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domingo, 30 de junho de 2013

A SAIA DAS CORES

NARRADORA - Era uma vez uma linda princesa, que vivia num castelo. Tinha uma saia de roda, cheia de cores. Tinha: vermelho, verde-claro, verde-escuro, amarelo, cor-de-laranja, cor-de-rosa escuro, cor-de-rosa claro, violeta, azul escuro, azul - claro, e branco. Ela gostava mesmo muito dessa saia, mas também usava outras roupas. Por onde passava com essa saia, aconteciam coisas estranhas, mas boas. Todos ficavam deliciados a olhar para ela, e como que por magia, quando ela rodava a saia, umas vezes saiam milhares de borboletas de cada cor: vermelho, verde-claro, verde-escuro, amarelo, cor-de-laranja, cor-de-rosa escuro, cor-de-rosa claro, violeta, azul - escuro, azul - claro, e branco. Luisinha, Sara e Raquel vêem-na mais longe, e observam-na, encantadas. Comentam umas com as outras:
LUISINHA - Áhhh…que linda saia, que esta menina tem! Olhem, amigos…tantas borboletas…
SARA - Não vejo borboleta nenhuma…
RAQUEL - Eu estou a vê-las, Luisinha.
LUISINHA - Sim, são milhares delas…tão bonitas! E de tantas cores…vermelhas, verde-claras, verdes-escuras, amarelas, cor-de-laranja, cor-de-rosas escuras, cor-de-rosas-claras, violetas, azuis-escuras, azuis-claras, e brancas.
RAQUEL - Deves estar a imaginar!
LUISINHA - Não estou nada. Estou mesmo a vê-las.
RAQUEL - Sim, sim, estamos mesmo a vê-las, não estamos a imaginar.
SARA - E porque é que eu não as estou a ver?
RAQUEL – Porque estás sempre na Lua.
SARA – Não…estou na terra, como vocês!
LUISINHA – Estás sempre a sonhar de olhos abertos, a imaginar outras coisas, e a pensar noutras coisas…não é?
SARA – Não.
LUISINHA – De certeza que sim, caso contrário, vias as borboletas que voam mesmo à tua frente!
RAQUEL – Ou então estás a precisar de usar óculos.
SARA – Não…!
LUISINHA - Olha com atenção!
NARRADORA - Sara olha muito atenta.
SARA - Áhhh…sim, agora estou a vê-las!
TODAS - Que lindas!
LUISINHA - Áh! De onde vem tanta borboleta?
SARA - Nunca vi tanta borboleta, de tanta cor diferente…!
TODAS - Áh…que lindas.
RAQUEL - Parece que saíram de uma toca!
LUISINHA - Olhem a saia daquela princesa!
TODAS - Que linda!
SARA - Vamos mais perto, para falar com ela.
TODAS - Sim, vamos!
RAQUEL - Vou perguntar-lhe se sabe de onde vem tanta borboleta.
LUISINHA - Acho que ela não nos vai responder.
RAQUEL - Porque não? Só se não falar.
SARA - Porque ela é uma princesa!
RAQUEL - E as princesas não falam?
LUISINHA - Claro que falam. Mas nós não somos da classe dela, por isso, ela não pode falar connosco.
SARA - Pois…ela é muito rica, e nós somos muito pobres.
RAQUEL - Como é que sabes que ela é rica?
SARA – É o que os meus pais dizem.
LUISINHA – Mas a minha mãe diz que a riqueza não se vê.
RAQUEL – Claro que se vê…olha para a saia dela…os cabelos dela…os sapatos…e olha os nossos.
SARA – Ela deve ser muito antipática. Geralmente as pessoas muito ricas são muito antipáticas.
LUISINHA – A minha mãe também diz isso, mas ela não me parece antipática.
RAQUEL – A mim toda a gente me diz que a verdadeira riqueza está debaixo da nossa pele.
SARA – Debaixo da nossa pele temos outras coisas.
RAQUEL – Temos o coração e todas as coisas boas que sentimos, e às vezes as más….
TODAS – Sim. É verdade.
LUISINHA – Vamos vê-la.
NARRADORA - Elas sorriem, encantadas com as borboletas, aproximam-se a medo, e as borboletas param de voar porque a princesa para de rodar a saia. Desaparecem.
TODAS – Ááááhhh…!
RAQUEL – Desapareceram.
SARA – Pois foi. É muito estranho!
LUISINHA – Acho que afinal não há borboletas…éramos nós a imaginar.
