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domingo, 24 de fevereiro de 2013

A FOQUINHA



Era uma vez uma foquinha pequenina, que vivia com os seus pais numa gota de gelo. A foquinha era feliz, e adorava viver nesse sítio gelado, cheio de neve. Mesmo com muito gelo à sua volta, a foquinha não tinha falta de amor, dos seus pais, nem de alimento, mas às vezes sentia-se sozinha, e ficava triste, porque lhe faltavam amigos. Um dia, a foquinha estava a patinar no gelo, feliz, e de repente, o gelo começa a estalar, debaixo dos seus pés.
Ela fica muito assustada:
- Mas o que é que está a acontecer? O gelo…está a partir…! (grita) Socorro…
            E afasta-se para trás, cheia de medo, encostada a um grande pedaço de gelo, para onde tenta subir mas escorrega.
- Óh, não. A mamã e o papá tinham razão. Este sítio é perigoso. Óhhh…porque é que eu não obedeci aos meus papás.
            Quando finalmente conseguiu subir para o grande gelo, suspira de alívio e ri.
- Ufa! Que susto. Aqui estou a salvo. Acho eu. Só não percebi porque é que o gelo estava a partir.
            De repente, o gelo parte mais, e da água salta outra foquinha, aos gritos. A foquinha olha muito atenta, surpresa e um pouco assustada.

- Ai, que sufoco! Pfff…! Ai…finalmente estou em terra. Estou. Sim…em terra…quer dizer…em gelo!
            Olha em volta, e repara na foquinha que está em cima do gelo. As duas foquinhas falam uma com a outra.
- Olá!
- Olá!
- Estou a ver-me ao espelho?
- Onde estás a ver o espelho?
- Ai, tu és uma foca?
- Sim, e tu quem és?
- Sou uma foca.
- Ai, tu existes mesmo?
- Claro que sim, se não existisse não me estavas a ver, nem estaríamos a falar.
- Sim, pois é. É verdade.
- Mas de onde saíste?
- Do gelo. E tu vives aqui?
- Sim, vivo naquela casinha de gelo…aquela gota. Não és daqui?
- Não. Vim aqui parar…olha, ainda não sei bem como. Mas fugi de um tubarão.
- Ai, que medo…!
- Sim, é mesmo, mas ele aqui não me encontra.
- Espero que não. Então foste tu que partiste o gelo?
- Sim, tinha de encontrar uma saída. Já estava a ficar cansada.
- Pois!
- Há por aqui algum sítio onde me instalar um pouco? Só para descansar…
- Sim, há. Anda. Vou servir-te de comer, beber, e indico-te um sítio onde vais poder descansar.


As duas conversam alegremente, pelo caminho até uma gruta de gelo, onde tem muitas tendinhas de gelo para viajantes que passem nessa aldeia gelada. É um sítio muito confortável e tem lá tudo. Comida, bebida, camas confortáveis, salas de convívio, casas de banho, piscinas, e música.

A foquinha tinha acabado de ganhar uma nova amiga, e passa o resto da tarde, a brincar com ela, e a conversar, a rir, a mergulhar nas piscinas. De repente a foquinha fica triste, porque pensou que a sua amiga tinha de ir embora.
- Estás triste?
- Um bocadinho.
- Porquê?
- Tu vais embora não vais? – A choramingar – E eu vou ficar outra vez sem amigas para brincar. Óh…eu sinto-me muito sozinha! E estava tão feliz de te ter aqui.
- Não! – Sorri - Eu não vou embora! Quer dizer…vou, mas volto muito em breve para brincar contigo.
- A sério?
- Sim! Claro que sim.
Aparece outro casal de focas muito preocupado, à procura da filhota, a nova amiga
Ela grita:
- Papá…Mamã…estou aqui.
            Os pais vão a correr ter com ela. Agora é que a nossa foquinha ficou mesmo triste. A foca Mãe grita, preocupada:
- Onde estavas metida…?
- Estava aqui, mamã…
            O pai resmunga:
- E quem te deu autorização para te afastares…?
- Desculpem, Mamã e Papá…mas tive de fugir de um tubarão que me estava a perseguir. Encontrei aqui uma saída, e uma nova amiga. Este sítio é muito bom. Mas como é que me descobriram aqui?
            A mãe responde:
- Seguimos o teu cheiro…foi por sorte que te encontramos. Alguma coisa me dizia que estavas aqui. Acontece com todas as focas pequenas.
            A Mãe e o pai ralham:
- Não devias ter saído da nossa beira.
- Já te dissemos muitas vezes que essas brincadeiras malucas são perigosas!
- E já te dissemos muitas vezes para não te afastares de nós, sem nos dizeres.
- Deixaste-nos muito preocupados! Isso não se faz.
            A foquinha está envergonhada:
- Desculpem…! Não fiz por mal. Estamos longe de casa?
            Os pais respondem em coro:
- Sim, um pouco.
            O pai acrescenta:
- Agora temos de encontrar outro sítio…mais tarde tentaremos voltar ao nosso, se for possível.
            A foquinha sugere:
- Ficamos aqui mesmo. A minha amiga mostrou-me um sítio muito bom, para descansarmos. Aqui…venham ver.
            A nossa foquinha abre um grande sorriso, ao saber que a sua nova amiga estará ali por mais tempo, e assim, terá com quem brincar. Os pais cumprimentam a nova amiga da filha, e a foquinha indica-lhes o caminho da grutinha. Os pais ficam maravilhados com a grutinha, e instalam-se lá, felizes. As duas foquinhas pequenas, estão felizes, e brincam juntas, enquanto os pais se instalam, descansam, alimentam-se, e conhecem os vizinhos. Os pais da nossa foquinha estão orgulhosos pelo que a filha fez, e tornam-se também grandes amigos. Depois desse dia, a foquinha e os pais não saíram mais dessa aldeia. As duas pequeninas tornam-se amigas inseparáveis, brincaram sempre debaixo de olho dos pais, sempre perto, e divertiam-se muito! Que sorte teve esta foquinha! Sentia-se tão sozinha, e ganhou uma nova amiga, que fugia de um terrível tubarão.
FIM
Lálá
(23/Fevereiro/2013)
 



