnio para poder chegar às uvas, e arrancou vários cachos de uvas, de diferentes cores.
Tirou uma uva, provou, e ficou deliciada com a sua doçura. Comeu um cacho inteiro, partilhou outro cacho de uvas brancas com o seu amigo unicórnio, e levou outros cachos para toda a sua família.
Todos os familiares de Úrsula agradeceram as lindas e saborosas uvas, que ela levou. Ainda levou alguns cachos para os primos, e para as suas vizinhas amigas.
Mas não foi só a Úrsula, o Unicórnio e os familiares que as comeram…nessa mesma noite, enquanto todos dormiam, os malvados lobos, não uivaram. 
Foram em silêncio, pata ante pata, com patinhas de lã, guiados pelo seu olfacto muito apurado, em direcção ao pomar, onde havia as uvas.
As uvas tinham um cheirinho tão bom, que os malandros dos lobos abocanharam quantas puderam, pelo menos aquelas a que chegavam, e voltaram para o monte, com uma grande barriga, cheia de uvas.
As abelhas e os passarinhos também já lá tinham ido bicar as encantadoras uvas, mas esses não conseguiam comê-las inteiras, só deixavam lá os rastos das bicadas nas uvas.
Na manhã seguinte, Úrsula, os pais e os Avós, nem queriam acreditar…onde estavam as uvas mais baixas…? 
E decidiram apanhá-las, as que restavam, antes que fosse lá mais alguém comê-las. Encheram cestos enormes de uvas…dava gosto olhar para os cestos, e para as grandes uvas.
Como eram muitos cachos, os pais de Úrsula fizeram um belo sumo natural de uvas brancas, e outro de uvas pretas, numa máquina que separa as cascas das frutas, do sumo, e dos caroços. 
Fizeram uma festa, com todos os habitantes da aldeia, para se gastarem as uvas enormes.


FIM
Lara Rocha 
(26/Agosto/2013) 


Desenhem a letra U, e decorem os cachos como quiserem…a verde, a vermelho escuro, a bordo, ou a preto, ou a azul escuro…como gostarem mais. 




 




O BAIRRO DA MARIANA (As cores, os produtos da terra, a natureza)