PRINCESA (sorridente) – Olá meninas…
TODAS (sorriem) – Olá.
PRINCESA (sorridente) Estão a olhar para a minha saia não é? (Elas estremecem, e sorriem a medo. Abanam com a cabeça a dizer que sim)
LUISINHA (sorri) – Parece que nos lês os pensamentos.
PRINCESA (gargalhada) – Eu…? Ler os pensamentos? Não.
RAQUEL – Então como é que sabes que estávamos a olhar para a tua saia?
PRINCESA (ri) – Toda a gente olha.
TODAS (sorriem) – É tão bonita.
LUISINHA – Nós vínhamos ver de onde saem tantas borboletas!
RAQUEL – Tu sabes de onde vem?
PRINCESA (sorri) – Vejam…
NARRADORA – A princesa roda a saia, alegremente e muito elegante, e saem mais borboletas. Elas ficam muito surpresas.
TODAS – Uau!
LUISINHA – Elas saem da tua saia?
PRINCESA (sorri) – Sim. Outras vezes, quando rodo a saia, dela saiam flores, estrelas, sóis, luas, planetas, búzios, bolinhas de sabão e beijinhos. 
TODAS – Ááááhhh…!
LUISINHA – Que lindo!
SARA (sorri) – É uma saia mágica.
RAQUEL – E como fazes isso?
PRINCESA (sorri) – Não sei explicar.
SARA (sorri) – É mesmo bonita, e tu também.
PRINCESA (sorri) – Obrigada. Eu faço isto para ver se arranjo amigas e amigos, mas nem assim consigo!
TODAS – Porquê?
PRINCESA – Porque todos fogem de mim.
LUISINHA – Deves ter muitos amigos.
PRINCESA – Não. Sinto-me muito sozinha…e foi por isso que a minha madrinha me ofereceu esta saia mágica. Ela disse para eu usar esta saia, pois com ela ia arranjar muitos amigos! Mas isso não estava a acontecer.
TODAS – Porquê?
BORBOLETAS (sorriem) – Porque não eram boas pessoas!
TODAS (surpresas) – A sério?
BORBOLETAS – Sim.
PRINCESA – Sim, dizem que sim.
SARA – Porquê?
BORBOLETA AZUL-CLARO – Não poderia ser qualquer pessoa a aproximar-se da princesa.
BORBOLETA BRANCA – Toda a floresta sentia que eram más pessoas.
BORBOLETA AZUL-CLARO – A princesa não é para o primeiro que a elogia, ou que diz que se encanta por ela.
RAQUEL – Mas há pessoas boas.
BORBOLETAS – Sim, é verdade.
BORBOLETA BRANCA - Mas todos os que viam a princesa…tinham corações impuros.
BORBOLETA AZUL-CLARO – É. Não tinham boas intenções.
TODAS – Como?
BORBOLETA BRANCA – Só queriam aproximar-se da princesa porque ela é muito bonita…
BORBOLETA AZUL- CLARO - E queriam mostrar aos outros, que eram valentões, que tinham muito valor, até tinham conseguido conquistar a princesa.
BORBOLETA BRANCA – Não tinham nada!
LUISINHA – Como é que sabiam que eles só queriam ficar com a princesa porque ela é bonita?
BORBOLETA AZUL- CLARO – Porque é sempre assim que acontece com as princesas!
BORBOLETA BRANCA – Nós estamos sempre a proteger a nossa princesa.
SARA – E as princesas não podem ter amigas fora do castelo pois não?
PRINCESA – Mas eu quero ter amigas fora do castelo, só que toda a gente tem essa ideia, e acham que sou antipática, que ninguém me pode tocar.
TODAS – Tu és muito simpática.
PRINCESA (sorri) – Obrigada, lindas.
LUISINHA – Nós queremos ser tuas amigas!
RAQUEL – E não é por seres princesa.
SARA – Nem por teres uma saia tão bonita!
BORBOLETA BRANCA (sorri) – Os vossos corações são muito bonitos.
TODAS – Tu vê-los?
BORBOLETAS – Sim.
BORBOLETA AZUL-CLARO – Quer dizer…vemos de outra maneira…! Sentimos as suas batidas.
BORBOLETA BRANCA – Tem uma luz muito bonita.
TODAS (sorriem) – A sério?
BORBOLETAS – Sim.