sexta-feira, 8 de fevereiro de 2013

FESTA DE ANOS PARA O GONÇALO

boneco de Lara Rocha 

NARRADORA - Olá meninos e meninas…! Tenho um convite para vos fazer. Venham à festa de anos do boneco Gonçalo. Ele é muito simpático, fofinho, querido, meigo, divertido…e faz anos hoje. (p.c) Xiu! Não lhe digam nada, mas os amigos estão a preparar-lhe uma festa daquelas inesquecíveis…! Venham daí, conhecer o Gonçalo e os outros amigos. Tragam os vossos amigos, e familiares. (p.c) Vai haver comida deliciosa, sumos naturais, bolo para todos, e outras surpresas. (p.c) Aliás, as meninas já começaram a preparar a festa ontem. Fizeram os bolos com a ajuda das mamãs e das Avós, as gelatinas, prepararam os bicos de pato com fiambre e queijo, os croquetes, os rissóis, a mousse de chocolate, e outras coisas deliciosas. Outras meninas, prepararam a decoração da sala, com muito gosto, cheia de cores, balões, luzes, fitas…puseram os pratos, os copos e talheres e guardanapos, de plástico, em cima da mesa, para depois espalharem. Os meninos ajudaram a levar e a distribuir as cadeiras e as mesas pela sala, e trataram do rádio. O Gonçalo não faz a mais pequena ideia da surpresa que vai ter.  De manhã bem cedo, ainda o sol não tinha nascido, o Gonçalo, foi deixado na casa dos Avós, a dormir, pois os seus pais tinham de sair muito cedo para trabalhar. Mal as meninas acordam, cheias de energia, e felizes, vão à sala, ver o que falta, e pôr tudo pronto. Elas estão felizes, e conversam alegremente. Põem tudo nas mesas, direitinho. O Gonçalo acorda. Os Avós dão-lhe muitos beijinhos, e muitos abraços, e prendas. Ele fica muito feliz, e começa logo a brincar com as prendas. Mas de repente…ao longo da manhã, fica um bocadinho triste. Porque ainda não viu os seus amigos…nenhum. E queria brincar com eles.
GONÇALO (triste) – Óh, Avó…onde estão os meus amigos? Ainda não vi ninguém hoje!
AVÓ (sorri) – Eles daqui a bocado aparecem.
GONÇALO (triste) – Será que eles se esqueceram que faço anos?
AVÓ (ri) – Não, querido, claro que não se esqueceram.
NARRADORA - Aparece a Guigas, e faz-se de distraída. É ela que vai chamar o Gonçalo para a festa.
GONÇALO (contente) – Olá, Guigas…bom dia!
GUIGAS (sorridente) – Olá bom dia. Olha, encontrei ali uma coisa, queres vir comigo?
GONÇALO – Está bem. (p.c) Avó, eu vou ali com a Guigas e já venho, está bem?
AVÓ (sorri) – Está bem.
GUIGAS (sorridente) – Bom Dia, Avó Gabriela.
AVÓ (sorridente) – Bom dia, filha…tudo bem?
GUIGAS (sorridente) – Sim. E a Avó também está boa?
AVÓ (sorridente) – Também, obrigada.
GUIGAS – Descobrimos ali uma coisa, e queremos mostrar ao Gonçalo. Até já.
AVÓ (sorri) – Até já. Depois digam-me o que descobriram.
GUIGAS (sorridente) – Está bem.
NARRADORA – A Avó já sabe de tudo. A festa vai começar. Gonçalo está um pouco triste, e pensa que se esqueceram mesmo dos anos dele.
GONÇALO – O que encontraste?
GUIGAS – Vais já ver.
NARRADORA – Guigas distrai o Gonçalo para a Avó passar para a sala. E o Gonçalo não vê a Avó. Está tudo a correr com eles tinham planeado.
GUIGAS – Já guardaram…já sei onde. Anda.
NARRADORA – Guigas encaminha Gonçalo para a sala que está escura e em silêncio. Os dois entram na sala.
GONÇALO – Mas, onde estamos…? Está tão escuro…ai…que medo!