foto de Lara Rocha 

Olá! Sou a Mariana…tenho 5 anos, e vou apresentar-vos o meu bairro. Hoje, está sol, mas um vento gelado, é por isso que estou vestida de fato de treino almofadado, azul claro. Gosto muito desta cor.
Eu vivo num sítio muito verde, com campos enormes, e à minha volta há montanhas enormes, é por isso, que há muitas vezes neve, frio, chuva, e muito calor…outras vezes, temos temperaturas agradáveis. Aqui o ar é muito puro, água pura e fresca, não há poluição como nas cidades. É sossegado!
Em baixo, estão as casas…são todas vivendas grandes e de pedra, com telhados vermelhos e inclinados, para nos protegerem da neve. Temos quartos em cima…no sótão, o meu é ali, com as janelas em triângulo. É muito confortável o meu quarto. 
Quando a neve cai, os vidros ficam cobertos, e gosto muito quando chove, ouço a chuva a cair nos vidros…é muito bom! Já alguma vez ouviram a chuva a cair fora das vossas casas? Se não ouviram, têm de experimentar. Vão adorar! Só o vento é que às vezes é tão forte que mete um bocadinho de medo, faz muito barulho…vvvvvvvvvvvvv… parece que quer entrar no meu quarto! Vocês, também já ouviram algumas vezes, de certeza, porque na cidade também há vento, pode não fazer tanto barulho, porque em sítios planos, sente-se mais! Mas também já estou habituada, e quando isso acontece…abraço-me aos meus amiguinhos bonecos. 
Temos pequenas quintas, onde estão os nossos animais: vacas, bois, ovelhas, e as suas famílias, os cavalinhos, os coelhos, as galinhas, que pastam à vontade, livrem, e são muito saudáveis, os porcos, os burros.
Só os cães e os gatos é que estão ali num anexo em madeira que temos no jardim em frente à varanda da cozinha. Assim, eles vêem-nos, e nós a eles, e também estão protegidos do frio e do calor em excesso. Entram e saem quando querem, guardam-nos as casas e os animais, e ficamos todos muito mais à vontade.   
A minha vivenda tem as paredes brancas, mas nem todas são brancas. Umas casas são brancas, com janelas e portas de madeira escura. Outras estão pintadas de azul e branco. Outras são brancas com riscas vermelhas, está ali uma branca e azul escura…muito bonitas as duas…pertencem aos meus tios, que têm primos da minha idade: o Gonçalo, o Rafael e a Márcia.
Aquela…é azul clarinha…aquela é verde às riscas brancas…Aquela…branca às riscas amarelas, aquela é branca às riscas roxas…aquela é…branca às riscas pretas…aquela…está toda pintada de branco, com as janelas vermelhas…aquela casa branca, tem janelas cor-de-laranja…o dono não me está a ouvir, mas sinceramente não gosto daquela casa.
Além destas…temos muitas outras que são feitas de xisto. Muito bonitas, e muito confortáveis…eu sei porque vive lá gente que conheço! Os meus Avós vivem naquela de xisto…é pequenina, mas tem lareira, e está muito bem decorada. Adoro estar lá. Até queria viver numa daquelas, mas como temos animais, eles não podem ficar dentro de casa…precisam de muito espaço.  
            No meu bairro, todos nos conhecemos, e damo-nos todos muito bem. Fazemos muitas festas, mesmo ao ar livre e nas casas uns dos outros, onde há sempre arroz de feijão, ou cozido à portuguesa, ou arroz de frango, ou cabrito assado, e sopa com muitos legumes variados, bolos caseiros, sumos de fruta naturais, e muitas outras coisas maravilhosas. Sempre que precisamos de ajuda, todos os vizinhos marcam a sua presença, e ajudam no que podem.
            Partilhamos o leite de vaca, e de cabra, que usamos para beber, para fazer iogurtes caseiros, manteiga, queijo…partilhamos ovos de galinha, e às vezes carne…É muito bom! Dá muito trabalho a fazer, mas o sabor compensa! Partilhamos e fazemos pão caseiro, no forno a lenha, broa e bolinhas de pão, partilhamos enchidos que fazemos com carne dos nossos animais, bolas de carne caseira, pão com chouriço que também vendemos nas festas da cidade…acabado de fazer é delicioso! Já alguma vez comeram pão acabado de sair do forno a lenha, cozido
Partilhamos alguns campos, e produtos que colhemos da terra, como os legumes: brócolos, beringelas, couve-galega, couve-flor, couve-roxa, cenouras, rúculas, ervilhas, espargos, nabos, alho francês, aipo, feijão branco, feijão vermelho, feijão verde, feijão preto, feijão manteiga, salsa, batatas, beterrabas, rabanetes, courgettes, pepinos, pimentos, tomates, azeitonas, alfaces, grelos, espinafres, milho, trigo, centeio, cabaças, cebolas, abóboras.
Partilhamos frutos secos, como as nozes, castanhas, amêndoas…frutos como: amoras vermelhas, amoras pretas, nêsperas, romãs, maçãs, laranjas, pêras  uvas, figos, melancias…e também…flores para chá e para alegrar as nossas casas: girassóis, rosas vermelhas, rosas brancas, rosas cor-de-rosa, rosas de todas as cores, malmequeres brancos e amarelos, alfazema, alecrim, e muitas outras…lenha, sementes!
Aqui não nos falta quase nada: temos uma pequena farmácia, com os medicamentos de primeira necessidade…de primeiros socorros, um pequeno centro de saúde para os pequenos golpes ou feridas de trabalho, um pequeno mercado, mas só tem o essencial.
Há coisas e serviços que só temos na cidade que fica aqui perto…por exemplo, é na cidade que fica a nossa escola, que os nossos pais têm os seus empregos, que vamos ao médico quando temos problemas mais sérios de saúde, ou quando precisamos de fazer exames, à farmácia, quando precisamos de medicamentos para problemas mais difíceis, aos correios, ao banco, ao supermercado, onde os meus Avós e tios vendem os nossos produtos, e compram outros, como o peixe!
Felizmente temos boa saúde, porque comemos coisas saudáveis, boas, e frescas, naturais. É muito bonito o meu bairro. Adoro viver aqui.

E o vosso bairro como é?
O que há?
Têm quintas e vivendas como no meu bairro?
Têm produtos naturais?
O que é que vocês comem?
Dão-se bem com os vizinhos?
Quais são os alimentos de que vos falei, que vocês conhecem?
E os que existem na vossa cidade?
E quais são os alimentos que vos falei, que mais gostam?
E os que menos gostam?
Já visitaram alguma quinta? Se já…como era essa quinta? O que viram lá? O que gostaram mais de lá? O que aprenderam?