BORBOLETA AZUL-CLARO – Vocês são meninas de bem…
BORBOLETA BRANCA - Filhas de gente humilde, lutadora, trabalhadora…
BORBOLETA AZUL-CLARO - Onde não há maldade, nem segundas intenções!
TODAS (sorriem) – Obrigada.
LUISINHA – Tu conheces os nossos pais?
BORBOLETAS – Sim.
BORBOLETA BRANCA – Vocês são o espelho deles.
RAQUEL – A minha mãe diz que não sou muito parecida com ela…
SARA – A minha mãe diz que eu sou parecida com ela, e também sou parecida com o meu pai.
LUISINHA – Eu não sei…
BORBOLETA AZUL-CLARO – Estamos a falar no que eles vos dão de bom, nota-se pelo que vocês são…pelo vosso coração. São educadas, têm amor, dão muitas coisas boas aos outros.
TODAS (sorriem) – Sim, dizem que sim.
LUISINHA – A mim ensinam-me a ser boa menina com os outros, a ser bem comportada.
BORBOLETA BRANCA (sorri) – Sim, e é disso que estamos a falar.
TODAS (sorriem) – Ááááhhh…
RAQUEL – Nós gostávamos de ser amigas da princesa, porque gostamos dela.
BORBOLETA AZUL-CLARO – Sim. (sorridente) – Princesa…estas meninas sim…podem ser tuas amigas.
BORBOLETA BRANCA (sorri) – A tua madrinha confirma.
PRINCESA (feliz) – Que bom! Finalmente arranjei três amigas. Muito obrigada, Madrinha, e borboletas. Venham conhecer o meu castelo.
TODAS (sorridentes) – Uau.
NARRADORA – As meninas estão surpresas, e felizes, encantadas, e conversam alegremente com a princesa. Conhecem o castelo, e são muito bem recebidas por todos. Até tomam banho na piscina, e lancham no castelo com a princesa. No fim brincam juntas. Afinal a menina princesa era mesmo simpática, e desde esse dia, a sua saia rodava e soltava borboletas, flores, estrelas, sóis, luas, planetas, búzios, bolinhas de sabão e beijinhos de todas as cores. Mas apenas quem tem bom coração pôde aproximar-se, e ser amiga da princesa. Nós também só devemos deixar aproximar-se de nós, e entrar no nosso castelo, os corações bons. Era bom termos duas borboletas, que nos dissessem quem são os nossos verdadeiros amigos, mas além desses, podemos dar-nos bem com outros que sejam bons corações, e que se aproximem de nós. Infelizmente, às vezes iludimo-nos com a beleza exterior de príncipes e princesas, que quando nos mostram o que são por dentro, é uma grande decepção: conhecemos verdadeiros sapos e rãs…!

FIM
LARA ROCHA 
(29/Junho/2013)


domingo, 23 de junho de 2013

AS ESTRELINHAS

NARRADORA - Era uma vez quatro estrelinhas que viviam no imenso Universo, com os seus pais planetas e outros astros. Elas viviam felizes, naquele sítio, sentiam-se livres, e tinham sempre muito trabalho. Muitas vezes, olhavam para uma linda bola azul que viam diante dos seus olhos, e passavam horas a admirá-la, maravilhadas, tentavam imaginar como seria viver lá, se é que vivia alguém, elas não sabiam, e ficavam muito curiosas. Até sonhavam de noite, com aquela bola azul, que nem sequer sabiam como se chamava. Um dia, quando foram de férias…decidiram ir conhecer aquela bola azul que tanto adoravam ver. Encontraram-se todas à hora marcada, e vaguearam entusiasmadas e alegremente pelo espaço até essa bola. Chagadas à bola azul, ficaram ainda mais maravilhadas, mas não sabiam o que fazer.
ESTRELINHAS – Uaaauuu!
ESTRELINHA 1 – Ainda é mais bonita ao perto!
ESTRELINHAS (sorriem) – Sim.
ESTRELINHA 2 – Mas…é só isto?
ESTRELINHAS – Não.
ESTRELINHA 3 – Não pode ser só isto. O que serão aquelas luzinhas todas espalhadas por aqui?
ESTRELINHA 4 – Será que são estrelas que vivem ali, ou trabalham?
ESTRELINHAS – Não sei!
ESTRELINHA 1 – Será que se pode ir lá mais para baixo?
ESTRELINHA 2 – Olhem…que lindo…!
ESTRELINHA 3 – Acho que é água.
ESTRELINHAS – Também acho.
ESTRELINHA 4 – E agora o que fazemos?