GUIGAS (ri) – Não tenhas medo…já vou acender a Luz.
(De repente abrem-se as cortinas, e todos gritam):
TODOS (sorridentes) – Muitos parabéns, Gonçalo!
NARRADORA – Todos batem palmas, com os olhinhos a brilhar de felicidade e de carinho. Gonçalo fica boquiaberto, com um grande sorriso, saltita de alegria, olha em volta, e cada um dos amigos e amigas dá um abraço e beijos e prendas ao Gonçalo. Gonçalo abre feliz, e retribui o carinho dos amigos.
GONÇALO (feliz) – Pensei que se tinham esquecido dos meus anos.
TODOS (riem) – Claro que não.
GONÇALO (feliz e sorridente) – Avó…Avô…?! (p.c) Eu não sabia que iam fazer-me uma festa. (p.c) Ááááhhh…está tudo tão bonito! (p.c) Muito obrigado. (p.c) Vocês são mesmo os meus melhores amigos.
TODOS (sorridentes) – Adoramos-te.
GONÇALO (sorridente) – Muito obrigado. Adoro-vos.
HUGO (grita) – E siga a festa…
NARRADORA – Começa a música, o Gonçalo abre o resto das prendas, todos dançam alegremente, saltam, batem palmas, rebolam, fazem habilidades para o Gonçalo, riem muito, comem, bebem,
GONÇALO (sorridente) – Humm…só coisas boas! (p.c) Está tudo delicioso.
NARRADORA - Os Avós tiram fotos, e brincam ao ar livre, todos juntos. Chega a hora do bolo. Todos cantam os parabéns, e comem o bolo. Gonçalo e os amigos estão todos muito felizes, dançam…e a festa dura até à noite. Os pais do Gonçalo ficam surpresos e maravilhados, e Gonçalo recebe mais duas prendas.
MÃE (sorridente) – Que linda que está esta sala. Parabéns, meninas.
MENINAS (sorriem) – Obrigada.
AVÓ (ri) – Não sobrou nem migalha.
MÃE (ri) – Comeram tudo?
TODAS (sorriem) – Tudo.
KIKINHAS (sorridente) – Estava tudo tão bom!
GONÇALO (sorridente) – Esta foi das melhores festas de anos que já tive, com os meus amigos.
(Todos batem palmas).
MÃE (sorridente) – Obrigada, queridas e queridos.
TODOS (sorridentes) – De nada.
LUIZINHA – Nunca nos íamos esquecer dos anos de um amigo tão lindo e tão querido, e simpático como o Gonçalo.
NARRADORA – Todos ajudam a acomodar o lixo, e colocam-no nos respectivos sítios.
GONÇALO – Meninas, e meninos…amanhã brincamos com as prendas que me deram, está bem?
TODOS (sorriem) – Sim. Está bem.
GONÇALO (sorri) – Adorei tudo. Muito obrigado.
NARRADORA – À saída, todos abraçam Gonçalo e as meninas dão também dois beijinhos. E vão descansar, depois de um dia cheio de coisas boas, surpresas, prendas, danças, comida e bebida, e muita alegria. Que bonito gesto, que os amigos tiveram para com o Gonçalo! Não foi? E vocês gostaram da festa? O que ofereceram ao Gonçalo? Ele gostou? O mais importante é que lhe fizeram uma surpresa, e lembraram-se dele. Isso é ser amigo…e muito mais importante do que dar prendas, é dar a nossa amizade, e partilhar com quem mais gostamos, estas datas tão importantes: a família e os amigos verdadeiros. Vocês também fazem festas de anos com os vossos amigos? Vocês convidam os vossos amigos, e são convidados? Se pudessem faziam uma festa surpresa a algum amigo? E o que haveria nessa festa? Que petiscos poriam na mesa? O que ofereceriam ao vosso amigo (a)? Podem desenhar, ou fazer uma composição sobre isto, e partilhar com os vossos amigos. Mas lembrem-se sempre dos amigos! É muito bom ter amigos.
FIM
Lara Rocha 
(8/Fevereiro/2013)