Falem mais sobre o vosso bairro, e sobre os alimentos.
E não se esqueçam, comam sempre coisas saudáveis.
A alimentação é muito importante para todo o nosso crescimento!

Gostaram de conhecer o meu bairro?

Escrevam-me a contar como é o vosso bairro, e respondam às perguntas que vos fiz, se quiserem…

Aguardo-vos.
Até à próxima!
Beijinhos da Marina…


FIM
Lara Rocha 
(26/Agosto/2013)


quarta-feira, 21 de agosto de 2013

Uns comprimidos muito especiais

Era uma vez dois jovens irmãos: um rapaz e uma rapariga que viviam numa floresta maravilhosa. À primeira vista, pareciam pessoas normais, iguais às outras, e eram…mas tinham poderes especiais. Eram sensíveis e muito bondosos, sempre que viam na sua bola de cristal que alguém precisava deles, lá iam. Geralmente iam os dois.
         Um dia, Hugo viu na bola de cristal uma senhora de muita idade, que vivia sozinha, isolada na cidade, e aparentava estar doente. Chama a irmã, muito aflito:
- Diana…anda cá ver isto…!
         Diana assusta-se e vai ter com ele.
- O que foi…? Alguma urgência?
- Sim. Há uma senhora com muita idade, que vive sozinha num apartamento, na cidade, e parece estar doente. Vamos lá vê-la de perto?
- Sim, claro.
- Vê aqui…
         Hugo mostra a bola à irmã.
- Sim, pois está! Vamos…
- É melhor avisarmos aqui em casa.
- Sim.
         Os dois vão à cozinha e informam os pais. Dão a mão, para reforçar as energias, e vão para a cidade.
- Viste onde ficava, Hugo?
- Vi. Eu sei onde fica.
- Olha, e como é que vamos entrar no apartamento da senhora? Será que ela pode levantar-se para abrir a porta?
- Achas…? Com aquela idade…? Não. Entramos pela porta da cozinha…nas traseiras da casa onde é a cozinha.
- Áh! Já andaste lá a ver isso tudo…
- Claro!
         Os dois entram sem serem vistos, tal como Hugo tinha identificado. A senhora está a gemer, e muito triste.
- Boa tarde, Avó…precisa de alguma coisa…? – Pergunta Hugo.
- Ai…! – Diz a senhora.
- Dói-lhe alguma coisa? – Pergunta Diana
- Ai…dói-me tudo…! Acho que cheguei ao fim.
- Não diga isso! – Respondem os irmãos em coro.
- Quer que chamemos uma ambulância ou um médico? – Pergunta Hugo
- Não…! Ai…aqui…estou melhor. – Responde a senhora.
         Os dois ajudam a senhora a levantar-se, e sentam-na carinhosamente no sofá, ficando um de cada lado. Hugo dá a mão à senhora, e Diana abraça-a.
- Olhe, diga-me como se chama… - Pede Hugo.
- Ai…não sei…esqueci-me… - Diz a senhora.
- Não faz…! – Respondem os dois.
- Tem família aqui perto? – Pergunta Diana
- Não…eu não tenho ninguém…até o cão…desapareceu. – Diz a senhora muito triste.
- Tinha um cão? – Pergunta Diana
- Tinha…muito bonito…não sei o que lhe aconteceu. – Responde a senhora.
- Quer um copinho de água? – Pergunta Diana
- Ai…filhos…não se preocupem comigo…eu não quero dar trabalho. – Diz a senhora.
- Não dá trabalho nenhum! – Respondem os dois.
         Diana vai encher um copo de água para a senhora. Enquanto isso, Hugo continua a perguntar à senhora:
- Dói-lhe alguma coisa?
- Ai, filho…dói-me tudo.
- Já vive aqui há muitos anos?
- Sim…!
- Quantos?
- Oitenta e tal… - A senhora bebe a água. Diana volta a abraçá-la.  
         Os dois jovens passam a sua luz para a senhora, e esta, de um momento para o outro, parece que ganha vida, e que até fica mais nova…começa a lembrar-se de tudo, e a sorrir.
Os três falam alegremente, e riem muito. Mais tarde, os dois vão passear com a senhora de braço dado, e ela está muito mais feliz, cheia de energia e alegria, sorri, conta anedotas e histórias, que deixa os dois irmãos maravilhados. A senhora prepara um lanche apetitoso para os três, está como nova, já nem lhe dói nada, e fala com eles alegremente. Eles riem. Ao fim da tarde…