ESTRELINHAS – Pois…!
ESTRELINHA 1 – Que meio de transporte usamos para chegar lá baixo, ou andar por aqui?
ESTRELINHA 2 – Não vejo aqui nenhum meio de transporte.
ESTRELINHAS – Nem eu!
ESTRELINHA 3 – Mas tem de haver algum…se não, como é que as estrelas iam para lá?
ESTRELINHA 4 – Nem sei se são estrelas.
ESTRELINHA 1 - Onde está o sol?
ESTRELINHA 2 – Pois, acho melhor perguntarmos a alguém.
ESTRELINHAS – Sim.
LUA – Olá meninas. Por aqui?
ESTRELINHAS (sorriem) – Olá…!
ESTRELINHA 1 – Viemos conhecer esta bola azul…
ESTRELINHA 2 – Linda!
ESTRELINHA 3 – Mas não sabemos como sair daqui…!
LUA (sorri) – Estão pousadas no planeta Terra.
ESTRELINHAS – Planeta Terra?
LUA (sorri) – Sim.
ESTRELINHAS – Ááááhhh…!
ESTRELINHA 1 – Tu conheces?
LUA (sorri) – Sim, trabalho lá todas as noites.
ESTRELINHAS (sorridentes) – Ááááááhhhh…!
ESTRELINHA 2 – E como é aquilo?
LUA (sorri) – Olhem…tem coisas muito bonitas, mas também tem muitos perigos.
ESTRELINHAS – Perigos?
LUA – Sim. Tenham muito cuidado.
ESTRELINHA 3 – É perigoso para nós?
LUA – Pode ser…Mas vão visitar…vale a pena! Só vos peço para estarem atentas.
ESTRELINHA 4 – Quem vive lá?
LUA – Os seres humanos.
ESTRELINHAS – Humanos?
LUA – Sim. Esses são os perigos. São muito maldosos, é por isso que andamos todos aqui a sofrer coisas estranhas…sentimos estas porcarias no ar.
ESTRELINHAS – Ah…!
ESTRELINHA 1 – Então vamos lá baixo dar-lhes uma liçãozinha.
LUA – Vão com cuidado.
ESTRELINHA 2 – Como se vai para lá?
LUA – Eu ponho-vos lá.
NARRADORA – A Lua estende um fio dela para cada estrela.
LUA – Agarrem-se a esse fio.
NARRADORA – As estrelinhas agarram-se ao fio, e a Lua estende-os até à atmosfera da terra. Pousam nas nuvens.
LUA (sorri) – Agora terão outra boleia…até já…
NARRADORA – Elas apreciam a paisagem, saltitam e caminham em cima das nuvens, rebolam, brincam felizes, tocam nas nuvens, e agarram pedacinhos. Cruzam-se com cegonhas que levam bebés nos bicos, e com aviões que fazem barulhos imensos. Elas estremecem, e escondem-se em pequeninas grutas de gelo que estão espalhadas pela atmosfera.
ESTRELINHA 1 (feliz) – Uau, isto é tão giro.
ESTRELINHAS (sorriem) – Sim.
ESTRELINHA 2 – Estes algodões são tão fofinhos…
ESTRELINHA 3 – E levezinhos!
ESTRELINHA 4 – Aqui a temperatura é diferente.
NARRADORA – E de repente o solo onde elas estão pousadas abre. Elas gritam, e caem em cima da copa de uma árvore gigante, que vai dar ao solo. Já estão na Terra. Depois do susto, elas olham em volta, encantadas.
ESTRELINHA 1 – Acho que chegamos à Terra.
(Olham para cima)
LUA (sorri) – Sim, já estão na Terra.
ESTRELINHAS (felizes) – Boa! Obrigada Lua.
LUA (sorri) – Estou de olho em vocês. Agora têm de descer essa árvore, mas antes, vejam o que há à vossa volta.
NARRADORA – As estrelinhas estão cheias de medo.
ESTRELINHA 2 – Ai…isto é tão alto!
ESTRELINHA 3 – Ai, que medo!
ESTRELINHA 4 – E agora como vamos descer…?
LUA (ri) – Vamos meninas, nada de medo…olhem em volta. Coragem meninas.
NARRADORA – As estrelinhas respiram fundo, enchem-se de coragem e olham em volta.
ESTRELINHAS (sorriem) – É lindo!