domingo, 3 de fevereiro de 2013

MONÓLOGO: COMO SOMOS INOCENTES! (Para Adolescentes femininas)


ADOLESCENTE - Como somos inocentes, na Adolescência! Aquela fase entre a Infância e a Idade Adulta. Só em idade, porque as atitudes, ainda temos muitas da infância. Além de todas as alterações físicas e emocionais, hormonais ou lá o que quiserem chamar…a que estamos sujeitas, ainda somos inocentes! E como! Mas ainda somos mais ridículas e inocentes quando estamos apaixonadas…já pensaram? Acreditamos no príncipe encantado da Cinderela, Branca de Neve ou Bela Adormecida…acreditamos que os romances são como os das histórias que nos contaram, e que nos faziam pensar que ia ser realmente assim. Vemos esse príncipe no primeiro palerma que se aproxima de nós, e vem com duas tretas…só porque até agrada aos olhos, os nossos neurónios parece que ficam anestesiados pelo bafo do bom falador! Não é? O problema é que o bom falador, e a carinha bonita é muitas vezes uma armadilha…tudo não passa de um belo fogo de vista…e o nosso coração inocente…acredita…nas palavras que nos soam a música romântica, e ficamos tão embaladas que não somos capazes de ver o verdadeiro sapo que está debaixo daquela máscara de príncipe! Porque no inicio é tudo muito bom…muito bonito…sentimo-nos…como as estrelas de cinema, aquelas atraentes, que têm montes de gajos a gostar delas…umas princesas que encontraram o seu príncipe encantado! Damos passeios à beira mar…de mãos dados, abraçados, ao pôr-do-sol…ou dançamos à luz da Lua Cheia, e jantamos à Luz das velas…Que lindo! Os beijos que trocamos, fazem-nos flutuar…sentimo-nos desejadas, queridas, especiais…e não raras vezes, até provocamos inveja nas nossas amigas que não têm namorado…achamo-nos as maiores e as melhores. Eles chamam-nos «amor», «querida», «linda» …elogiam o nosso físico, não raras vezes, a olhar para as outras que passam, mas fazem-nos acreditar que gostam de nós, oferecem-nos algumas coisas giras…que todas gostamos…saímos, vamos ao cinema, ao café, almoçar fora…às vezes até fazemos altas cenas na rua, para que toda a gente veja que somos alguém, e que prestamos…e acima de tudo, mostramos a quem passa que somos alguém, e que prestamos…que temos namorado…que nos amamos. Sim, rompemos as palavras «Amo-te muito…» que dura o tempo suficiente até nos chatearmos, por ele olhar para outras, ou por ele não nos ter ligado, ou por ele não nos dizer coisas bonitas…Quando nos chateamos, pensamos que é o fim do mundo…transformamo-nos em Julietas, Madalenas arrependidas…é uma tragédia apocalíptica! Até pensamos que se nos suicidarmos vai ser a solução para a tristeza, principalmente quando ele, ou nós acaba (acabamos) o namoro. O namoro que pensávamos ser…para o resto da vida, que ele é o homem da nossa vida, e que íamos ser felizes para sempre…acaba ao fim de poucos dias…apenas enquanto dura o desejo, enquanto as hormonas estão quentes, e enquanto há algum fogo. Ficamos de rastos…mas às vezes também só acontece até encontrarmos outro…sapo alado que vem com capa de príncipe, que até parece diferente do outro, e que até se mostra compreensivo, ou…com pena…ou insulta o ex pelo que fez! E também esse sapo mascarado de príncipe faz-nos sonhar outra vez…com as palavras bonitas, os carinhos…as promessas, que acreditamos serem realmente verdadeiras…e acreditamos que ele nos ama…só porque o diz. Diz, mas na hora da verdade, quando a máscara de príncipe cai…o sapo revela-se…e nós…voltamos a cair….e a deixarmo-nos levar