- Desculpem, meus anjos…se me dão licença…vou descansar um bocadinho.
- À vontade! – Respondem os dois.
- Amanhã vimos visitá-la outra vez…está bem? – Pergunta Hugo.
- Claro, meus amores…sempre que quiserem. Estou tão feliz…e já nem me dói nada. Nem sei como vos agradecer…fizeram-me tão bem…! – Diz a senhora.
- Que bom! – Respondem os dois a sorrir
- Ficamos muito felizes por isso. – Diz o Hugo.
- Vocês os dois são uns anjos…e como é que sabiam que eu precisava de alguém…? – Pergunta a senhora
- Nós…íamos a passar por aqui, atrás e ouvimo-la…! Como tinha esta porta aberta…entramos. – Diz Hugo
- Áhhh! Muito obrigada…se fossem outros quaisquer…não me ouviam, ou até me fariam mal. E o que é que são um ao outro…? Namorados…? Marido e mulher…? – Diz a senhora.
- Não! Irmãos. – Respondem em coro.
- Irmãos?
- Sim! – Respondem a sorrir.
- Ááááhhh…não são muito parecidos…! E moram aqui perto? – Sorri.
- Sim! – Respondem a sorrir
- Bem, filhos…mais uma vez muito obrigada. – Responde a senhora.
- Não precisa de companhia agora para a noite? – Pergunta Hugo?
- Não, filho…já estou habituada…é muito triste, mas também…como já estou a dormir…nem percebo que estou sozinha. – Diz a senhora a rir.
- Amanhã então voltamos…aliás…até lhe deixamos um contacto, e se precisar chame-nos, a qualquer hora. Combinado? – Diz Hugo
- Não vos vou estar a incomodar… - Diz a senhora.
- Não incomoda nada. – Respondem os dois em coro.
         E dirigem-se para a senhora. Trocam abraços e beijos, e sorrisos com a senhora, e saem. No dia seguinte, voltam a casa da senhora, com uma surpresa…um lindo cãozinho, pequenino, muito meigo. A senhora fica muito feliz, abraça e beija e acaricia o cãozinho, carinhosamente e deliciada, abraça e beija os jovens, e passam mais uma tarde fantástica com ela. Desapareceram-lhe as dores, e está muito feliz, com a presença dos jovens e do cãozinho.
- Meus queridos…a vossa presença e o vosso carinho são melhores que muitos comprimidos…vocês são seres muito especiais. – Diz a senhora muito contente.
         Os dois sorriem.
- É um remédio fácil, gratuito, sem químicos, e muito poderoso… - Diz Hugo a sorrir.
- Sim, é mesmo filho. Tenho de vos recompensar. – Diz a senhora.
- Nem pense nisso. – Dizem os dois.
- Fazemos isto com todo o coração! – Diz Diana.
- Sim, filha…eu sei, mas merecem ser recompensados…hoje em dia já quase não se encontra pessoas como vocês…os jovens estão muito maus, sem respeito nenhum pelos mais velhos…! – Explica a senhora.
- Sim, tem razão, mas estamos nós os dois aqui, e somos diferentes, mas temos todo o gosto em fazê-lo! E não é para recompensas…a melhor recompensa que podemos ter…já recebemos…que é vê-la bem, feliz, com saúde e alegria…e fresca…! – Diz Hugo.
- Sim, e estou mesmo…graças a vocês…ganhei anos de vida. – Diz a senhora.
         E a partir desse dia, vão visitar a senhora todos os dias, e ela nunca mais se sentiu sozinha, nem doente. Esta senhora e muitas outras que vivem sozinhas. Há coisas que não se curam com medicamentos…como a solidão, o abandono, o isolamento, a tristeza… Para as dores emocionais, os melhores medicamentos não são os químicos…são: uma simples presença doce de alguém, um carinho, um passeio, uns abraços, umas mãos que segurem nas deles, um simples sorriso, a escuta, uma partilha, umas conversas, e umas gargalhadas… a atenção, a dedicação, a lembrança…uma pequenina oferta…é fácil e é barato…faz bem a toda a gente, rejuvenesce, devolve a saúde, a energia, a alegria de viver, o sentimento de pertença e de utilidade…tão importantes para os que têm mais idade, e todos ficam a ganhar.

FIM
Lálá
(20/Agosto/2013)