NARRADORA – Deixam-se embalar, e descem a enorme árvore sem medo, alegremente, gritam, riem, e andam pelo solo. Apreciam tudo, todos os pormenores, e vêem o que há de diferente da sua galáxia. Vêem coisas bonitas, e coisas desagradáveis. De repente, começam a sentir uma coisa estranha. Com tanta buzina que ouvem, tanto movimento que vêem das pessoas de um lado para o outro, e carros atrás de carros, muito diferentes dos delas, a circular a grande velocidade, e uns cheiros horríveis, as estrelas ficam tontas e enjoadas. Param de repente, e desequilibram, agarram-se às cabeças, e vêem coisas estranhas, que as assustam muito. Gritam e a Lua fica muito preocupada com elas.
LUA – Então meninas, o que se passa?
ESTRELINHAS (muito aflitas) – Não sei.
ESTRELINHA 1 – Sinto-me muito estranha…
ESTRELINHA 2 – Eu também.
ESTRELINHA 3 – Aaaaiiii…a minha cabeça!
ESTRELINHA 4 – A minha também.
ESTRELINHA 1 – Estou a ver tudo a girar…
ESTRELINHA 2 – Há aqui uns barulhos muito estranhos…
ESTRELINHA 3 – Ai, sinto-me muito enjoada…
ESTRELINHA 4 – Parece que estou desmembrada…
ESTRELINHAS – Aaaaiiii…!
ESTRELINHA 1 – Ai…não consigo respirar…
(E começam a tossir)
LUA – Estão intoxicadas…saiam daí…subam outra vez à árvore.
ESTRELINHA 1 – Não conseguimos.
ESTRELINHA 2 – Aii…Acho que vou desmaiar.
LUA – Calma meninas…agarrem os fios.
ESTRELINHA 3 – Ai, que eu não sei quem sou!
LUA – Agarrem os fios…
NARRADORA – Aparece o sol, que estende os seus raios, até ao solo e pega nelas ao colo, levanta-as, e leva-as de volta para a galáxia. Elas deitam-se no seu jardim, ainda muito estranhas.
LUA – Respirem este ar…
NARRADORA – As estrelinhas respiram…primeiro com dificuldade, e depois normalmente.
ESTRELINHA 1 – Ááááhhh…que bom!
ESTRELINHA 2 – Já consigo respirar.
ESTRELINHA 3 – Eu…quase…!
ESTRELINHA 4 – O que é que aconteceu?
ESTRELINHA 1 – Já voltamos a casa.
ESTRELINHA 2 – Boa!
ESTRELINHA 3 – O que nos aconteceu?
LUA – Estavam a ficar intoxicadas com a poluição lá em baixo…não estão habituadas.
ESTRELINHAS – Intoxicadas?
LUA – Sim. Aquele ar que respiraram lá em baixo está cheio de toxinas, de fumos tóxicos, que prejudicam a saúde, e não tardará muito, destruirão este pobre planeta.
ESTRELINHAS (assustadas) – Como?
LUA – Aqueles seres que viram lá em baixo estão a dar cabo do planeta terra, com tanta coisa má que inventam. Só querem ganhar dinheiro, e inventam coisas cada vez mais perigosas, mais evoluídas, mas mais doentias.
ESTRELINHA 1 – Lá em baixo é insuportável…
ESTRELINHA 2 – Não sei como aguentam!
LUA – Começam a não aguentar…ou pelo menos a ter muita dificuldade em aguentar.
ESTRELINHA 3 – Só barulhos irritantes, e um ar que não se respira.
LUA – Sim, é verdade!
ESTRELINHA 4 – E ninguém faz nada para impedir que eles continuem a destruir o planeta?
LUA – Ouvi dizer que fazem umas coisas para tentar reduzir o impacto da destruição que provocam, mas na verdade tudo fica em papéis. Na prática não fazem nada de bom pelo planeta. Só o destroem. Até eu já tenho estado doente por causa do que inventam.
ESTRELINHA 2 – Pois é…o ar aqui em cima, às vezes também já fica estranho.
NARRADORA – Elas conversam durante um bom bocado, e pensam em estratégias para não se destruir mais o planeta.
LUA – Minhas queridas, não vale a pena castigá-los…eles já se estão a castigar a eles mesmos, só que ainda não se aperceberam. Já estão a sentir na pele o mal que estão a fazer, mas infelizmente ainda duvidam que sejam eles...acusam o sol pelos seus problemas…mas na verdade, é inteiramente deles, pois o sol também está a ficar doente. São eles que aumentam cada vez mais a cratera, o buraco do ozono, e derretem os gelos…
ESTRELINHAS – Que horror.