por…palavras…e pelas lindas carinhas que os nossos vêem…! Verdade? Pois…na hora e durante alguns dias, ou…o tempo que vai do fim desse namoro, ao conhecimento de outro e namoro comece…e com outros…o mundo cai-nos em cima, mas esquecemo-nos rápido das mágoas, e voltamos ao mesmo. De sapo para sapo, entregamo-nos sempre, mesmo depois da desilusão. A nossa auto-estima, fica abaixo de zero…até que vem outro, e tudo muda…até que acaba e é outra vez a tragédia. Mas estamos sempre a cair no mesmo. Toda a gente diz que isso é bom, é assim que crescemos…sim…pode ser…é verdade…mas esquecem-se da dor. Às vezes fazemos uma coisa ainda pior…somos ainda mais inocentes…e mais idiotas…ridículas…quando nos envolvemos com o príncipe…num estado de êxtase total, de loucura, prazer, e…álcool…em noites de amor…dizemos nós que são de amor…! Sem protecção porque não pensamos, não queremos perder tempo a pensar. Queremos, é…acender a fogueira da paixão e sentir aquelas coisas todas…e não desiludir o sapo…quer dizer…ainda príncipe…para que ele não fuja. Achamos que podemos estar descansadas porque nos amamos, e a não vamos engravidar…! Não…! Isso é só para as adultas. A noite é nossa, a cama é nossa…o corpo é nosso, o homem é nosso. Toda a gente faz isso…os outros amigos já o fizeram várias vezes, e até com mais que um namorado, ou namorada, e não engravidaram…nem nada. Achamos que estamos bem informadas…e…bem…podemos estar porque realmente falamos nisso tudo, nas aulas de ciências, e noutras disciplinas. Fala-se de sexualidade, de aparelho reprodutor, de pílula contraceptiva, pílula do dia seguinte, preservativo…na teoria sabemos tudo e sabemos que temos de ter cuidados para não apanhar doenças, e para não engravidar… o pior é que…chega a hora do desejo, e o fogo da paixão não permite pensar em tudo o que aprendemos. E não queremos saber de protecção. Tudo o é muito bom…o príncipe faz-nos ir à Lua…em noites loucas. O pior…é quando descobrimos que…o esquecimento trouxe-nos algo que não estávamos à espera…um presente envenenado…a recompensa…isto…um bebé! É verdade! Quando pensávamos que estaríamos com uma intoxicação alimentar, ou uma gastroenterite…dizem-nos que…estamos grávidas. O quê? Não pode ser! Achamos nós…deve haver algum engano…é só uma intoxicação alimentar. Pois…sim, claro. Então…veja aqui…! Explode uma bomba na nossa cabeça. E aí, sim…lembramo-nos…aquelas noites de fogo…e álcool, no meu caso…engravidar é só para as adultas…claro…! Não nos acontece nada…não…só aparece um bebé. E agora? Gelamos. E mil milhões de perguntas invadem a nossa mente…e agora…? O que fazer…? Como é que vai ser…? O pai do bebé…? Ele vai aceitar ou abandonar-me…? E se me abandonar…? Como é que eu agora vou estudar…e como é que vou sustentá-lo? E agora…levo a gravidez adiante…? Mas…e agora…e agora…? Pois…não sabemos nada! A minha mãe primeiro ficou em estado de choque, mas depois, disse que me ia ajudar, pois o bebé não tinha culpa da minha ignorância. E tinha razão. Como eu fui ignorante. O pai do meu filho não assumiu a gravidez…é sempre um risco muito provável, e é o que mais acontece…mas esquecem-se que não fazemos os filhos sozinhos. Eu não tinha condições, mas tive de as criar, ele não tinha e não as criou. Não quis saber mais de mim. Disse-me que a culpa foi minha. Claro…é sempre culpa das mulheres…só que esquecem-se que são tão…ou mais ignorantes que nós. Também fizeram sem pensar, cederam ao calor do desejo e da paixão. Eu…com idade para bonecos…e agora…com um boneco de carne e osso nos braços. Além disso, os comentários que ouvi, e críticas dos olhares que passavam. Não foi fácil, e não está a ser fácil, ainda por cima, criá-lo sozinha, sem o pai do bebé…agarrei-me à força do meu amor, pelo meu filho…mas tenho momentos muito mais. E se fosse agora…não teria cedido ao calor da paixão e do desejo. E teria exigido que nos envolvêssemos com protecção, caso ele não quisesse…teria acabado tudo! É isso que devem fazer, meninas, aqui presentes…não se deixem levar pela conversa e pela boa apresentação do príncipe…pois…não estão livres de vos acontecer o mesmo que a mim, e a muitas outras adolescentes…terem um nenuco verdadeiro, de carne e osso, nos braços. Na Adolescência, é bem melhor ter muitos nenucos de brincar, pois pelo menos esses não vos chateiam, nem choram, nem tem fome, nem vos dão gastos, nem canseiras, nem vos tiram o descanso… é uma prisão, e uma enorme responsabilidade. Na Adolescência, é mais fácil, e muito melhor suportar a dor dos desgostos de amor, que são passageiros, e a dor por ele vos ter deixado, do que fazer a vontade ao sapo, e ele cair fora. Não façam o mesmo que eu…e que muitas outras adolescentes…mães…aproveitem os namoricos…isso é bom, faz-vos crescer, mas acima de tudo, não cedam às pressões dos outros…não façam só porque os outros já fizeram e não engravidaram…não se fiem nisso! Nunca temos a certeza que isso não vai acontecer, portanto o melhor mesmo é não facilitar. E uns príncipes que conhecemos, quase nunca são aqueles para o resto das nossas vidas…rapidamente se podem transformar em sapos. Não se deixem levar pelas palavrinhas que nos soam a melodias românticas. As relações não são fáceis, e não é com meia dúzia de troca de palavras que se conhece um príncipe ou um sapo. Não tenham pressa. Pensem muito bem, antes de fazer esta asneira que eu fiz, sem pensar. Se os outros fizeram, é problema deles, vocês não têm que fazer o mesmo, se essa não for a vossa vontade. Se fosse hoje, eu teria pensado muito bem antes…e teria usado protecção, ou se ele não quisesse…nem sequer o teria feito…eu é que o deixaria. Ter um bebé nos braços, com esta idade, não é fácil. Temos muito trabalho, muita dedicação, não temos horas de sono, nem para olhar por nós…é tudo para o nenuco de carne e osso! Claro que amo o meu filho, desde que soube que ele existia, mas se fosse hoje, nada seria da mesma forma, e ele não existiria. De facto…somos mesmo muito inocentes. Mas temos de ser maduras para este tipo de coisas. Não se precipitem…sejam inocentes, mas de forma saudável, e muito cuidado com os príncipes que são na verdade…sapos horrendos. A protecção não vai mudar os sentimentos que existem entre vocês, muito pelo contrário, nem vai estragar a vossa relação, muito pelo contrário. Dêem-se ao respeito, e não cedam às pressões e tretas dos príncipes mascarados de sapos. Se eles não aceitam, não faz mal…vocês suportam a dor do coração partido, que passará…mas um filho…por causa de inconsciência, não passa, nem o martelo que me tortura…devias ter pensado antes…pois…o devia não resolve a situação. O melhor mesmo é não chegar a esta agonia constante do devia…e da situação de ter um bebé nos braços…alguém tão dependente que depende completamente de ti para tudo. Deixas de ter vida própria, deixas de poder olhar por ti…! Um bebé não é um nenuco de brincar. É uma pessoa…como tu…e tu também já foste bebé. Muito cuidado…pensem muitas vezes antes de vos acontecer isto.