ESTRELINHA 2 – Então esses eram os perigos que tu falaste, Lua!
LUA – Sim!
ESTRELINHA 3 – Podias ter-nos dito logo quais eram, que assim nem íamos lá abaixo…
ESTRELINHA 4 Pois, e já não apanhávamos aquele susto…
ESTRELINHA 1 – Nem aquelas coisas más.
LUA – Desculpem…não fiz por mal…não vos disse antes, porque podiam não sentir nada de mal! São estrelas.
ESTRELINHA 2 – Mas tu já sabias que isto estava a acontecer?
LUA – Sim, já sabia há muito, e vocês não sabiam?
ESTRELINHAS – Não!
ESTRELINHA 3 – Eu cheirava-me a qualquer coisa estranha no ar, mas não sabia o que era.
ESTRELINHA 4 – Também já sentia qualquer coisa de mal, mas também não sabia.
LUA – Pensei que sabiam, porque essas coisas sentem-se mesmo.
ESTRELINHA 1 – Sim…se calhar nós é que não quisemos ver, nem saber.
ESTRELINHA 2 – Eu gostei de ir lá abaixo…
ESTRELINHAS – Eu também.
ESTRELINHA 4 – E gostei muito do caminho para lá.
ESTRELINHAS (sorriem) – Eu também.
ESTRELINHA 1 (sorri) – Eu adorei andar naqueles pedacinhos de algodão, e tocar neles…eram tão levezinhos…e cruzamo-nos com uns pássaros que levavam uns seres estranhos na boca…
LUA (ri) – Eram as cegonhas com os bebés…e aviões…!
(Todas riem).
ESTRELINHA 2 – E aquelas luzes todas…que eu pensei que eram estrelas.
ESTRELINHA 3 – Realmente tem coisas muito bonitas, principalmente vistas de cima daquela árvore onde estivemos.
ESTRELINHA 4 – Sim, é verdade, só foi pena as coisas feias que vimos, e as coisas más que sentimos.
LUA – Sim, mas tudo faz parte, queridas! Tudo tem coisas boas e bonitas, e tudo tem coisas mais feias, e más.
ESTRELINHA 1 – Não quero voltar lá para baixo.
ESTRELINHAS – Nem eu!
ESTRELINHA 3 – Visto daqui é mais bonito.
ESTRELINHAS – Pois é.
LUA – Bem meninas…agora recuperem, e descansem…
ESTRELINHA 1 – Vou sonhar que todas as estrelas juntas vão limpar o planeta terra.
ESTRELINHA 2 (sorri) – Boa!
LUA (sorri) – Isso…só mesmo em sonhos, mas pode ser que muitos sonhos desses, juntos, consigam realmente limpar o planeta terra.
ESTRELINHA 3 – E não podemos fazer mesmo isso?
LUA – Infelizmente não…! Só eles, lá em baixo poderão fazer isso.
ESTRELINHA 4 – Infelizmente não vão fazer…
SOL – Sim, meninas…experimentem limpar o planeta terra.
ESTRELINHAS (sorriem) – Podemos?
SOL (sorri) – Sim…nos vossos sonhos…! (ri)
ESTRELINHAS (tristes) – Óóóhhh…!
NARRADORA – Mas as estrelinhas não ficam satisfeitas, e juntas, com muitas outras milhares de estrelas, limpam o planeta terra, durante vários dias, com vassouras, fogueiras, ventanias, aspiram espaços, regam, molham, secam, sopram…mas…quando olham em volta…tudo está na mesma: o planeta azul destruído, poluído, doente…era tudo…apenas um sonho comum, que elas gostavam muito de ver tornado realidade. Ficaram mesmo tristes! Mas todos os dias passaram a pensar um bocadinho no planeta Terra e pediam por ele, nas suas orações. Um planeta melhor, mais saudável passou a ser um dos seus desejos.
FIM!
Lálá
(23/Junho/2013)
Actividade:
E vocês, meninos?
Também pensam um bocadinho no Planeta Terra?
O que pensam?
Em que pensam mais?
Acham que é possível limpar o lindo planeta azul?
Também gostavam de poder limpar o vosso planeta?
O que faziam?
Como faziam?
O que limpavam?
Acham que conseguem?
Como seria o planeta Terra, limpo?
Como seria o seu ar?
O que teria de bonito?
O que mudariam no nosso Planeta Terra?