FIM
Lálá
3/Fevereiro/2013

sábado, 2 de fevereiro de 2013

O PONTO DE INTERROGAÇÃO



         Era uma vez um menino muito envergonhado. Tão envergonhado que corava dos pés á cabeça. 
        As suas bochechas pareciam que iam rebentar de tão vermelho que ficava quando a professora lhe perguntava alguma coisa. 
       E o mais triste é que o menino sabia responder, e muitas vezes queria mesmo perguntar muitas coisas, mas por ter tanta vergonha e tanto medo, nunca perguntava. 
      Todos os outros meninos da sala, faziam perguntas à professora, quando não percebiam alguma coisa, ou quando queriam saber mais sobre o que se estava a falar na aula.
       Um dia, numa aula, o menino viu um ponto de interrogação no caderno, e não sabia o que era aquilo.

Perguntou baixinho ao ponto de interrogação:
- O que é isto?
    O ponto de interrogação riu. O menino arregala os olhos, muito surpreso, pois nunca tinha visto um ponto de interrogação a rir no caderno dele.
Estás a rir – te? - pergunta o menino, baixinho 
Sim, porquê não posso?
Podes, mas quero saber porque é que te estás a rir?
Estou a rir-me da tua cara.
E isso é coisa que se faça?
Sim, pode faze-se.
Não. Não, se pode fazer…
Porque não? - pergunta o ponto de interrogação 
Porque isso é gozar com os outros, e é mau.
Não tem de ser gozar com os outros.
O que é que fazes no meu caderno?
A tua professora pôs-me aqui.
Porquê?
Pergunta – lhe! - ri o ponto de interrogação 
Óh, não…não posso perguntar-lhe. - diz o menino nervoso 
O quê? Mas porque não?
Porque não posso…
Não podes porquê? Que disparate. Toda a gente pode perguntar, e deve perguntar, quando não sabe alguma coisa. Não te vão bater por causa disso.
 – Óh, é uma vergonha perguntar…toda a gente pensa que somos burros, se não sabemos, ou se respondemos mal.
Burros…? (p.c) E onde estão eles…?
Andam lá fora, claro.
Por momentos pensei que andassem na escola…que susto!
Não, não estou a falar desses burros…a quem pergunta, e a quem não sabe responder é que chamam burros, e riem, e gozam. - ri o menino 
Mas que palermice! Quem é que disse isso?
É o que todos os grandes dizem.
Que coisa mais irreal. - comenta o ponto de interrogação 
O que é isso?
Isso o quê?
Isso que disseste…!
Irreal?
Sim.
Pergunta à tua professora.
Ai, não. - diz o menino a tremer 
Não o quê?
Não vou perguntar…diz-me tu.
Não digo.
Vá lá…!
Pergunta tu. A professora está aqui é para vos responder ao que querem saber, e ao que não percebem.
Não sejas mauzinho…!
Tu é que estás a ser mauzinho, ao não saberes, e ao não perguntares à tua professora.
É que…eu tenho muita vergonha de perguntar. - confessa o menino, envergonhado 
Mas qual é a vergonha…? Não estou a perceber…
Eu não quero que os outros percebam que eu não percebo ou que não sei muitas coisas.
E estás preocupado com os outros?
Sim, porque eles gozam-me.
Olha, e eles sabem tudo é?
Não sei…talvez.
Achas mesmo?
Acho…
Ai, eles não fazem perguntas à professora?
Fazem.
E então…o que é que lhes acontece ao perguntar?
Nada.
Enganas-te…ao perguntarem, estão a aprender…e isso é muito bom! É o que te vai acontecer quando perguntares.
Mas eu tenho muita vergonha.
Não entendo porquê.
Porque, porque…olha porque…sou muito envergonhado.
Mas não tens que ser envergonhado. Queres perguntar, pergunta…a professora não te vai morder, nem ralhar…aliás até vai ficar muito feliz, se perguntares.
Feliz, por eu não saber nada…?

Sim, claro. Porque ao perguntares-lhe, ela vai ensinar-te alguma coisa, vai explicar-te alguma coisa que não entendas, estás a dar-lhe valor, e trabalho…aliás essa é a sua função…ensinar! Mas para os meninos aprenderem têm de perguntar muitas coisas…se não perguntam, a professora também não sabe se estão a aprender, e a perceber o que ela está a dizer. (p.c) É por isso que ela às vezes também vos faz perguntas, para ver se estão interessados, e se estão atentos a aprender.
Ai é?
Sim, claro. Achavas que a professora estava aqui só para enfeitar a sala…? Para isso punham bonecos ou plantas. (Os dois riem). Ela está aqui para vos ensinar…e como é que aprendem…? A fazer perguntas, quando não sabem, ou quando querem saber alguma coisa mais sobre o que estão a falar
Mas…e os outros?
Os outros não têm de se pronunciar…querem perguntar, perguntam…não querem, não perguntam. Mas tu queres perguntar, pergunta. Esquece os outros. (p.c) Experimenta. Tenho a certeza que a professora vai ficar muito orgulhosa de ti.
Aaaaiii…que vergonha.
Vai…deixa-te de coisas. Vergonha é querer perguntar, e não perguntar por vergonha…! Entendeste?
Ááááhhh…acho que não.
Queres que eu repita?
Sim, se faz favor…!
Pergunta à tua professora…ih, ih, ih…! Sem vergonha.
Ai…!
O que foi, dói-te alguma coisa?
Ai, não…mas estou nervoso e envergonhado.
Deixa-te de coisas, e pergunta de uma vez…!
Vou tentar…
Não. Tu vais perguntar.
Está bem…vou perguntar.
Pergunta.
Vou perguntar…
Pergunta o que é que estou aqui a fazer no teu caderno.
Está bem.
O menino, enche-se de coragem e levanta o dedo.
Sim, querido…?! - diz a professora a sorrir 
Desculpe, professora. - diz o menino envergonhado 
Diz…!
Posso – lhe perguntar uma coisa…?
Óh, filho…quantas quiseres…! Pergunta…! - ri a professora 
Boa…pergunta. - incentiva o ponto de interrogação 
Porque é que a professora pôs aqui…um ponto de interrogação no meu caderno?
(O Ponto de Interrogação aplaude, feliz e sorridente)
Porque não percebi o que tu escreveste aí. (A professora aproxima-se dele) Ora lê para mim. (O menino lê) Muito bem. Eu entendi que fosse isso, mas fiquei na dúvida.
A professora também tem dúvidas…? - pergunta o menino, surpreso 
Óh, óh querido, claro que tenho dúvidas, e muitas. Todos os dias. - diz a professora a rir 
Áh, pensei que eram só os meninos. 
Isso é que era bom…Toda a gente tem milhares de dúvidas, todos os dias, e olha que algumas dúvidas são mesmo muito difíceis. - ri a professora 
E a professora também faz perguntas?
Claro que faço…! Todos fazemos.
E porque é que a professora faz perguntas?
Para encontrar uma resposta para as minhas dúvidas. E vocês, meninos, também me fazem perguntas para tirar as vossas dúvidas, não é? Quando não percebem alguma coisa, ou quando não sabem.
A professora não tem vergonha de ter dúvidas?
Claro que não, meu amor…não é vergonha nenhuma ter dúvidas, nem perguntar. - ri a professora 
A quem é que a professora faz as perguntas para tirar as suas dúvidas?
Olha…a muita gente que está à minha volta…aos meus amigos, aos meus pais, aos meus avós, aos meus irmãos…ao meu marido…e a colegas…a muita gente.
Áh…! Não sabia…pensei que os professores não tinham dúvidas, e que sabiam tudo. - diz o menino a sorrir 
Não…não sabemos nada…sabemos algumas coisas…mas também temos muitas dúvidas, e fazemos muitas perguntas. E olha, às vezes as respostas às nossas perguntas só aparecem nos livros. - ri a professora 
Eu pensei que quem fizesse perguntas, era porque não sabia nada…! E que era burro.
Não, meu filho…os burrinhos estão nos campos. - ri a professora 
Desculpe tanta pergunta. - diz o menino a sorrir 
Não tens que pedir desculpa…pergunta o que quiseres, quantas vezes quiseres…gostei muito que me tivesses perguntado!
Está bem.
Não fiques com as dúvidas…se eu não te souber responder logo…procuramos juntos, ou trago-te no dia seguinte, está bem?
Está bem, professora.
É assim que aprendemos. A perguntar. (p.c) Tens mais alguma pergunta a fazer-me?
Não, professora, para já não. Obrigado.
De nada…! Eu fico sempre muito contente que me façam perguntas…é sinal que estão interessados na aula, e que querem saber mais.
Pois é.
(A professora vira costas)
Muito bem, estás a ver como não custou nada?! - comenta o ponto de interrogação, feliz 
Pois…tinhas razão. - confirma o menino a sorrir 
E viste como ela ficou feliz por teres perguntado?
Sim, pois foi. - diz o menino sorridente 
Como viste…ela é professora, tem muitas dúvidas, e faz muitas perguntas…não sabe tudo.
Sim, pensei que os grandes sabiam tudo.
Claro que não sabem tudo…é por isso que eu existo…e sou muito requisitado. Felizmente! - ri o ponto de interrogação 
Boa…consegui deixar de ter vergonha e perguntar uma coisa que eu não sabia. - diz o menino orgulhoso 
Boa. Parabéns!
E os outros não me gozaram.
Claro que não, nem tinham que gozar…também não sabem nada…! Eles gozavam-te era por não perguntares.
(Os dois falam mais um pouco)
        É isso mesmo…a partir deste dia, o menino que era muito tímido, que tinha medo de fazer perguntas, e ficava muito envergonhado, tornou-se capaz de fazer perguntas, sem vergonha, e sem ficar nervoso…e aprendeu muita coisa! 
      Os outros meninos passaram a admirá-lo e a ajudá-lo, quando sabiam as respostas. Lembrem-se, meninos…todos nós, eu…vocês…os vossos pais, os avós…e os professores…todos temos muitas dúvidas. 
   Todos fazemos muitas perguntas uns aos outros, e só assim é que ficamos a saber muitas, muitas coisas importantes. 
      Quando não souberem alguma coisa, quando não perceberem, ou quando quiserem saber mais…perguntem, e não se preocupem se os outros se rirem…se o fizerem são porque estão felizes por vocês perguntarem como eles, e não estão a gozar convosco. 
  Vocês também fazem perguntas ou têm vergonha de fazer perguntas? Vergonha…é não perguntar!
FIM
Lara Rocha 
(2/Fevereiro/2013)